A Inteligência Artificial (IA) parece saída somente dos filmes. AI – Inteligência Artificial (2001), o robô R2-D2 da série Star Wars, Matrix... falar sobre o assunto é quase sempre associar aos filmes e a futuros apocalípticos nos quais a Skynet de Exterminador do Futuro dominará os seres humanos com robôs superinteligentes.

O primeiro insight que devemos levar em consideração ao falar sobre IA para desmistificar o tema é:

“A Inteligência Artificial é o cérebro, e o robô é seu corpo – se é que ela tem um corpo” – Tim Urban, escritor do waitbutwhy.com

Fato é que a IA já está entre nós há algum tempo é o tema da vez no Vale do Silício. Sabe quando você entra no seu site preferido de compras e tem uma chamada “recomendado para você?” Com sugestões de compra que provavelmente vão chamar a sua atenção? IA pura que sintetiza seus comportamentos e preferências e traduz isso na forma de escolha de produtos que você provavelmente vai clicar!

Aproveitando o lançamento do filme Star Wars – O Despertar da Força, A Sphero lançou a réplica do droid BB-8. Seria um brinquedo qualquer se não fosse o fato de ter comportamento autônomo que vai se moldando de acordo com as interações humanas.

Ray Kurzweil, autor de cinco livros sobre o tema, escreveu um artigo intitulado “Don’t fear Artificial Intelligence” no qual afirma:

“Em 2030 o ser humano terá conseguido a façanha de criar inteligência artificial párea à humana. Em meados de 2045 a IA irá superar a inteligência humana” 

Ray não é o único a pensar dessa forma. Alguns dos principais estudiosos do tema, apesar de não colocarem datas exatas, acreditam que em algum dado momento isso de fato irá acontecer. É o caso do filósofo Nick Bostrom da Universidade de Oxford e dirigente do Centro para o Futuro da Humanidade que pesquisa as ameaças à vida humana. Nick vai ainda mais longe e afirma que a Superinteligência Artificial (SA) pode representar risco de extinção da humanidade caso não seja regulada e entendida. O astrofísico Stephen Hawking e o megainvestidor de carros elétricos e viagens espaciais Erlon Musk também possuem preocupações semelhantes. Segundo Nick, em entrevista para Época, ainda há pouco esforço e dedicação de tempo para descobrir como controlar máquinas inteligentes a partir da segunda fase prevista por Ray para 2030. Ainda comenta que Elon Musk investiu 10 milhões de dólares em pesquisas sobre o problema do controle.

O estudo da inteligência artificial não é tão recente quanto se pensa. Há publicações sobre o tema que datam dos anos 80 como, por exemplo, o artigo de John Searle que classifica alguns dos tipos de IA. Tim Urban, um dos maiores nomes sobre IA, sintetizou de forma simples e fácil alguns dos principais conceitos de classificação do tema. Ele cita três etapas da evolução de IA:

1 – Inteligência Artificial Superficial (IAS);

2 - Inteligência Artificial Ampla (IAA);

3 - Superinteligência Artificial (SA).

Os desenvolvedores de IA são numerosos e estão em diferentes ramos atualmente e nesta lista você pode conferir mais de 40 ferramentas que já fazem uso da IAS nos dias atuais.

Efeitos da Inteligência Artificial no mercado de trabalho

Se em 2030 teremos robôs capazes de raciocinar tão bem quanto um ser humano, certamente haverá uma grande mudança no mercado de trabalho. Segundo a pesquisa conduzida pelos renomados Carl Benedikt Frey & Michael Osborne da Universidade de Oxford, cerca de 47% das profissões somente nos EUA correm o risco de serem automatizadas nas próximas décadas. Isso inclui logística, serviços e até funções administrativas que podem ser substituídas por IA. 

Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, autores do livro “The Second Machine Age”, também corroboram a visão de Tim e Ray sobre a IAA e afirmam que a segunda era das máquinas será atingida nas próximas décadas quando será possível automatizar poder mental e trabalho cognitivo. Em entrevista para um artigo da Mckinsey intitulado “Artificial Intelligence meets the C-suite”, os autores também acreditam que a automatização da IAA chegará ao nível dos CEOs nas grades empresas. Entretanto, eles não acreditam que o papel do CEO humano será substituído e sim que deverá repensar em quais atividades há valor humano adicionado e quais poderão ser exercidas por IA. McAfee cita:

"So the role of a senior manager in a deeply data-driven world is going to shift. I think the job is going to be to figure out, “Where do I actually add value and where should I get out of the way and go where the data take me?” That’s going to mean a very deep rethinking of the idea of the managerial 'gut' or intuition."

É evidente que não parece haver motivos para histeria sobre esse assunto, entretanto AI é um tema que deve ganhar os holofotes nas próximas décadas. Como controlar seres tão ou mais inteligentes do que nós? E, principalmente, como garantir que essa tecnologia seja usada para o bem da humanidade? Os benefícios podem ser inúmeros como melhoria da qualidade de vida humana num patamar nunca visto antes, principalmente relacionado a alocação de tempo para outras atividades além do trabalho, longevidade e saúde.

Figura 1: As principais classificações de IA por Tim Urban. Adicionalmente, as datas previstas por Ray Kurzweil para a segunda e terceira fase do desenvolvimento de IA