Há tempo venho refletindo sobre como abordar esse tema delicado e que pode ser estratégico, na vida de muitos.  

Em meu cotidiano, como Coach e Psicoterapeuta, deparo-me com pessoas que se sabotam inconscientemente, de forma intensa e sofrem em função de atitudes tais como:  

  • Ocupam-se com a vida alheia (foco no outro e não em si);
  • Buscam agradar os outros (visam evitar conflito e rejeição);
  • Buscam a “perfeição” (crença - solução e execução perfeita em tudo);
  • Resistem à mudança ou a realidade que se impõe.

  Atitudes essas que geram desperdicio de energia vital com preocupações generalizadas que resultam em: criar um problema para cada possibilidade de solução; desenvolver visão negativa, derrotista e generalizada sobre pessoas e mundo; manutenção de crenças disfuncionais e sabotadoras, aumento da ansiedade, estresse, somatização, infelicidade e frustração pela sua não realização.  

Isso ocorre devido à baixa autocrítica e a falta de um gatilho cognitivo que te faça questionar seu “modus operandi", visando libertar-se da usual atitude disfuncional.

Esse artigo não tem por objetivo incentivar ou fazer apologia ao uso dessa expressão popular de ampla e errônea utilização cotidiana, nem tão pouco constranger algum leitor. Mas sim, oferecer oportunidade de reflexão sobre seu impacto e benefícios quando bem utilizada em momentos que julgue necessário, visando à transformação e aumento de sua qualidade de vida.   

Tal expressão serve como metáfora para designar um posicionamento e atitude de pouca ou nenhuma importância com alguma situação, pessoa ou cenário, desnecessário e disfuncional aos olhos de quem a utiliza. Também interpretado por alguns como fuga momentânea da realidade. Particularmente, discordo! Vejo como a grata oportunidade de romper com um padrão atitudinal passivo, tornando-o ativo e focado em si.  

Alerta: Esclareço que o uso da expressão, dá-se sempre em seu diálogo mental interno frente alguma situação. Não se trata de sair por ai mandando uns e outros se danarem, porém é neste ponto que o F***-** tem sua força - na irreverência que liberta.

Atente para não usar o F***-** emocionalmente - com sentimento de raiva, despeito ou tristeza, pois os resultados podem ser desastrosos. Antes de tudo, avalie e posicione-se frente à situação racionalmente e use-o conscientemente, com humor e leveza.

Tal expressão quando utilizada com propósito, advém do desejo e escolha consciente de mudar seu foco, o poder, a atenção e importância alocados aos outros, para si. Dessa forma, vivencia-se o poder libertário de “não estar nem ai para os outros” e seguir sua própria intuição e assim, ser, ter e fazer o que escolher para si. Em suma, deixar de “viver” como refém dos outros e ocupar-se integralmente com sua própria vida.  

O F***-** a princípio, transmite mensagem de indiferença, pouca importância e inconsequência, sobretudo quando utilizado com raiva. Embasado por escolha e atitude consciente e positiva, emite mensagem assertiva como: Respeito sua opinião, mas discordo, vez que não me interessa, agrega ou impacta em minha vida. É exatamente neste ponto que reside o seu poder libertário. Puxar o foco para si e não mais importar-se com a opinião/ julgamento dos outros e impor limites na relação.  

Tudo aquilo que você focar, crescerá e o controlará, seja isso funcional ou não com seu propósito de vida.  

Essa forma de expressão é poderosa porque desconstrói nossas “pseudo certezas”, valores e regras fixas, desafiando os pensamentos que criamos como verdadeiros ou até absolutos, mas que apenas servem para nos escravizar quando escolhemos empoderar e conceder o “direito de ser julgado” ou invadido por outros.   

Recomendo o uso do F***-** àqueles que vivem se controlando e querem ser “perfeitos”, aos que vivem de aparência para agradar os outros e aos que morrem de medo de se arriscar ou serem reprovados por outros.  

O F***-** está à sua disposição a qualquer momento. Ele contém poder suficiente para você desimportar-se com os outros (seus pensamentos, julgamentos, opiniões e atitudes), para importar-se consigo (seus valores, crenças, atitudes, opiniões e decisões). Parece óbvio, mas, lembre-se que a responsabilidade e consequencias de suas ações ou inações serão sempre suas, nunca daqueles que pretenciosamente te afirmam o que é “melhor” para você.  

Exemplos de uso situacional do F***-**!:  

  • Estou cheio de problemas, reclamar não vai resolver. Então...F!
  • O chefe não cumpre agenda para definirmos meu plano de viagem ao exterior. Então...F!
  • O chefe vive me obrigando a fazer hora extra, mesmo quando não há demanda. Então...F!
  • Tenho uma ideia para iniciar meu próprio negócio, mas não tenho o apoio (benção) que “preciso”, da família, amigos, noiva, etc. Então...F!
  • Sinto medo de correr risco em situações pessoais ou profissionais que não tenho controle. Então...F!
  • Sinto medo e culpa quando não agrado ou atendo as necessidades e expectativas de outros. Então...F!
  • Sinto medo de ficar desempregado e ter que depender de alguém. Então...F!  
  • Quando me criticam e afirmam que preciso emagrecer ou que preciso aprender a ser mais submissa senão vou morrer solteira. Então...F!  
  • Quando meu pai ou mãe fazem chantegem emocional para que eu siga a carreira deles. Então...F!
  • O que (figura a quem você dá poder sobre sua vida) vai pensar ou falar de mim quando não sigo os conselhos, não faço o que julga certo, não o agrado ou não atendo suas expectativas? Então...F!

Em tempo, experimente dizer mentalmente, F***-** para toda a carga emocional de seu passado que ainda carrega, para os medos que mantém, para as crenças disfuncionais, apegos e obsessões. Irá se sentir leve e livre para existir por si.   

O lixo que carregamos pesa na alma e gera a sensação de carregarmos o mundo nas costas. Questione-se sobre qual o propósito de “querer/ precisar” cuidar tanto das pessoas. Compreenda e aceite que cada um é responsável por sua felicidade ou infelicidade.   

Quer libertar-se, viver leve, feliz, realizado, se ocupando com sua própria vida e sem inferir na de ninguém? Aperte o botão do F***-** sempre que necessário, sem hesitar, com sabedoria, bom senso e sem culpa!  

Marcio Caldellas – Psicólogo clínico, Personal, Career & Executive Coach certificado pela Sociedade Brasileira de Coaching e BCI – Behavioral Coaching Institute – USA. Sólida carreira desenvolvida em Executive Search como Headhunter atuando com posições executivas. www.mccoaching.net