Inicio esse artigo para tocar num tema que tenho visto em muitos posts pela rede. Como meu pai sempre dizia: “Onde á fumaça, há fogo”, e acredito que esse tema vale sim um artigo. Sempre recebo algumas consultas via Inbox de meus contatos com mais de 40 anos, questionando se a idade é um empecilho para a recolocação profissional e sempre tenho respondido baseado nas minhas experiências atuais, de que, pelo contrário, a idade não é um empecilho e que tenho notado, pelo menos na minha área, um aumento crescente de pessoas na população entre 35 e 45 anos. Porém, não são todas as empresas que contratam apenas pela mescla de habilidades, experiência e formação e sabemos que o mercado, de um modo geral, que segue muitos modismos tipo Geração (X, Y, Z, AA, AB....Milenialls e tal), por exemplo, podem não querer para um processo seletivo pessoas com faixa etária acima dos 40. Desculpem gente, mas é isso que tenho sentido baseado no termômetro da rede (sem generalizar, pois toda generalização é burra). Sabemos que a taxa de desemprego no Brasil está em números alarmantes e bombásticos: 12 milhões de pessoas desempregadas. Só que a conta não fecha: sabem por quê? Todos os dias compartilho, no mínimo, 100 vagas com meus contatos, todas que recebo de amigos ou que aparecem na minha time line. Ou seja, temos muita gente desempregada e muita vaga sem preencher. Outro dia tive acesso a uma pesquisa realizado por um colega de Recrutamento e Seleção que trabalha em uma grande Consultoria onde o mesmo me mostrou um fato preocupante: o “Time to fill”, ou seja, tempo para fechar uma vaga está em média de 58 dias. Para cargos executivos, pode chegar até 160 dias. Como isso pode ser possível, se temos 12 milhões de candidatos “À espera de um Milagre”, ou seja, o tão sonhado emprego? Algo realmente deve estar errado.

Agora quanto ao assunto cerne desse artigo: se realmente as pessoas com mais de 40 tem dificuldade para se recolocar, com as novas regras da previdência, os mesmos deverão trabalhar, no mínimo, mais 25 anos (para receber nem o teto). Será que alguém no congresso está avaliando isso? Melhor, será que alguém no congresso sabe o que é mercado de trabalho? Nosso presidente interino tem uma aposentadoria gorda desde 51 anos. Alguém, algum dia, já viu algum político com perfil no Linkedin. Não, e nunca verão, sabe por quê? Eles vivem em mundo à parte. Para quem gosta de séries como eu, são os 3% (série nacional da Netxflix) que vivem “Do lado de Lá”, em um mundo onde tudo é possível, através dos rios de dinheiro que ganham.

Quem é a favor de um projeto desses, nunca soube o que é acordar às 05h00min da manhã, trabalhar o dia todo e sair do trabalho às 23h00min, preocupado ainda com os relatórios de amanhã.

Essas pessoas não sabem o peso de um saco de cimento, o que é sentir o sol queimando e ardendo nossos trabalhadores guerreiros pelas lavouras brasileiras, o quanto é difícil limpar e faxinar uma casa, resumindo: não sabem o que realmente é um dia de trabalho dos 97% da população que vivem “Do lado de Cá”.

E o pior, esse trabalho, tão árduo e duro, vai ficando cada vez mais escasso com a idade, momento em que mais essas pessoas precisam.

O que o governo pensa em fazer com o Gap de 25 anos entre um profissional competente que não é tão mais bem visto pelos recrutadores (sem generalizar, pois temos muitas empresas que a idade não significa nada) e sua improvável aposentadoria?