Já ouviu falar em Lean Healthcare? Veja um exemplo prático!
O Lean Healthcare consiste nos princípios do Lean Six Sigma aplicados a área da saúde, como em hospitais, clínicas e postos de saúde.
Para este exemplo, escolhi um processo específico do hospital: A lavagem das roupas hospitalares. Por quê? Porque pesquisei o assunto para um trabalho real e quero compartilhar o que aprendi com vocês. Então, vamos ver este processo de perto?
Lavando a roupa suja
Você já se perguntou: Quem lava as roupas de cama, aventais dos médicos e enfermagem, cobertores e toalhas dos hospitais?
Bem, você deve imaginar que não é um trabalho para qualquer um. Nem para ser feito de qualquer maneira.
Mas o que este processo pode ter a ver com o Lean Six Sigma? Será que algumas melhorias implementadas em outras áreas podem ser aplicadas aqui e vice-versa?
Na verdade, existem normas que regulamentam este tipo de atividade, como o manual de lavanderia hospitalar (1986) e o documento Processamento de roupas de serviços de saúde – prevenção e controle de riscos (2009), ambos do Ministério da Saúde.
O fluxograma do processo de lavagem das roupas hospitalares está representado na figura abaixo:
Vamos fazer uma descrição do processo e das oportunidades de melhoria.
Tudo começa com a coleta de roupa suja, que são retiradas do hospital em sacos chamados hampers. Estes são transportados em carrinhos, nos quais os funcionários precisam curvar a coluna para retirar os hampers de dentro, como na figura abaixo.
A primeira melhoria que é estudada são carinhos com molas no fundo, para que elevem os hampers conforme forem sendo retirados, permitindo uma posição mais ergonômica para o funcionário. Na figura seguinte temos um esboço de como poderia ser o carrinho ergonômico.
E aí? Você já viu algo parecido por aí? Imagina onde este sistema poderia ser utilizado?
Seguindo, como todo o processo de coleta, os princípios da logística enxuta podem ser aplicados aqui: roteirização da coleta, para minimizar gasto com combustível e desgaste do veículo, e um cuidado especial com os horários de trânsito intenso (hospitais costumam ficar em locais centrais e bastante movimentados da cidade).
Importante observar que isto é aplicado para hospitais que não possuem sua própria lavanderia. Para os que possuem, aplicam-se os mesmos princípios de redução das rotas, e um cuidado especial para evitar a contaminação das áreas do hospital pelas roupas sujas.
Chegando à lavanderia, temos que ela se divide em duas áreas:
- Área Suja: onde as roupas são recebidas, separadas e pesadas e
- Área Limpa: onde as roupas são centrifugadas, secas, passadas ou calandradas e embaladas.
Estas áreas são separadas por uma barreira física (parede), o que impede que as roupas que chegam contaminem as roupas que já foram lavadas.
Área Suja
Na recepção das roupas, na Área Suja, existe um grande risco de contaminação devido ao tipo de sujidade das roupas. Além disso, existe o risco de se ferir com objetos cortantes ou perfurantes que podem estar no meio das roupas.
Esta é outra oportunidade de melhoria, onde para evitar o risco de acidentes, os próprios funcionários do hospital deveriam verificar a presença de objetos estranhos nas roupas, antes de colocá-las nos hampers.
As roupas que chegam à lavanderia devem ser separadas por sujidade (aquelas que contém fluidos corpóreos como vómito, fezes, sangue, etc, e aquelas que não contém) e, também, deve-se separar os cobertores das roupas leves (lençóis fronhas, etc) para que os últimos não fiquem cheios de felpas.
Uma vez separadas, as roupas são pesadas antes de serem colocadas nas lavadoras. O processo de lavagem varia com nível de sujidade, sendo que precisa haver uma verificação da eficiência desta lavagem na desinfecção das roupas.
Este é outro ponto de discussão, pois as roupas precisam ser esterilizadas para sua reutilização no hospital sem riscos à saúde dos pacientes. Existem discussões sobre o nível de descontaminação do processo de lavagem relacionado com os produtos usados.
Em diversos processos de reutilização, a descontaminação é uma preocupação frequente. Para citar um exemplo, podemos tomar o caso das garrafas de vidro.
Área Limpa
Após a lavagem, as roupas passam para a Área Limpa, onde serão centrifugadas, secas, calandradas ou passadas, dobradas e embaladas para serem entregues nos hospitais.
Todos estes processos possuem oportunidades de melhoria, seja na utilização dos equipamentos, seja na segurança dos processos, entre outros. Podemos discutir cada um destes processos em detalhe, mas não é a intenção aqui. Talvez em um próximo texto, o que acham?
E tem mais...
Existem outras melhorias podem ser feitas nas lavanderias hospitalares?
Sim, existem!
Uma delas é a informatização do sistema, que possibilita um melhor planejamento para utilização das lavadoras e de outros recursos. Como citado anteriormente, existe a necessidade de distribuir melhor a utilização dos equipamentos.
Esta necessidade ocorre devido a diferença de tempo de ciclo e de capacidade de cada um. Exemplo, o tempo de ciclo da lavadora é maior que o da centrífuga, e ambas podem ter capacidades diferentes.
Além de alinhar estas discrepâncias, não podemos esquecer que existe uma sazonalidade da demanda, por exemplo, no inverno ocorre um uso maior de cobertores. Isto exige um número maior de ciclos dos equipamentos do que no verão.
O uso de sistemas informatizados permite a criação de gráficos e a previsão dos períodos do ano em que haverá uma demanda maior ou menor.
Outra melhoria sugerida em alguns estudos é o tratamento e a reutilização da água tratada como uma forma de eliminar o desperdício. Além de ser uma prática ambientalmente correta, colabora para reduzir o custo associado ao consumo de água e a sua disposição.
Uma lavanderia consome muita água e a disposição de água contaminada com agentes patogênicos não pode ser feita de qualquer forma. Reduzir o consumo de água e garantir a descontaminação da água que sai do processo é de interesse da sociedade.
Com a atual situação de falta de água, a busca pela economia e reutilização está em todos os processos. Aqui, não poderia ser diferente, não é?
Se quiser saber mais sobre este assunto, ou outro assunto relacionado ao Lean Six Sigma, entre em contato.