O Impacto nos Custos pela Falta de Prevenção do Câncer
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Segundo a OMS (03/02/2017) o número de mortes no Brasil por conta de câncer aumentou 31% desde 2000 e chegou a 223,4 mil pessoas por ano no final de 2015. Hoje, o câncer é a segunda causa de mortes no País, superado apenas por doenças cardiovasculares. Entre os tumores, o maior responsável pelas mortes é o câncer no sistema respiratório, com 28,4 mil casos em 2015. O câncer de cólon foi o segundo maior responsável por mortes, com 19 mil. Em terceiro lugar vem o tumor de mama, com 18 mil mortes em 2015 no Brasil.
O problema é global: atualmente, uma a cada seis mortes no mundo é causada por câncer. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem a doença a cada ano e a projeção indica que esse número irá atingir 21 milhões em 2030.
O custo da doença tem sido cada vez maior e já soma US$ 1,1 trilhão em produtividade perdida e custos com seguros de saúde. Estudos apontaram que o custo de um tratamento contra um tumor em seus estágios iniciais pode ser 4,75 vezes inferior aos gastos que o paciente teria caso a doença esteja em um estágio mais avançado. Segundo estudo da Harvard Medical School of Public Health at the World Economic Forum, dos 13,3 milhões de novos casos de câncer em 2010, US$ 290 bilhões foram gastos com tratamento, sendo que os custos com a medicação representaram US$ 154 bilhões (53% do custo total). Existe uma estimativa de aumento de 36,7% no custo total do tratamento do câncer para 2030, ou seja, US$ 458 bilhões (Bloom et al., 2011).
Para o Brasil, em 2016, são esperados 57.960 casos novos de câncer de mama, 61.200 casos novos de câncer de próstata, 16.660 casos novos de câncer de cólon e reto em homens e de 17.620 em mulheres, 16.340 casos novos de câncer do colo do útero e 17.330 de casos novos de câncer de traquéia, brônquios e pulmões entre homens e 10.890 entre mulheres.
A boa notícia é que alguns tipos de câncer são passíveis de prevenção, que pode ser primária ou secundária:
O objetivo da prevenção primária (ações educativas) é impedir que o câncer se desenvolva. Isso inclui a adoção de um modo de vida saudável e evitar a exposição a substâncias causadoras de câncer.
O objetivo da prevenção secundária do câncer é detectar e tratar doenças pré-malignas (por exemplo, lesão causada pelo vírus HPV ou pólipos nas paredes do intestino) ou cânceres assintomáticos iniciais. Pode ser feita por meio de rastreamento / screening e de diagnóstico / detecção precoce: O rastreamento (screening) é o exame de pessoas assintomáticas utilizado para classificá-las como passíveis ou não passíveis de ter uma enfermidade objeto do rastreamento. O diagnóstico precoce é o procedimento utilizado na tentativa de se descobrir o mais cedo possível uma doença, através dos sintomas e/ou sinais clínicos que o paciente apresente, principalmente quando associados à presença de fatores de risco.
Um estudo feito no Reino Unido e publicado em 2014 demonstrou que quando o diagnóstico de câncer é feito precocemente, os custos com o tratamento são bem menores. O estudo interessou 4 tipos de câncer - de cólon, reto, pulmão e ovário. Por exemplo, considerando-se o câncer de cólon, quando diagnosticado no estádio 1 (quando mais de 9 em cada 10 pacientes sobrevivem em 5 ou mais anos) custava 3.400 libras ao NHS. Porém, quando diagnosticado tardiamente - estádio 4 (quando menos de 1 em cada 10 pacientes sobrevivem por 5 ou mais anos) custava 12.500 libras aos cofres britânicos. O estudo também mostrou que se o Sistema Nacional de Saúde britânico tivesse diagnosticado esses cânceres mais cedo, poderia ter feito uma economia significativa no tratamento (cerca de 44 milhões de libras) além do que poderia ter beneficiado 11 mil pacientes.
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Referências:
1. Mortes por câncer aumentaram 31% no Brasil em 15 anos, afirma OMS. Notícias UOL. 2017. Disponível em: https://noticias-uol-com-br.cdn.ampproject.org/c/s/noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/estado/2017/02/03/mortes-por-cancer-aumentaram-31-no-brasil-em-15-anos-afirma-oms.amp.htm
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2. Bloom DE, Cafiero ET, Jané-Llopis E, et al. The Global Economic Burden of Noncommunicable Diseases. Geneva: World Economic Forum, 2011.
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3. Hyeda, A C; Élide S M. Uma análise preliminar dos custos em quimioterapia ambulatorial no sistema de saúde suplementar. J. bras. econ. saúde (Impr.)7(2), maio-ago. 2015.
4. Dez gráficos que explicam o impacto do câncer no mundo. BBC Brasil. 2016. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160204_gch_graficos_cancer_fn
5. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer - José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro: INCA, 2015.
6. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. Cap. 5: Ações de prevenção primária no controle do câncer – Rio de Janeiro: INCA, 2008.
7. Cancer Research UK. Saving lives, averting costs. An analysis of the financial implications of achieving earlier diagnosis of colorectal, lung and ovarian cancer. September 2014.