Quando recém-formado, certa noite, ao acompanhar um paciente ao hall dos elevadores, ele disse: posso te fazer uma pergunta? Sim, claro! O que faz uma pessoa sofrer na vida a ponto de ela precisar buscar terapia e te procurar? Respondi, o nível de sua resistência a realidade! O sofrimento é proporcional a resistência imposta a realidade. Assim, penso que o sofrimento é uma escolha inconsciente para alguns, mas algo “opcional” em nossa vida. Quão mais aceitamos incondicionalmente a realidade, menos sofreremos.

 

O sofrimento existencial é uma forma de angústia ou desconforto profundo relacionado à existência humana, por vezes ligado a questões filosóficas e existenciais. Tal vivência pessoal, envolve a sensação de falta de significado, propósito ou sentido de vida, levando a uma profunda reflexão sobre a natureza da existência e qual o seu sentido em sua própria vida.

 

A resistência à realidade, é uma resposta psicológica à experiência do sofrimento. Tende a envolver negação, evitação ou a dificuldade em aceitar as circunstâncias da vida, especialmente quando estas são desafiadoras, dolorosas ou confrontadoras. A resistência à realidade é uma forma de proteção psicológica, mas também, contribui para prolongar o sofrimento ao evitar o enfrentamento, a resolução ou aceitação da situação que se vive.

 

Diversas correntes filosóficas, psicológicas e espirituais abordam a questão do sofrimento existencial e a resistência à realidade de maneiras diferentes. A filosofia existencialista, por exemplo, explora a angústia e a liberdade individual diante de um universo aparentemente indiferente.

 

A psicologia existencial ajuda as pessoas a confrontar o sofrimento ao buscar significado e propósito de vida. Abordagem terapêutica, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), também pode ser eficaz ao ajudar alguns a aceitar a realidade e comprometer-se com ações que estejam alinhadas com os seus valores.

 

A busca por significado, a aceitação da realidade e a busca de conexões significativas com os outros, são elementos importantes para lidar com o sofrimento existencial e superar a resistência à realidade. Ter conversas profundas consigo mesmo, fazer diálogo interno, buscar apoio emocional e, se necessário, buscar a orientação de um Psicólogo, serão passos fundamentais para lidar com essas questões complexas.

 

O que nos faz sofrer existencialmente?

O sofrimento existencial pode ser desencadeado por uma variedade de fatores complexos, e as fontes desse sofrimento, variam de pessoa para pessoa. Algumas das questões que frequentemente contribuem para o sofrimento existencial são:

 

Busca de significado e propósito: Algumas pessoas enfrentam a angústia ao buscar significado e propósito em suas vidas. A falta de um propósito definido e sensação de que a vida não tem significado, gerarão sofrimento existencial.

Morte e finitude: A consciência da própria mortalidade e a finitude da vida tendem a provocar ansiedade e desconforto existencial. Buscar significado, face a inevitabilidade da morte é uma preocupação central para algumas pessoas.

 

Solidão e isolamento: A falta de conexões significativas e relacionamentos interpessoais pode levar ao sofrimento existencial. A solidão e o isolamento emocional muitas vezes desafiam a sensação de pertencimento e significado na vida.

 

Conflitos de valores e crenças: Quando ocorrem conflitos entre seus valores e crenças pessoais ou quando suas ações estão em desacordo com o que é considerado significativo para você, surgirá uma angústia existencial.

 

Perdas e traumas: Eventos significativos de perda, como: a morte de um ente querido, divórcio, falha profissional ou outros traumas, podem desencadear questionamentos profundos sobre o sentido da vida e evoluir para o sofrimento existencial.

 

Falta de autenticidade: Viver uma vida, sem protagonismo, que não reflete quem você realmente é, levará a uma sensação de vazio, falta de propósito e autenticidade existencial. A desconexão entre sua verdadeira identidade e a sua vida vivida, será uma fonte de sofrimento.

 

Injustiça e sofrimento no mundo: A consciência da injustiça, desigualdade e sofrimento no mundo, tende a gerar uma profunda tristeza e desespero existencial em alguns. Perguntas sobre a natureza do sofrimento e falta de justiça, levará a uma crise de significado.

 

Experiências de falha e inadequação: A nítida sensação de falha, inadequação ou a pressão para atender as expectativas externas, contribuirão para o sofrimento existencial. A busca por validação externa, muitas vezes não proporcionará uma sensação duradoura de significado.

 

É fundamental considerar que o sofrimento existencial é uma parte intrínseca da condição humana e, pode ser uma fonte de crescimento e transformação pessoal. Explorar tais questões com a ajuda de um Psicólogo ou através de práticas de autorreflexão, ajudará alguns a encontrar novas maneiras de lidar com o sofrimento e buscar um sentido mais profundo na vida.

 
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