Muito tem se falado, escrito, publicado sobre as reformas trabalhistas que o governo pretende implantar. Um assunto bastante polêmico e que requer uma extensa reflexão. Alguns acreditam que essas reformas sejam necessárias para que o desemprego caia e ainda que se em outros paises essa reforma funcionou, por que aqui não funcionaria? Mas, a pergunta que não quer calar: Somos iguais a esses paises em que a reforma funcionou, em cultura, hábitos e costumes? Temos os mesmos valores? E a resposta certamente será não. Posso dar um exemplo, no Japão o período para se requerer a aposentadoria é certamente maior que a que temos no Brasil, porém, lá não se exclui pessoas acima dos 30, 40, 50, 60 ou 70 anos, ao contrário, a cultura japonesa preconiza que maior a idade maior a experiencia e consequentemente, mais podem contribuir no setor produtivo. E nós? Qual a nossa cultura em relação a essa questão? Um trabalhador na faixa dos 30 anos já começa a ser taxado de "velho" e a dificuldade em buscar nova recolocação se inicia nessa fase. Conheço até empresas que só admitem pessoas com mais idade, mas, não imaginem que seja porque essas empresas pensem diferente das demais indústriascom atividades no Brasil, não. Elas simplesmente admitem pessoas com mais idade porque, pelo fato de o mercado ser fechado a tais pessoas, ao serem admitidas não se importarão com plano de carreira, a reinvindicação por aumento de salário será de forma mais modesta, etc. Afinal, na mentalidade de tais empresários, essas pessoas, já estão agradecidas por terem conseguido recolocação. E essa é a realidade! Some-se a isso o fato de pensarmos em uma cidade grande como São Paulo, imaginem então o que deve ser a busca por recolocação em cidades menores? Essa é a nossa cultura! E, diante dela pergunto: seria justo uma reforma trabalhista onde o tempo de contribuição aumentaria? Na minha opinião, acredito que sim, mas, desde que tivéssemos condições de continuar oferecendo emprego para pessoas que ainda não atingiram esse tempo de contribuição e que encontram-se acima dos 30 anos.  Sou a favor, desde que não se exclua ninguém à uma nova oportunidade de emprego. Sou a favor, desde que se pense em uma população que está envelhecendo e que consequentemente, maior tempo para adquirir a aposentadoria, também significará, maior tempo na área produtiva e com as mesmas condições de oferta de emprego e não apenas oferta de empregos que o coloquem à margem, simplesmente por ser agradecido a uma oportunidade oferecido, não, ao contrário, que se tenha as mesmas oportunidades de ascenção, salários, benefícios, etc.

Por: Maria Ines Bellissimo – Junho/2017