Continuando nossa saga em meio ao termo Compliance, que não se auto explica na tradução literal da palavra para nossa pátria língua, mas, no artigo anterior fiz essa explicação com exemplos claros e bem definidos, também expus a libido de cometer atos incorretos que assola o povo brasileiro. Veja aqui: https://www.linkedin.com/pulse/o-que-%C3%A9-esse-tal-de-compliance-maur%C3%ADcio-roncato-piazza- , neste mesmo artigo também escrevi... “A consciência é fundamental, penso em alguns exemplos, como “gatonet”, pirataria de produtos, estacionar em local proibido, oferecer propina para o guarda de transito, pedir atestado médico sem estar doente para apresentar na empresa, entre tantos outros”.

Qual o tesão que domina as pessoas em se apoderar daquilo que não lhes pertence?

Feita a aposta, vamos rolar os dados!!! Hum, opa, aí não dá, sem jogos de azar caros leitores, isso aqui, afinal, é um artigo sobre compliance. Um adendo, quando me refiro à “se apoderar aquilo que não lhes pertence”, não estou me referindo a criminosos profissionais, estou me referindo a pessoas comuns, aquelas que no dia a dia vão aos seus trabalhos, pagam as contas do mês, têm seus filhos na escola, frequentam alguma religião, tem amigos e vida social. Isso soa estranho, não acham?

Pois bem, dito isto, precisamos ter em mente que os empresários, chefes de estado, forças de proteção, funcionários celetistas, públicos e autônomos, políticos em geral e etc. estão inclusos nessa categoria, ou seja, categoria de pessoas aparentemente normais que em algum momento das suas vidas podem violar regras, leis ou costumes morais em benefício próprio. Então este dilema ético pode, de fato, estar presente na sociedade em geral. Devemos começar a trabalhar e espalhar, educar, aculturar para que isto seja abrandado, que tais dilemas éticos deixem de ser dilemas e passem ser a razão do que é a escolha correta realmente.

Um dos principais direcionadores do momento em relação ao compliance segue na linha de que, se o grande empresário ou a alta administração da empresa não ser ética e não apoiar o que é certo, nada funcionará em relação ao cumprimento das normas ou regras, podemos então pensar no sentido de um pai de família dando o exemplo de ética e moral dentro de casa, assim tudo poderá fazer sentido e ser mais claro para a família a necessidade de se optar por fazer a coisa certa, ou ainda, se políticos pudessem ser exemplos para sociedade, agindo com retidão e lealdade, a mesma coisa das outras classes que tem a possibilidade de exemplificar o que é a boa conduta, haverá em algum momento a possibilidade deste ciclo dar certo, mesmo eu sendo cético em relação ao tempo que isto demoraria para acontecer.

Já que não conseguimos estabelecer ou calcular o tempo deste ciclo de ética, devemos exercitar isso diariamente, pequenas ações, boas ideias, ajudar no discernimento dos menos orientados aos poucos, sem forçar, sem manifestar poder ou criar soberba. Precisamos acabar com o conceito que domina o Brasil, esse conceito desvirtuado alegando que a pessoa honesta é a pessoa tola, creio que essa é a primeira barreira a desmontar, o certo é o certo e o errado está errado, simples assim e fácil de entender. Acabar com a tal “Lei de Gerson”, querer levar vantagem em tudo, é nisso que pecamos cada vez mais e mais, somos reflexos da sociedade, não adianta responsabilizar os outros se não fazermos a nossa parte, ou apenas querermos ser iguais sob esse ponto de vista com o uso da justificativa, “todo mundo é assim, todo mundo faz assim!!!”. Pessoal, eu não sou assim, tenho encontrado muitos empresários, profissionais de inúmeras áreas e inúmeros níveis hierárquicos que não são assim, são honestos, são éticos, são diferentes, temos que nos diferenciar diariamente, continuar se esforçando e lutando para que a honestidade se torne a regra comum e não a exceção, como parece ser.

Seguir as leis, as normas, ou seja lá o que for, ser e estar em compliance, não é coisa somente para as organizações públicas e privadas, para a classe política, classe medica ou jornalística, é para todos, com consciência, força e união.

Mauricio Roncato Piazza. MBA - MASTER IN BUSINESS ADMINISTRATION em Gestão de Riscos Corporativos pela FAPI – FACULDADE DE ADMNISTRAÇÃO DE SÃO PAULO BRASILIANO & ASSOCIADOS. Especialista em GCN – Gestão da Continuidade de Negócios pela Brasiliano & Associados – FAPI. PERITO JUDICIAL TRABALHISTA, Especialista em LEAN MANUFACTURING. Palestrante da Next Business Media – CorpRisk e CorpBusiness, edições de riscos e compliance, nas áreas de GRC, Fraudes e BCP (Business Continuity Plan) e AMCHAM – Câmara Americana de Comércio, onde é membro convidado do Comitê de Compliance e Gestão de Riscos. Autor e colaborador do site “Monitor das Fraudes” http://www.fraudes.org. Graduado em Ciências Contábeis, Executivo de Riscos e Compliance, Auditoria Interna, Canal de Denúncia e Segurança Corporativa. Atua no combate a fraudes/corrupção e desvios de informações. Na contabilidade atuou durante 17 anos na área tributária, desenvolvendo-se em planejamento tributário nos ramos de comércio, indústria e serviços. Possui profundo conhecimento em implantação de sistemas integrados (SAP, Microsiga, RM e PLACOMP), no que tange as áreas tributárias e de finanças. Autor de diversos artigos e da Teoria da Estrela da Fraude. Professor de Pós Graduação nas instituições FESP (Faculdade de Engenharia de São Paulo/Brasiliano e Associados) e FIA (Fundação Instituto de Administração) e palestrante abordando assuntos relacionados à Riscos Corporativos, Fraudes, Investigações, Compliance, Código de Conduta, Ética Empresarial e Canais de Denúncias.