Reclamamos com razão das novas regras da CEF (Caixa) para financiamento imobiliário que passarão a vigorar a partir de 4 de maio de 2015. O Banco, ao tentar atender a demanda reprimida há décadas, ao reiniciar por determinação do Governo os financiamentos habitacionais em 2009, exagerou na dose e da lá para cá, parece que gastou o que não podia. Muitos colegas Corretores de imóveis estão preocupados e surpresos com a recente medida de aumentar juros e reduzir o percentual que pode ser financiado, exigindo um montante maior à vista(50% frente aos 20% anteriores). Numa comparação internacional, o Brasil é extremamente conservador no que tange a financiamento imobiliário X PIB(Produto Interno Bruto). 


A intenção da medida é que a instituição faça novas captações e descubra novas fontes de financiamento ao crédito imobiliário. A medida acaba por ser incentivo à compra de imóveis novos e estimula lançamento de novos empreendimentos. Quem se beneficia com essa ação, em princípio, são as incorporadoras e construtoras. Os preços dos imóveis usados tendem a cair no curto prazo, só que não podemos esquecer que o imóvel novo de hoje é o usado de amanhã. Especialmente no segmento de imóveis comerciais há uma oferta em muitas cidades muito superior a demanda. 


Imóveis usados estão sendo gradualmente desocupados em conexão com a estagnação econômica da economia brasileira. Imóveis comerciais novos demoram meses para serem alugados ou tem seus valores de venda e alugueis reduzidos.


Em muitos casos é necessário vender um imóvel usado para comprar um novo, ou mesmo outro usado de maior ou menor valor, ou mais adequado ao novo perfil familiar (casal recém-casado, casal separado, teve filhos, mais perto do trabalho etc). Se o comprador/vendedor tem dificuldade em termos de liquidez com o imóvel ( que amplamente sabido não é o melhor ativo neste sentido) , certamente não conseguirá comprar outro imóvel, seja novo ou usado. O reflexo negativo já está acontecendo, apenas com as notícias sobre a redução do percentual a ser liberado para aquisição de imóveis usados. Aliado ao aumento dos juros gerará uma retração no mercado imobiliário como um todo e consequente perda de postos de trabalho.


Por outro lado, bancos não querem imóveis, mas sim dinheiro e se o governo restringe os créditos por meio de seus bancos públicos, mais sabidamente a CAIXA e Banco do Brasil, a iniciativa privada certamente se fortalecerá no mercado, abrindo novas oportunidades. Destacam-se HSBC, Bradesco, Santander e Itaú nesta briga. Inclusive o HSBC, tem flexibilidade maior na análise sobre o tipo do imóvel (comercial ou residencial) que em Brasília, especialmente é um grande problema. As quitinetes que há 30 anos foram pensadas para fins comerciais (e levam o nome de “sala” em sua matrícula) são amplamente usadas no Guará, Sudoeste ou mesmo Lago Norte para fins residenciais. O que a CAIXA rigidamente analisa como “comercial”, por exemplo, em muitos casos o HSBC considera “residencial”, tendo como base o IPTU com alíquota residencial. Lembrando que há outras formas de financiamento também como os cada vez mais populares consórcios. Devemos ficar atentos aos aumentos das taxas de juros, no entanto.


O SINDIMÓVEIS/DF, usando das prerrogativas que lhe são facultadas, quer ouvir os Corretores de imóveis e imobiliárias e todos os prejudicados (compradores e investidores), que já deram entrada em processos de financiamentos, para que possamos agir e assegurar o resultado positivo sem prejuízo aos interessados. Nosso peso político pode ser importante para o pleito junto a CEF. Talvez, a perda de participação de mercado (market share) da instituição gere um benéfico efeito positivo no médio prazo no mercado como um todo.