Saúde, Empreendedorismo na Crise e Tecnologia
A expectativa de vida do brasileiro aumentou de 60 para 73 anos nas últimas 3 décadas. Apesar dos diversos contratempos ainda enfrentados, aumentou o acesso da população à profissionais da área da saúde e a medicamentos. Estamos conseguindo viver mais e melhor, buscando uma vida mais saudável através de uma alimentação balanceada, prática de atividade física, medicina preventiva e busca por tratamentos adequados, principalmente para doenças crônicas que acometem milhões de brasileiros , como: dislipidemias, hipertensão arterial e diabetes.
A crise política e econômica do país fez com que os investimentos do governo em saúde pública diminuíssem ainda mais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) segundo última estimativa disponível, mostrou que os gastos públicos mundiais com saúde de cada cidadão eram de US$ 615 ao ano em 2012, sendo que no Brasil esse gasto chega a US$ 512 ao ano, abaixo da média mundial, e muito atrás dos vizinhos Chile e Argentina. Não bastasse o caos da área pública, o desemprego (12 milhões de desempregados) fez pelo menos 2 milhões de vítimas nos últimos 2 anos de acordo com uma consultoria, pois os usuários desses convênios estavam atrelados ao plano de saúde empresarial.
Esse cenário que traz uma terrível dor de cabeça aos pacientes gera oportunidades para os empreendedores. Devemos procurar soluções para resolver esses problemas, e dessa forma, encontrar oportunidades. A partir desse cenário econômico atual, em que as pessoas não querem depender do SUS para não ter que esperar meses para uma consulta ou exame, mas também perderam o seu plano de saúde e não tem dinheiro para pagar uma consulta particular tradicional, surgem as clínicas populares. Cerca de 50% da população ou 100.000.000 de pessoas não tem acesso a médicos no Brasil. As redes de clínicas populares atendem casos simples, porém, em algumas unidades, já é possível realizar pequenos procedimentos cirúrgicos e exames de imagem. O preço da consulta começa com R$ 75,00, cerca de 25% da consulta médica cobrada em clínicas tradicionais segundo o Conselho Federal de Medicina.
Diversas tecnologias tem sido desenvolvidas para uso em home care, em que os hospitais diminuem gastos em até 50%, aumenta a rotatividade dos leitos, e claro, geralmente significa uma melhora na qualidade de vida do paciente que fica fora do ambiente hospitalar. Revolucionando o mercado de cuidados à distância, temos sensores para o corpo e dispositivos vestíveis que conectam os pacientes aos hospitais, havendo monitoramento em tempo real de diversos parâmetros, como: pressão arterial, nível de glicemia, batimentos cardíacos, nível de oxigênio no sangue, entre outros. O home care representa hoje apenas 1% do toal de internações autorizadas pelos convênios, sendo um mercado gigantesco a ser explorado.
O mercado de equipamentos médicos –hospitalares é dominado por multinacionais como PHILIPS e GE, porém, muitas vezes os profissionais precisam de máquinas simples e com um nível de personalização que não interessa as multinacionais, surgindo nichos de mercado importantes para serem explorados pelos fabricantes nacionais que desenvolvem tecnologias de nível intermediário.
Os hospitais e clínicas precisam melhorar a sua administração, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento e comercialização de softwares de gestão. Temos uma série de ERPs sendo criados especificamente para o setor da saúde, ajudando empresas a reduzir os seus custos, digitalizar prontuários, agendar consultas e exames, e a prescrever medicamentos.
A “uberização” chegou para ficar no mercado da área da saúde, que por sinal, assim como acontece com os taxistas, ainda não temos muita regulamentação, mas é um processo irreversível, assim como aconteceu com as franquias no final da guerra civil americana que começaram a ter regulamentação de fato somente na década de 50 com a expansão no mundo de velhos conhecidos como Mcdonald’s e Subway. Hoje através de aplicativos os usuários podem agendar consultas a domicílio retornando a ideia do médico de família, e assim, evitar transtornos com longas distâncias até chegar as clínicas, mais o longo período de espera, e os custos envolvidos como transporte e alimentação, além da própria consulta. Torna-se uma ideia interessante para os próprios médicos que sofrem com os altos custos de manutenção de um consultório, além da possibilidade de aumentarem a sua remuneração nesse modelo.
Startups digitais que resolvem problemas na área da saúde são uma grande oportunidade e realidade para o presente e futuro da saúde no Brasil e no mundo, para o Empreendedor, e para o setor de Tecnologia. O ecossistema brasileiro está amadurecendo rapidamente, contando com uma infra - estrutura impensável a uma década atrás, surgiram diversas incubadoras e aceleradoras. Por conta da alta inflação, os bancos estão restringindo crédito e cobrando juros exorbitantes conforme esperado, mas hoje o empreendedor tem várias formas de financiamento: crowdfunding (financiamento coletivo), investidores- anjo, fundos de investimentos, empresas que não querem desaparecer ou se tornar mais competitivas através do corporate venture( bancos versus fintechs). Temos R$ 108 bilhões de capital de risco disponível para novos investimentos no Brasil, e o setor de saúde está entre os principais setores, perdendo apenas para óleo/ gás e logística.
Monte uma ótima equipe (administrador, desenvolvedor e web-designer), valide uma ótima ideia, avalie o potencial do seu mercado consumidor, se você não quiser crescer apenas organicamente, você irá precisar de sócios e investidores! E claro, precisa ser um negócio escalável que aumente o faturamento sem aumentar os gastos na mesma proporção, que tenha atuação nacional ou até mesmo possibilidade de internacionalização.
Vamos empreender!