Ao longo de minha carreira como Psicólogo e Coach, tenho observado um número crescente de pessoas que sofrem por acreditarem que o seu principal “propósito de vida” é agradar e satisfazer as necessidades das pessoas e, em casos extremos, chegam ao ponto de negligenciar suas próprias necessidades.

É necessário considerarmos a diferença entre ser gentil e querer, ou melhor, acreditar que precisa agradar pessoas, visando ser aceito ou mesmo, evitar conflitos para não sofrer rejeição.

A atitude de agradar, em nossa cultura, é uma crença que nos é ensinada desde a infância. Logo, agradar alguém na medida em que este seja receptivo ao seu agrado, implica em ser gentil com todos, indistintamente. Contudo, querer agradar alguém intencionalmente, seja para que o seu ponto de vista seja aceito, buscar aceitação, reconhecimento ou mesmo, evitar ser rejeitado, será um desperdício de energia e uma atitude disfuncional.

Ser gentil é um traço de evolução humana. Significa que existe algo mais do que nossos interesses pessoais, mostrando que conseguimos nos colocar no lugar da outra pessoa e sermos uno com ela. Em termo psicodramático, fazer a inversão de papeis. Em algumas situações, nem sempre constatamos receptividade a nós quando tentamos agradar, pois agradar intencionalmente está muito além do simples ato de gentileza e mascara outras intenções com tal comportamento.

Pouco divulgada, a compulsão por agradar é uma questão psicológica bem comum, mas de difícil detecção em função dessa atitude ser confundida com “bondade”, já que o agradador compulsivo se empenha em garantir que “todos” à sua volta estejam felizes, colocando as necessidades alheias acima de sua própria satisfação.

Naturalmente, todo o ser humano nutre o desejo de ser amado e socialmente aceito. Contudo, quando essa necessidade “precisa” ser atendida em troca de inúmeras investidas para se aproximar do outro e com isso conquistar o afeto através de agrados, pode esta ser uma atitude nociva e desencadear a patologia. 

Segundo a Psicóloga Harriet B. Braiker, a necessidade por agradar pode virar compulsão, causada por pensamentos distorcidos, uma baixa autoestima, derivada da ideia de que a pessoa “tem que” ser amada por todos. Esses comportamentos se transformam em rituais para satisfazer as necessidades alheias, antes das próprias, na ânsia de obter aprovação e ser “amada”.

O agradador ocupa-se de afastar os sentimentos negativos e evita a ansiedade que o ameaça de não ser querido/ aceito, podem desencadear. Essa síndrome aflora uma mentalidade tóxica que racionaliza e mantém o problema; o medo da rejeição e do confronto, que alimentam o padrão de fuga emocional.

Quem sofre dessa síndrome tende a sacrificar a própria saúde e felicidade visando agradar aos outros.  Dificilmente diz "não" as solicitações dos outros, prioriza a necessidade alheia, não impõe limite a si e aos outros, empenha-se ao máximo para obter aprovação de todos, na esperança de ser amado, nunca ser abandonado ou castigado - rejeitado. 

 

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