Abordo, nesse artigo, algo de extrema relevância nesse período de transição e constantes mudanças na área de RH. Antes, porém, devemos voltar à história e lembrar de que, testes e inventários psicológicos são utilizados desde o século XVIII, nos primórdios da psicologia americana em avaliação de recrutas para as grandes guerras. Anos e décadas se passaram e tais instrumentos foram se refinando e se aperfeiçoando (menos no Brasil).

Outro dia, em uma palestra que ministrei na ABRH de Campinas, falamos exatamente sobre a dificuldade que a psicologia tem em avançar nos temas de avaliação. Há alguns esforços, confesso, mas em mais de 50 anos de profissão, o psicólogo evoluiu pouco e no passado, utilizou mal o "poder" concedido a ele por esses instrumentos, que, hoje, já nem mais possui. Mas de quem é a culpa? Credito isso, obviamente à evolução dos processos de avaliação e psicometria, onde pessoas sem formação em psicologia elaboraram testes e inventários com muito mais acuidade do que os próprios instrumentos psicológicos. Mas há também na nossa cultura de avaliação, onde, como em quase todas as esferas da nossa vida, preferimos o que vem de fora do que é feito aqui. Um teste ou inventário traduzido que custa US$ 100,00 a licença tem mais valor do que um instrumento com a metade do preço desenvolvido no Brasil. Isso se dá pelos modismos e inclinações na área de gestão de pessoas, que embarca na "ferramenta da vez", comprando e aplicando instrumentos sem saber para que e por que.

Precisamos parar e refletir que, grife e preço não são sinônimos de qualidade e que a avaliação psicológica, por si só, não representa nada, pois é um instrumento acessório para auxiliar na contratação do candidato correto para a vaga e nunca, em nenhuma hipótese, deve ser utilizado como ferramenta e fonte única para avaliar um perfil.

Reflitam um pouco sobre onde e como investir seus recursos (que, confessamos, estão escassos) e escolham realmente um instrumento que traga resultados esperados e faça uma leitura íntegra do candidato e não apenas o rotule com quatro letras, apenas. sem um significado por trás daquilo.