Certa vez um possível cliente me ligou e disse: sou fulano, da empresa tal e gostaria de agendar uma reunião para tratar de um projeto que queremos implantar aqui. Pode vir até nós?

Na época morava em São Paulo e a empresa era em outra cidade próxima, mas teria que pegar estrada, trânsito na saída e retorno à capital, pagar pedágio, etc. Mas fui! Aliás, fui muito bem atendido.

 

Passou algum tempo e o tal projeto não aconteceu. Ok, faz parte da vida de qualquer consultor, palestrante, prestador de serviços, etc. Há quem cobre pela visita ou despesas de viagem nestes casos. Não é a minha prática.

 

Acontece que uns dois meses depois eles me ligaram novamente. Agora para tratar de outro assunto que não poderia ser por telefone. Insisti em agilizar nossa conversa, mas tinha que ser pessoalmente, segundo o possível contratante. Lá vou eu novamente enfrentar estrada, trânsito, pedágio, etc.

 

A proposta era para eu fazer duas palestras grátis para um grupo de profissionais de diversas empresas do mesmo segmento, que se reuniam mensalmente naquela cidade, e assim abrir a oportunidade de eu me apresentar para estas empresas. Cerca de 50 potenciais clientes. Pego de surpresa pela proposta inusitada (fiz muito isso no início da carreira), avaliei a situação e num primeiro momento achei interessante. Porém, o coordenador do tal grupo não pode comparecer a esta nossa reunião, e precisava me conhecer para validar a atividade.

 

Ainda meio atordoado com o impacto desta nova informação aceitei marcar nova reunião, neste mesmo lugar (estrada, pedágio, trânsito, etc.). No trajeto de volta para meu escritório, pensando em todo o ocorrido desde o início, tomei a decisão de mais uma vez tentar agilizar a próxima reunião por Skype ou telefone, afinal toda a despesa com estes deslocamentos, além do estresse e “perda de tempo”, estava somente na minha conta.

 

Não aceitaram, pois alegaram que o tal coordenador é quem tomaria a decisão final e ele fazia questão de me conhecer pessoalmente antes do evento.

 

Enfim, estrategicamente recusei uma nova reunião presencial. Logo depois fui novamente surpreendido com a notícia que eles simplesmente chamaram outro profissional, e não me deram qualquer retorno sobre isso.

 

Quais lições você tira desta história? Seja contratante ou contratado é preciso mais respeito. Por que complicar algo simples?

 

Vivemos numa época onde a agilidade é fundamental. Para isso, precisamos analisar não apenas a nossa necessidade, mas ter empatia para entender o lado do outro. Na teoria muita gente sabe o que é empatia. Porém, na prática falta muito para que ela esteja presente.

 

Costumo dizer da importância da simpatia e da empatia. Cada uma tem sua função. A simpatia nos ajuda a ser agradáveis às pessoas. É a famosa educação social, onde um simples “bom dia”, “obrigado” e “por favor” fazem muita diferença. Ser simpático com as pessoas é receber bem. É sorrir. É agir de forma agradável e sincera. No caso que contei acima, a pessoa que me atendeu na empresa foi muito simpática.

 

Entretanto, há uma diferença gigantesca em relação à empatia. Pois ela trata de enxergar o outro verdadeiramente. Compreender sua situação atual, necessidades, objetivos e emoções. É muito mais complexa. Exige muito mais esforço para ser efetivamente praticada. Principalmente porque faz com que a pessoa tenha que se desprender de seu ego.

 

Você já viu alguém passando por alguma necessidade, teve pena, mas não fez nada? Isso é muito comum. Parece que há uma trava que impede de agir, de ser espontâneo em ajudar quem não se conhece. Só desenvolvemos a empatia praticando diariamente.

 

No caso que contei, faltou muita empatia por parte do “possível contratante”. Você não acha? Contudo, tenho certeza que ele deve ter pensado o mesmo de mim. Assim, segue a vida.

 

Rogerio Martins é psicólogo, palestrante, escritor e um ser humano que busca o aperfeiçoamento contínuo, exercitando diariamente a simpatia e a empatia, e aprendendo com os erros e acertos de cada experiência.