Estamos todos de olho no governo, nas instituições públicas e privadas e empresas em geral, muito se fala em combate a corrupção, violência* e demais mazelas da sociedade brasileira. Realmente um cenário preocupante, que é composto por guerras ideológicas, culturais, religiosas, de etnia e gêneros, disputas por razões muitas vezes insignificantes e até mesmo por animais de estimação e abandonados. Pessoas se processando como se fosse água vazando por canos partidos, algumas de forma coerente e séria, outras ainda com o sonho de enricar as custas da justiça, pedindo valores astronômicos sem nenhum sentido nas suas peças jurídicas.

(*)http://www.ipea.gov.br

           Travam-se batalhas nas ruas, nos ambientes familiares, corporativos, militares, públicos e principalmente no virtual, que se tornou uma das principais fontes de pesquisa e discussão do mundo moderno, uma ferramenta, se assim podemos chamar a internet com a sua grande abrangência global. Pois sim, o mundo aos nossos pés, teoricamente cabendo ao ser humano fazer suas pesquisas, buscar as informações e se nutrir de conhecimento, fator importante para alcançar diversos objetivos na vida.

           Então após essa breve introdução, precisamos pensar na nossa matriz de riscos pessoal, como vamos nos proteger e tomar as decisões corretas na vida, equilibrar opiniões nas discussões, observar com segurança e discernimento o que vem acontecendo no Brasil, quais informações devem-se entender como sérias e fieis de confiança. As famosas “fake news”, ganhando cada vez mais espaço entre as pessoas, causando uma centena de vieses que prejudicam muito os indivíduos, organizações em geral e trabalhos sérios de profissionais de extrema competência.

“Cerca de 12 milhões de pessoas difundem notícias falsas sobre política no Brasil, de acordo com levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo (USP). Se considerada a média de 200 seguidores por usuário, o alcance pode chegar a praticamente toda a população brasileira. O dado é resultado de um monitoramento com 500 páginas digitais de conteúdo político falso ou distorcido no mês de junho.” – O Estado de SP, 17/10/2017.

           Mediante apresentação dos rápidos exemplos deste artigo, como devemos elaborar nossa matriz pessoal de riscos, o que devemos levar em consideração para se antecipar aos fatos que podem impactar negativamente nossa vida profissional, social, cultural ou frente a amigos e familiares, como atrelar uma boa condição de preservar a ética pessoal, ou ainda, nos proteger da violência, notícias falsas e ataques virtuais, como por exemplo, desvio de dados cadastrais e golpes cibernéticos financeiros, atualmente milhares de indivíduos e organizações sofrem com esse tipo de crime.

Nestas duas matérias do mesmo dia, O Fantástico da TV Globo aborda o assunto com muitos exemplos e ilustrações, inclusive uma das pessoas que contribuiu com a matéria dos hackers é um profissional da área de consultoria em tecnologia da informação, que infelizmente foi vítima de um dos golpes.

           Quando construímos uma matriz de riscos, dois fatores importantes são os ambientes internos e externos, os internos são elementos que estão ou pelo menos deveriam estar controlados, ou seja, não dependem de nenhuma situação, apenas da própria interação. Já os externos, não dependem de vontade própria, onde por vezes são complicados de tratar, mas, mesmo assim existem maneiras de mitigar estes riscos e cuidar para que as vulnerabilidades se mantenham em níveis aceitáveis. Ou melhor, antecipar alguns acontecimentos para evitar surpresas desagradáveis, vide a situação dos crimes cibernéticos, impossível de eliminar todos os hackers ou crackers da face da terra, no entanto, diversos profissionais e organizações da área de tecnologia de informação possuem dados orientativos e ferramentas específicas para proteção, ainda há muito material sobre o assunto que é divulgado e facilmente encontrado, por exemplo, não emprestar ou digitar seu login e senha sem ter certeza do ambiente que se está navegando, não clicar em links desconhecidos, não abrir arquivos de origem não confiável, prestar atenção nos convites e conexões em redes sociais, não expor dados importantes em ambientes de acesso público, e muitas outras ações que podem evitar os impactos em relação à proteção.

           Certamente a proteção digital é um forte elemento que deve fazer parte da matriz de riscos de qualquer pessoal atualmente, pensando em alguns pontos importantes.

           Considerando a matriz neste caso, onde, probabilidade é a possibilidade calculada do acontecimento e o impacto é o efeito sobre você, por exemplo. Qual seria a probabilidade do seu aparelho móvel ser hackeado*? E se isso acontecer, qual seria o impacto sobre você?

           Talvez as pessoas não consigam calcular estes fatores ou liga-los diretamente, mas, de fato, elas sabem que seria um baita problema em termos de informações confidenciais, exposição de fotos, vazamento de contatos, entre tantas outras situações.

Minha ideia aqui não é escrever como evitar os riscos, e o exemplo de crimes cibernéticos serve apenas como uma ilustração, minha real intenção é trazer a reflexão de como podemos nos proteger e evitar sérios problemas com nossas vulnerabilidades do dia a dia. É exatamente isso que a gestão de riscos trabalha nas organizações, onde, nas devidas proporções podemos antecipar ocorrências, reduzir vulnerabilidades e gerar níveis de proteção através de mudança de cenário, plano de ação e medida de contingência.

Voltando ao nosso exemplo, lembram que anteriormente falei sobre ambiente interno e externo, aqui temos a maioria sendo fatores internos, dos quais, com possibilidade de intervenção direta, vejamos: 1-Educação, 2-Ética, 3-Saúde e bem estar, 4-Família e amigos, 5-Exposição social e financeira, 6-Vida profissional e 7-Compliance pessoal. Nós somos donos destes itens, onde, com ou sem dificuldades cotidianas é razoavelmente possível trabalhar estas situações.

Já para os fatores externos: 8-Violência, crimes diversos, inclusive digitais e 5-Exposição social e financeira (caso seja alguma pessoa pública ou ligada aos meios artístico, esportivo, científico, etc.), estas sim podemos considerar situações incontroláveis, que escapam diretamente das nossas principais ações, no entanto, é possível criarmos medidas no intuito de reduzir ou mitigar respectivamente e suas probabilidades e impactos, conforme pensamos na matriz de riscos pessoais.

Por fim, considero frisar que este é apenas um exemplo para ilustrar o quanto podemos estar em compliance com nossas atividades e vida, sem a intenção de criar teoria, nova filosofia ou implementar modelo de autoajuda a quem quer que seja. Como autor realmente espero que seja apenas pauta para profundas reflexões, onde sendo de fato reflexão importante e válida, quem sabe providencias conforme o modelo da matriz de riscos de vossas vidas. 

(*)Hackeado: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-42763619

Maurício Roncato Piazza – Executivo de Compliance e Gestão de Riscos Corporativos com carreira profissional empreendida em mercado regulado. MBA em Gestão de Riscos com especialização em combate a fraudes e corrupção, gestão da continuidade de negócios, investigação e inteligência corporativa.

Grande experiência gerencial na área de Compliance e Gestão de Riscos Corporativos que engloba: Gerenciamento de equipe multidisciplinar de auditoria interna baseada em riscos, integridade, segurança e inteligência corporativa, implementação de programa de compliance com treinamentos e desenvolvimento da alta administração, colaboradores e parceiros e fortalecimento de cultura ética das organizações.