QUANDO UM NOVO LÍDER ASSUME NOVA EQUIPE
Um novo líder assumindo uma nova organização, seja vindo de outro departamento ou de outra empresa, sempre causa ansiedade e uma certa preocupação na equipe. O líder também passa por sentimentos parecidos, pois espera que, ao assumir a nova posição, possa exercer seu papel contando com a acolhida e colaboração de todos. É por isso que eu considero que a melhor coisa que um líder nesta situação pode fazer é procurar conhecer bem o contexto onde está se inserindo, aproximar-se de seus liderados e, principalmente, aprender com eles.
O maior erro que uma pessoa pode cometer ao assumir como líder de um novo time é considerar-se melhor conhecedor e melhor capacitado do que as pessoas com quem vai interagir, sejam aqueles que a ele se reportarão diretamente, sejam seus novos pares ou sejam pessoas de outras áreas com interface com a sua. Muitos profissionais se colocam na posição de “melhor entendedores”, mais preparados, com uma postura de superioridade que, no meu modo de pensar, na realidade é sinal de insegurança e de uma necessidade extrema de obter aprovação rápida. Mas, o tempo termina por mostrar que, agindo assim, a consequência é a rejeição e o distanciamento, deixando-o muito longe de exercer sua influência por meio de uma liderança legítima.
É certo que, por ter sido designado para tal posição, esse profissional possui competências desenvolvidas, conhecimento e experiência não encontrados nos membros da equipe e, no meio desta, já existe um reconhecimento quanto a isso. Entretanto, toda equipe tem uma história, uma diversidade, conhecimentos e experiências que precisam também ser absorvidos pelo novo líder para que juntos possam somar suas melhores qualidades e alavancar o desempenho geral. É preciso valorizar o que cada um tem de melhor para que fique mais fácil implementar correções necessárias.
Ter a humildade de reconhecer que ao chegar em uma nova organização será preciso aprender sobre ela, ouvir as pessoas, alinhar percepções, respeitar opiniões, é fundamental para mostrar uma atitude colaboradora, que despertará a empatia e a abertura em meio à equipe para que, ao se posicionar trazendo o seu direcionamento e sua visão mais madura e por vezes diferente da atual, encontre receptividade e reconhecimento para seguir implementando seus planos e promovendo mudanças.
Já passei pela experiência de assumir uma área sobre cuja atividade eu nada conhecia tecnicamente, tampouco as pessoas que lá já trabalhavam há muito tempo. Posso dizer que minha liderança começou a se legitimar quando me dei conta e passei a demonstrar que primeiro eu precisaria conhecer mais daquela organização, seus processos e pessoas, para identificar onde meus conhecimentos acumulados de outras vivências poderiam contribuir para alavancar a contribuição de cada um e o resultado geral. A cumplicidade entre um time com elevado conhecimento técnico (que eu não possuía) e um líder com visão estratégica (uma oportunidade para o desenvolvimento da área) sustentou uma trajetória de crescimento por bons anos.
Aos que pensarem que este tipo de atitude dificulta a execução de mudanças estratégicas urgentes, expresso minha convicção de que é exatamente a busca pela empatia que favorece o processo e possibilita acelerar a mudança. Imposição e arrogância fazem emergir barreiras e resistências, tornando a transição mais longa ou até mesmo impedindo-a.
Saber se posicionar muito bem perante um novo time, com humildade e ao mesmo tempo segurança, é um fator de fortalecimento do líder e uma das maiores fontes de legitimação de uma posição de influência natural, de uma liderança de fato.