Quem virá para o time agora? (parte 2)
Conto para vocês hoje a experiência que tive esta semana como consultora especialista em R&S. Desta vez eu não estava atendendo nenhum gestor colega da mesma empresa e sim um cliente externo, que procurou nossa consultoria para a contratação de um executivo de MKT&Vendas no mercado de tecnologia (sistemas de business intelligence).
No primeiro momento, confesso para vocês que me apavorei... não entendo nada deste mercado!!! Desafios? Expectativas? Concorrência? Padrões de qualidade? Sei la! O que representa sucesso e competências nestas organizações tech?
Quando o medo me atinge, a minha primeira reação para sair da paralização é pensar no fim da reunião com a pessoa que está chamando: Como quero me sentir? Como quero que meu interlocutor se sinta? O que construiremos juntos?
Pois bem, este pensamento me acalma e me chama para a ação. É então momento do planejamento: listar o que vou fazer para me preparar!
Além de pesquisar sobre a empresa e seus executivos, investigo o mercado, buscando notícias, declarações de tendências, publicações sobre produtos, converso com pessoas... O legal é que cada texto lido ou cada discussão geram idéias de novas buscas: nomes de pessoas, empresas, processos e sistemas citados. A curiosidade é a guia desta viagem! “Ahhh , “São Google”!!! O que seria de mim sem você!”
Organizo meus achados para tentar ter o mínimo de descrição do cenário real.
Parto, então, para uma outra etapa de minha viagem: Quais seriam os desafios das empresas deste mercado? E, afunilando um pouco mais: O que passa um profissional desta área? Como serão seus processos? O que será que lhe tira o sono? Como será que elx precisa se comportar para ter sucesso? O que elx precisa saber? É como se eu estivesse desenhando uma “persona”. A criação de hipóteses, acaba gerando para mim um profundo check list que usarei depois para a reunião com o dono da vaga.
E chega o dia da reunião. Com meu caderninho rabiscado, é hora de conversar com quem está precisando de ajuda. A empatia aí é fundamental: Há uma vaga... Tarefas não estão sendo feitas por “falta de braços”... resultados podem estar sendo comprometidos com esta ausência no time. Pessoas da equipe podem estar sendo negativamente impactadas ou criando expectativas acerca de movimentações. Com isto em mente, reforço meu propósito de construção de soluções para os problemas encontrados e para a ansiedade que este líder deve estar sentindo
Uma coisa que não citei acima é que a conversa com o dono da vaga não serve só para preencher o check list. A fala deste meu cliente vai “dar cor” a tudo o que eu imaginei! Esta fala virá também carregada de elementos culturais desta organização e de descrições de como as coisas são feitas por lá. Isso faz toda a diferença! Isso tudo trará à tona questões comportamentais que terão que ser percebidas nos futuros candidatos. Esse é o tempero que enriquece a exposição de todos os outros clássicos requisitos de formação e anteriores experiências profissionais. Preciso ficar atenta para captar estas nuances!
Nunca pergunto quais as características comportamentais que elx espera encontrar no candidato, pois, de fato, a resposta será uma descrição de “Super homens” ou “Mulheres Maravilha”. Gosto de perguntar, então, quais “cenas temidas” este futuro candidato poderá vivenciar se for contratado e daí extrair comportamentos que reverteriam as situações ruins. Claro que faço o mesmo com as questões positivas, como se estivéssemos descrevendo as cenas que “trarão o sucesso de bilheteria”! Minha usual pergunta é “Na sua opinião, o que esta pessoa precisará ter feito para ser reconhecida como super exitosa nesta organização?”
Nos atuais ATS (applicant tracking system – sistema de gestão de R&S), existem campos específicos para registrar todos os achados deste diálogo, que farão parte do perfil da vaga que será divulgada. Atualmente tem ficado muito interessante, no final das conversas com os requisitantes, elencar uma série de palavras chave que facilitam as buscas em sistemas eletrônicos de CVs ou bancos de dados. Na ausência de um sistema, eu organizo meus achados em planilhas de Excel, junto com a descrição de cargo, quando ela existe!
Gosto de perceber, no final, que minhas perguntas não tão formais e previsíveis sobre uma descrição de cargo, geram, no requisitante, a certeza de que eu entendi o que ele está precisando. Gosto de checar este meu entendimento. Isso traz confiança. Gosto de sentir, também, no final, que tenho uma visão clara do que procurarei ler nos CVs e perguntar nas entrevistas. A cada dia me encanto mais com este trabalho...