Tenho lido várias publicações de profissionais em transição de carreira relatando sobre suas experiências. Felizmente, em sua maioria são relatos inspiradores focados nos benefícios e aprendizados que a situação proporciona. Comecei a refletir sobre o impacto destas experiências nas empresas que futuramente contratarão estes profissionais. Chamou-me atenção como a maneira como se atravessa o período de transição pode trazer benefícios não apenas para os profissionais, mas também para seus próximos empregadores. Eis alguns exemplos:

 

- Profissionais com conhecimento reciclado: aqueles que equilibram o seu tempo entre a busca de recolocação e o investimento em autodesenvolvimento chegarão a uma nova posição com mais conhecimento e até mesmo novas habilidades, que podem ter sido adquiridos por meio de um curso pago, um seminário, um curso gratuito pela internet, leitura, webinar etc. Não importa o método, e sim o conteúdo que o profissional buscou agregar para se tornar mais completo, mais atualizado, e que certamente refletirá na sua contribuição no novo emprego.

 

- Profissionais com “networking” renovado e fortalecido: o período de transição estimula e ensina a se desenvolver uma rede de relacionamentos mais diversa e forte do que a que se mantém enquanto empregado. Quem sabe aproveitar a transição para se relacionar mais e melhor traz para o novo empregador acesso a novos contatos, com maior diversidade e que certamente serão acionados diante de situações vivenciadas desde o início no novo emprego.

 

- Profissionais mais seguros e resilientes: por mais que a transição possa impactar na autoestima do profissional, ela propicia também uma evolução em termos de AUTOCONHECIMENTO ao desencadear análises que fortalecem a autoconfiança para o antes e o após a recolocação. O contato com consultores, coaches e profissionais que auxiliam no processo de busca de uma nova posição também promove muitas reflexões que reforçam o reconhecimento de suas forças e, por outro lado, focam no desenvolvimento dos pontos de melhoria. Além disso, por mais que quem continue empregado esteja exercitando sua resiliência diante das pressões por resultados cada vez maiores, a necessidade de lidar com a pressão gerada por si mesmo diante da adversidade do cenário de transição prepara o profissional para reagir de maneira mais madura e serena às pressões que encontrará na volta ao ambiente corporativo.

 

- Energia e motivação no mais alto nível: nunca faltarão motivos para um profissional que inicia em nova posição após a transição apresentar o máximo engajamento,  garra e força para superar todas as expectativas. Uma tendência natural ao experimentar a sensação de estar produzindo novamente e o prazer de sentir-se valorizado, além da predisposição para prover retorno para a nova empresa em gratidão à oportunidade recebida (pois todo ser humano tem esta tendência inerente a querer retribuir o benefício que recebe do outro).

 

- Talentos renovados em “promoção” e com “prazo de entrega” imediato: foi o que ouvi em vários dos workshops que participei na Lee Hecht Harrison, empresa com cujo suporte estou contando em meu processo de transição. De fato, a empresa que buscar um talento que não está empregado não precisará necessariamente apresentar uma oferta em termos de salário acima do valor pago pelo último empregador, estratégia muitas vezes utilizada para convencê-lo a mudar de empresa. E também não terá que esperar o tempo necessário para desligamento da última posição: pode-se iniciar na nova empresa imediatamente!

 

Não à toa muitos se referem ao período de transição como uma oportunidade para se REINVENTAR. Aqueles que souberem realmente aproveitar seu tempo disponível para enriquecer seu perfil terão frutos a colher no futuro, e estes serão colhidos em quantidade acima da média por seus novos empregadores. Espero que este futuro não tarde, e que todo o cenário econômico se transforme para começarmos a perceber que a “promoção de talentos” está valendo “por tempo limitado, pois os estoques estão se esgotando”.