O setor de Saúde está se aproximando de uma fase de grandes mudanças. Aproximando, talvez não seja a palavra mais precisa, pois já estamos vivenciando fatos disruptivos a nossa volta.

 Nós estamos acostumados a pensar em “evidencias” da efetividade como razão dos resultados de estudos clínicos e estudos pós-comercialização que demoram anos para progredirem. Agora, através da coletânea de dados no “mundo real” nós podemos obter as evidencias em escala populacional em horas, dias ou no máximo em semanas.

Hoje podemos identificar a extensão a qual circunstancias externas como falhas de tratamento, não aderência a necessidades e modificações de dieta e hábitos, podem influenciar os resultados. Como consequência, nós podemos contemplar novas estratégias que podem ajudar os pacientes a minimizar estas falhas.

 Profissionais de saúde estão acostumados a ver seus pacientes nos consultórios ou hospitais, e após um exame ou procedimento, orientar os pacientes ao que fazer e então esperar até o próximo retorno para entender como o plano de tratamento funcionou. Agora estes profissionais de saúde podem estender seu envolvimento com os pacientes além do consultório, hospitais ou clinicas, acompanhando seu progresso em tempo real e ajustar o tratamento conforme necessário.

 Em outras palavras, nós estamos vendo um racional emergindo para mudar de uma abordagem baseada em ações executadas (input-based), como pacientes vistos ou medicação ou aparelhos vendidos, para uma abordagem baseada em resultados (output-based), e como resultados entendemos “pacientes com o melhor resultado de saúde”.

E na literatura de economia, existe uma distinção clara evidenciando que os pagamentos baseados na abordagem em ações executadas, existe um incentivo adverso para “enxugar” ou seja, fazer o mínimo possível e receber a mesma compensação. Quando o pagamento é baseado em ações baseadas em resultados, existe o incentivo para otimizar a produtividade e maximizar os benefícios do “sistema”.

 Também não é surpresa que o poder do paciente como consumidor está evoluindo. Há 100 anos atrás, os cuidados com a saúde eram largamente inacessíveis à maioria das pessoas, incluindo as economias ricas. Nos últimos 50 ou 60 anos os empregados de empresas privadas e publicas, de certa forma obtiveram mais acesso , através da regulamentação e programas de reembolso, credenciamento de serviços e profissionais de saúde, orientações e protocolos clínicos, assegurando estas pessoas o acesso aos serviços de saúde como “benefícios”.

Agora, estamos entrando em uma fase quando as prioridades de um paciente com uma condição médica específica pode dirigir uma determinação real do valor da terapia.

Dirigentes da indústria de Life Sciences e aqueles com expertise em outras áreas de tecnologia terão que pensar de forma diferente, alargando seus horizontes para trabalhar em harmonia com pessoas e organizações que nunca foram seus parceiros, e com novas prioridades imediatas.

 Existe uma oportunidade real de formatar o futuro, ao invés de ser formatado por ele. Para que isto aconteça, entretanto, mais do que algumas pessoas terão que mover rapidamente e longe de suas zonas de conforto.

 Isto não é sobre responder a uma mudança de ambiente fazendo mudanças estratégicas incrementais. Não é tão pouco sobre reagir ao crescimento, pressões de custo e/ou uma mudança significativa nas dinâmicas de competitividade. Isto é sobre como determinar o papel que suas organizações terão em uma indústria definida de forma mais larga que está repensando como criar e recompensar valores e mesmo que “valor” significa.

 Fica um pensamento: Precisamos formatar o futuro, antes que o futuro nos formate.