A tendência normal, é afirmarmos que a saúde é antes de tudo um fim, um objetivo a ser alcançado e atingido. Não se trata de um estado de bem-estar, de um estado do qual procuramos nos aproximar, como se estado de bem-estar social e psíquico fosse um estado estável que, uma vez atingido, pudesse ser mantido. Cremos que isso é uma ilusão e que simplesmente é preciso, e já é muito, fixar-se o objetivo de se chegar a esse estado. Até agora, fizemos uma crítica sobre essa noção de saúde, tal qual ela é definida pelas organizações internacionais. O que perguntamos agora é se, no período recente, puderam ser acumuladas experiências ou novos conhecimentos que teriam por natureza modificar essa definição de saúde, ou fazê-la progredir? Entendo que sim, e para isso, deveremos considerar três elementos: a Fisiologia, a Psicossomática e a Psicopatia do Trabalho. 

No primeiro elemento a Fisiologia nos ensinou um certo número de definições, algumas já antigas, mas que, talvez, não tenham sido suficientemente compreendidas ou suficientemente utilizadas. Nos ensinou que o organismo não se encontra num estado estável. O organismo não para de se movimentar, e por causa disto, está o tempo todo em mudança. Às vezes sentimos vontade de nos alimentar, de dormir, de praticarmos diversas atividades, e isso é cíclico e contínuo, mudando várias vezes, no mesmo dia, na mesma semana, no mesmo mês, durante todo o ano e durante toda a vida. 

O segundo elemento, é o que traz novos conhecimentos e novas experiências, é a Psicossomática. A origem da Psicossomática pode ser remontada a Hipócrates, mas a compreensão moderna, tem seu início no começo do século XX, a partir dos estudos de Georg Groddeck e Sandor Ferenczi e, posteriormente, uma fundação oficial, nos EUA por Franz Alexander. Então o que é a psicossomática? De forma pragmática, a Psicossomática são as relações que existem entre o que passa na cabeça das pessoas e o funcionamento de seus corpos. Sabe-se que entre um e outro há relações que se estabelecem em permanência. A psicossomática nos mostra que quando estamos diante de uma situação adversa, em que não há mais esperança, ou perspectiva, encontramo-nos diante de uma situação perigosa não somente para a cabeça, o que pode desencadear, angustia, depressão, tristeza, como também para o corpo quando nos vemos diante de um estado assim durável, onde não há mais esperança, o corpo pode adoecer mais facilmente. 

Chegamos ao terceiro elemento, e que chamamos de Psicopatologia do Trabalho. E afirmo de que o trabalho é um elemento fundamental para saúde. Se o trabalho pode ser perigoso, se pode ser causa do sofrimento, é preciso também compreender que o não-trabalho é igualmente perigoso, se me permitem, afirmo dizer que é mais perigoso ainda! Particularmente o desemprego, demonstra claramente, a que ponto o fato de não trabalhar, de não se ter atividades, de não ter qualquer renda, de não ter perspectivas, e vou mais além ainda, de não te o que comer, pode engendrar doenças. Foi-se o tempo em que os profissionais mais sêniores, mais conhecidos pelos haters, como aposentados ou velhos, ficavam na praça jogando dominó ou cartas. Com o envelhecimento da população mundial e as baixas taxas de natalidade, torna-se cada vez mais necessário a quebra de paradigmas e uma ruptura imediata, com a inclusão no mercado de todos, contemplando a Pluralidade, a Diversidade, e a Inclusão Holística. Afirmo sempre o seguinte: Velho é o jovem que deu certo! E infelizmente nem todos vão chegar a este estado. Pois somos todos AGELESS! 

O fato de não trabalhar pode desencadear uma série de doenças, de forma física e emocional. O objetivo das pessoas não é o de não fazer nada, mas sim, de fazer algo e trabalhar em uma organização, onde exerça uma função que lhe dê segurança, reconhecimento, possibilidade de fazer parte de um processo de crescimento e inclusão (algo maior), e o mais importante, ele se sentir como um dos donos do negócio. Pois caso isso não aconteça, as pessoas podem se sentir fora do contexto, e manter-se num estado de inatividade total, e quando isso acontece, é o sinal de que estão muito doentes. Então, a problemática não é certamente perguntar se trata de Trabalho ou Não-trabalho. A problemática é, Qual trabalho

Pensem nisso, e até a próxima!

SOBRE O AUTOR:

José Renato Alverca

É Business Division Manager da Gi Group

É Membro Fundador do IBPDICC - Instituto Brasileiro de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação em Crédito e Cobrança, Pesquisador, Especialista em Crédito, Cobrança, Meios de Pagamento, Adquirência, Outsourcing, Gestão de Pessoas e RH e TI.

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