Quando escrevo sobre o mercado de trabalho e os obstáculos que profissionais com mais de 40 a 45 anos enfrentam quando são demitidos, algumas pessoas até afirmam que o cenário não é bem dessa forma. Mas se está havendo inúmeras dificuldades de recolocação para profissionais mais jovens, entre 23 a 35, que perderam seus postos de trabalho em virtude da crise econômica que o país vem enfrentando, imagine para os profissionais mais “velhos”.

O depoimento abaixo relata os aspectos que são encontrados atualmente no mercado de trabalho de nosso país. Um país que em sua constituição abomina (pelo menos na teoria), todo tipo de discriminação seja por raça, sexo, cor, opção religiosa, opção sexual, política, formação e etc. Dizer que não há discriminação em virtude da idade de profissionais que acumularam experiência e conhecimentos em diversas áreas e profissões durante anos de trabalho, seria o mesmo que negar a realidade em que vivemos. Existe!  E por isso relato o depoimento de um profissional que passou dos 45 anos e praticamente está sem chances no mercado de trabalho ou por causa de uma política de departamentos de recursos humanos ou por políticas empresariais, que acham esses profissionais ultrapassados, verdadeiros “dinossauros” e não valorizam à competência, experiência e o conhecimento que poderiam agregar a ela.

Na maioria das vezes, quando uma empresa necessita de repor profissionais no seu quadro de funcionários, seus currículos nem avaliados são.

 E porque isso acontece?  - Será que é o medo por causa da idade? É melhor arriscar e investir em profissionais mais novos para cargos de gestão e liderança?  Quem irá treiná-los?

Entretanto, esse é o caso de um profissional que tem dado uma verdadeira aula de como transformar um aspecto negativo em um diferencial a seu favor. Vou relatar abaixo, mas vou mudar o nome para JOSÉ.

“Durante mais de 20 anos ele trabalhou em uma empresa até que um dia foi chamado para a famosa conversa de esclarecimentos e justificativas. Aquele momento em que o diretor da empresa diz que lamenta, fez de tudo para convencer a diretoria da competência e dedicação do JOSÉ, pra tentar mantê-lo, que era um profissional cobiçado pelos concorrentes, mas infelizmente a política da empresa de corte de custos e de reestruturação, ele foi incluído na lista de dispensas da empresa”. Mas é obvio que ele não ficará desamparado. Todos os seus amigos que mantiveram seus cargos na empresa, diga-se de passagem, que não perderam seus empregos, inclusive o próprio diretor, comprometeram-se em ajudar JOSÉ a encontrar uma nova recolocação em virtude de sua experiência e competência. É obvio que essa notícia não é recebida com prazer e alegria. De cabeça erguida José passou a oferecer seu bem maior para o mercado de trabalho: a experiência acumulada durante sua vida profissional. Em cada entrevista utilizava sua experiência para reverter à situação. Além de responder as perguntas, ele também fazia as perguntas. Ele havia passado por tantas situações que o próprio entrevistador ainda não conhecia. A entrevista se transformava em uma verdadeira aula de quem sabe o que acontece no mundo corporativo.

E o preconceito? É claro que houve como acontece com todos os profissionais que procuram emprego depois dos 45 anos, não foi fácil encontrar um novo emprego. Mas, o principal, foi ele não ter acreditado no preconceito que outros tentavam transformar em verdade absoluta. Pense e analise isso.

Um profissional com mais de 45 anos tem que saber enfrentar os problemas para conseguir um novo emprego. Ter problemas não significa ter a plena garantia de que não vai conseguir. Mas que não será fácil, não será.

Podemos observar, inclusive nos sites de consultorias de RH, que quando você cadastra seu currículo a principal, e podemos dizer até, à informação fundamental, é a data de nascimento. É essa informação que as empresas recebem, e analisaram em primeiro plano.

Quando você se candidata a uma vaga, não basta apenas ter um bom currículo com todos os detalhes de sua vida profissional, experiências, cargos exercidos, histórico das empresas, formação cultural, a IDADE vem em primeiro lugar. Aí é que está o primeiro quesito de corte de muitas empresas. Daí em diante, quando verificado à sua idade nada mais é avaliado, raramente os recrutadores vão analisar o restante, a menos é claro, que à empresa contratante determine que sua necessidade seja por profissionais mais experientes, acima dos 40 anos.  Dificilmente os consultores de recursos humanos irão conversar com as empresas contratantes, para orientá-las que talvez para determinados cargos a experiência de um profissional vale mais que sua idade. Porque isso acontece?

Podemos dizer o seguinte: as empresas passaram a questionar se uma pessoa com mais de 40 a 45 anos estaria disposta, e se teria a capacidade de aprender coisas novas no ambiente de trabalho, isto tem um nome: tecnologia, informática, idiomas.

As empresas querem saber se o profissional acima dos 40 anos, não tem medo de computadores, se eles apenas conseguem conviver com emails, mensagens e todo o resto, mas como irão também conseguir desenvolver seu trabalho explorando todos os recursos que a tecnologia e os novos equipamentos podem oferecer.

Agora, é fato que muitos profissionais perdem seus empregos por que se recusam a evoluir; dizem que sempre trabalharam daquela maneira e que não é por causa da tecnologia que irão mudar. Nessas horas é que o profissional demonstra que não se trata de querer ou não querer, esse profissional não possui mais o que hoje se tornou fundamental no meio empresarial: Capacidade de aprender e se adaptar as mudanças.

Nesse sentido, a recomendação é que um profissional com mais de 40 a 45 anos tenha em mente os três fatores fundamentais que poderão auxiliá-lo a conseguir uma nova recolocação: Primeiro - demonstre disposição, queira trabalhar, demonstre a mesma garra de um jovem de 25 anos. Segundo - demonstre também que você tem capacidade de aprender, ou no mínimo que você tem boa vontade, uma boa saída é inscrever-se em cursos comunitários de qualificação profissional na área de tecnologia como uma demonstração clara de boa vontade e dessa disposição. Em terceiro - é necessário descartar o passado, trazendo dele apenas as experiências e as lições de vida e deixando o saudosismo para trás.

Mas vale apena lembrar que as empresas também terão que se dispor a avaliar e investir num profissional acima de 40 a 45 anos. Trazer para dentro da organização alguém com Know-How não é prejuízo e sim olhar este profissional como alguém que poderá contribuir e muito com a evolução empresarial.

Afinal de contas o que é preferível? Investir em profissionais mais novos que talvez, eu disse talvez, para seguirem uma estrada com alguns obstáculos, necessitem de muito esforço para tirá-los do caminho traçando uma longa caminhada, ou alguém que já enfrentou diversas crises e dificuldades durante sua trajetória profissional, e que hoje consiga encontrar os atalhos desse caminho economizando tempo, ensinado, treinando e passando toda essa experiência e auxiliando os profissionais mais jovens?

 

Pensem nisso!