O PORQUÊ DOS 10 OU 8 SENSOS AO INVÉS DOS 5 SENSOS?
Muito se fala no Programa de Gestão 5S. Vocês sabem, como o programa foi pensado, criado e implementado? O Programa 5S normalmente é implementado como um plano estratégico para que alguns aspectos fundamentais das organizações comecem a apresentar melhorias rumo à qualidade total. Sendo uma importante ferramenta, para garantir a certificação da norma ISO 9001. Essa norma está adequada à filosofia do ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act = Planejar, Fazer, Verificar e Agir), de melhoria contínua, que garante melhorias significativas para a organização, evitando a estagnação.
Entre as exigências da norma estão o mapeamento de processos, a política de qualidade, o planejamento do sistema de gestão e a realização da auditoria interna. O sistema de gestão 5S garante que vários desses pontos sejam atendidos, pois ele é uma ferramenta do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), que busca a qualidade total.
O Dr. Kaoru Ishikawa foi o grande precursor do processo de crescimento e pela competitividade que o Japão possui hoje no comércio internacional. Sua participação, a partir de 1949, foi ativa na formulação do modelo japonês da qualidade - sistemática do controle e gestão da qualidade - em conjunto com dirigentes de empresas e seus funcionários, professores do QC Research Group da JUSE, liderados também pelos Drs. Sigueru Mizuno e Tetuichi Asaka (Universidade de Tóquio).
Em 1950, a sua equipe propõe um método de combate ao desperdício para ajudar o país que ainda amargava a destruição da guerra e reconhecia a sua limitação de recursos naturais. Propuseram a adoção de 5 Sensos, que se aplicados com a metodologia adequada, auxiliariam na redução de todas as formas de desperdício. Nascia então o Sistema dos 5S’s:
SEIRI: Senso de Utilização
SEITON: Senso de Ordenação
SEISO: Senso de Limpeza
SEIKETSU: Senso de Bem-Estar
SHITSUKE: Senso de Autodisciplina
Aí muitos me perguntam, o porquê discordar de um método amplamente divulgado, que demostrou assertividade e é utilizado até hoje?
Embora o método seja conhecido e utilizado no mundo inteiro, a maior barreira na implementação nas empresas brasileiras é a falta de uma efetiva participação da alta direção, aliada à falta de engajamento dos colaboradores, não permitindo que se tenham as condições para as melhorias e, consequente, combate aos desperdícios. Por isso, com a evolução dos processos de gestão, torna-se necessário a inclusão na metodologia de mais 3S’s:
SHIKARI YARO: Que representa o senso da determinação e união, que requer a participação da alta direção em parceria com a união de todos os colaboradores. O fator de sucesso é o exemplo que vem de cima e a motivação, liderança e comunicação são as chaves deste senso.
SHIDO: Que representa o senso de formação profissional (capacitação, educação e treinamento) visando qualificar o profissional e engrandecê-lo como ser humano. O membro da Força de Trabalho (empregado, terceirizado, consultor interno, estagiário etc.), passa a ser mais criativo e produtivo e ter melhor empregabilidade, essencial para ocupar novas posições dentro e fora da empresa.
SETSUYAKU: Que representa o senso de economia e combate aos desperdícios. Este senso decorre quando os demais sensos estiverem incorporados no dia a dia das pessoas, estas se sentem motivadas para introduzir mudanças e melhorias de baixo ou nenhum investimento, mas que contribuem no combate aos desperdícios e no aumento da produtividade. A questão fundamental deste senso é a que somos responsáveis por administrar recursos escassos, principalmente o tempo e o dinheiro. É o que alta direção da empresa espera de sua Força de Trabalho e os clientes e acionistas esperam da empresa. COM ISSO, TODOS SE TORNAM STAKEHOLDERS!
Com isso, conseguimos os seguintes resultados:
• Melhor ambiente de trabalho.
• Mudança comportamental voltada para a criação de um ambiente de motivação.
• Prevenção de acidentes.
• Conservação de energia.
• Melhoria na colaboração dentro da organização.
• Melhoria do moral.
• Redução do absenteísmo.
• Melhoria da qualidade.
• Aumento da produtividade.
• Combate efetivo aos desperdícios.
• Otimização dos recursos.
• Entre outros...
E com a evolução dos processos de Gestão, já chegamos ao 10S. com a inclusão do SHISEI RINRI – Princípios Morais e Éticos, e o SEKININ SHAKAI – Responsabilidade Social.
Por isso, afirmo: Não existe milagres, mas sim os 3P’s (PESSOAS, PESSOAS, PESSOAS) com (PLANEJAMENTO/PROCESSO/ENTREGA).
Pensem nisso e até a próxima!
SOBRE O AUTOR:
José Renato Alverca
É Business Division Manager da Gi Group.
É Membro Fundador do IBPDICC – Instituto Brasileiro de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação em Crédito e Cobrança, Pesquisador, Especialista em Crédito, Cobrança, Meios de Pagamento, Adquirência, Outsourcing, Gestão de Pessoas e RH e TI.