O que faz de você uma pessoa ocupada?
Tenho o propósito de escrever um breve artigo, porque você é ocupado, eu também sou e estou me ocupando com isso agora. Para alguns, declarar-se ou demonstrar-se “ocupado” é uma das principais formas de evidenciar que são pessoas importantes. Pois se não estamos ocupados, logo não somos importantes, certo?
ERRADO! Não existe correlação direta entre Ocupação X Importância, são conceitos distintos.
Tenho observado que as pessoas mais produtivas e bem sucedidas que conheço, estão ocupadas, mas nem saberemos. Elas não alardeiam ou reclamam, apenas criam e encontram tempo que outros não “conseguem”. Enquanto uns não focam e não obtém muito de seu tempo, em função de dispenderem energia e atenção querendo “resolver tudo”, outros estão focados, presentes e maximizando o momento em cada interação pessoal ou profissional. Não me refiro a atuar como multitarefa, pois isso é tão disfuncional quanto jogar nossa energia e atenção de um lado para outro sem um objetivo definido.
A maioria de nós, desperdiça tempo. Investimos nosso precioso e raro tempo em coisas ou atividades que, muitas vezes não devemos ou precisamos. Isso significa que, desta forma, temos menos horas para investir sabiamente, em coisas ou atividades que realmente importam e impactarão positivamente em nossas metas e vida. O bom uso de seu tempo melhorará suas habilidades profissionais, sua busca por melhores oportunidades de negócios, cuidar de si investindo em um hobby ou dedicando mais tempo às pessoas que ama.
O que faz com que alguns gastem tempo, sejam improdutivos e ainda passem a imagem aos outros de que são muito ocupados? Deve-se a uma simples crença propagada na sociedade em que vivemos - valorizar pessoas ocupadas. Alguns ainda insistem em acreditar que, se estão ocupados, logo, são importantes. Isso não é real e nem verdadeiro.
Não confunda, estar OCUPADO com ser PRODUTIVO.
Sua produtividade não é definida por quantas horas você trabalha, mas sim pela forma como você trabalha.
Comportar-se como uma pessoa ocupada não a torna melhor, diferente, necessária ou imprescindível. O “ocupado” invariavelmente é disfuncional, desorganizado e frustrado!
Atuar como uma pessoa “ocupada” a torna apressada, superficial, favorece a miopia, aumenta os pontos cegos, induz a erros e resulta em perda de oportunidades. “Ser ocupado” pode levar ao arrependimento frequente. E arrependimento é um sentimento sabotador que gera culpa.
“O arrependimento pelas coisas que fizemos pode ser temperado pelo tempo; mas não o pesar pelas coisas que nós não fizemos - isso é inconsolável.” Sydney J. Harris
Portanto, da próxima vez que flagrar-se pedindo desculpas dizendo a alguém que você gostaria de conhecê-lo, de estar junto, ajudá-lo, etc. Responda sincera e objetivamente à demanda ou apenas reconheça a importancia da existência dela, mas nunca justifique sua inação em função de estar muito “ocupado”. Considere o fato da mensagem enviada à pessoa ser percebida como:
- O meu tempo é mais importante do que o seu.
- Não sou bom em priorizar meu tempo.
- Sou superior a você, logo ajo em meu tempo de acordo com as minhas necessidades.
- Eu quero que você me julgue baseado em como sou ocupado, não o quanto sou produtivo.
- Você não é uma prioridade e, muito menos o que você quer falar comigo.
Penso em como podemos evitar valorizar nossa “ocupação” e a importância que atribuímos a isso. Há tempo a “nova ordem mundial” reza que temos que fazer mais com menos sempre e, isso favorece e muito, cairmos na armadilha de “sermos ocupados”.
Experimente conversar com pessoas de uma ou duas gerações anteriores a sua para confirmar que, atualmente o mundo se move muito mais rápido do que costumava e que o ritmo da mudança continua a aumentar a cada dia, mês e ano. Neste caso, deixo uma sugestão simples para refrear a sua valorização pessoal de “ocupado” ao interagir com a família, amigos e colegas que realmente importam.
Ao invés de usar "Eu estive ou estou muito ocupado" como uma justificativa recorrente para sua falta de planejamento, priorização ou capacidade de resposta, seja sincero e faça um diálogo interno consigo e assuma: "Isso não é prioridade para mim neste momento". Acredite, pois é exatamente isso que você está dizendo ao outro.
Ao posicionar-se desta forma, separa-se o joio do trigo, assim poderá refletir se deveria ter priorizado melhor utilizando critério diferente, ao invés de escolher a resposta convencional, justificadora e na maioria das vezes, mentirosa – “Desculpa, estou muito ocupado”. Quando assumimos a responsabilidade e o poder sobre nossas escolhas, optamos consciente e claramente entre priorizar o que e quem é necessário dar atenção ou assistir ao último episódio do seriado favorito.
Ao adotar essa nova atitude, perceberá a importância de valorizar e priorizar o seu tempo, decidir como, quando e com quem usá-lo e, não mais justificar-se. Dizer a alguém claramente que ela não é uma prioridade para você é mais difícil, também não glorifica sua ocupação e afirma que seu tempo é mais valioso do que o dela.