Considerando o momento atual do mercado de trabalho brasileiro, tenho observado dois tipos de profissionais que buscam recolocação. Aqueles que sabem o que querem, possuem clareza, desenham e planejam suas carreiras, correm riscos calculados para garantirem a execução de seus planos, agem focados em seus propósitos profissionais e que sejam congruentes com suas vidas pessoais.

Existem outros que não tem claro o que querem fazer, às vezes, sabem o que não querem mais fazer, em função de demissão anterior tendem a desesperar-se, sucumbem a pressão do tempo e da família, fato que os levam a ações desfocadas e desesperadas que geralmente culminam com o aceite da primeira proposta que aparece. Muitas vezes isso implica em ser escolhido pela empresa e não escolher, pesquisar empresas alvo (desejadas), baixar salário e/ou enfrentar grande deslocamento diário, tudo para retornarem ao mercado o mais rápido possível. Fatores esses, que com o tempo, agem como desmotivadores, gerando insatisfação, aumentando a pressão interna e que pode culminar com um pedido de demissão.

Quando não se sabe o que quer, nem vento a favor ajuda, pois será incapaz de reconhecê-lo.

Seguem alguns pensamentos e atitudes disfuncionais mapeadas:

Focar somente a questão financeira. - Algumas pessoas priorizam alguns motivos para sua realização, dentre eles, altos salários e benefícios. A lógica de perseguir a crença de que: ser feliz significa ganhar dinheiro e ter status social, pode não conter outros elementos (motivação, autonomia, expressão, criatividade, crescimento pessoal e principalmente descobrir seu propósito), para alguns, mais importantes do que apenas ganhar dinheiro e nem sempre ser bem sucedido e realizado. O ponto relevante está em você descobrir quais desses elementos te importam e o realizam.

Postergar seu sonho em busca de “estabilidade”. – Novamente a questão financeira é priorizada em função da crença que alguns nutrem, de que devemos trabalhar duro por alguns anos para obtermos, precocemente a almejada independência financeira e, posteriormente investirmos num Plano B mais realizador e que traga plenitude e felicidade.

Escolher seguir o caminho da “maioria”. – Como já dito, a grande maioria dos profissionais não sabem o que querem e desconhecem seus propósitos. Isso significa que algumas pessoas estão vivendo suas vidas de acordo com os ideais e regras de outras pessoas. Consideremos que: o que é bom para uma pessoa, não necessariamente é bom para outra e invariavelmente, nunca é!

Questione-se: O que eu estou fazendo da minha vida? Responder a essa questão pode ser libertador e minimizar os riscos de nos transformar em algo que não somos. Em contrapartida, a liberdade de escolha nos garante a oportunidade de sermos quem realmente queremos e podemos ser.

Ou você foca e se ocupa de concretizar seus sonhos ou fará parte da realização dos sonhos de outros.

A ilusão de que o trabalho dos sonhos é divertido e prazeroso. – Alguns vivem apegados à crença de que o trabalho é estimulante e divertido. No entanto, a realidade nos mostra que às vezes é divertido, estimulante, desafiador e na maioria das vezes, é frustrante com acontecimentos repletos de significados e que nos servem de aprendizados. Não vivemos em um mundo perfeito e nem vivemos apenas para fazer o que queremos, quando dispostos, o que gostamos ou que nos dê prazer – sob uma ótica emocional. Aqui reside uma grande diferença observada em pessoas de sucesso, elas agem – sob a ótica racional, fazem o que tem que ser feito, estando disposto, querendo, gostando ou não, pois tem em mente, claramente a concretização de seus objetivos, baseados em: significado, importância e realização.

Pessoas realizadas profissionalmente possuem vocação. – A vocação não é uma espécie de “passaporte” que te “garante” um destino de sucesso! Nascemos desconhecendo nossa vocação. Aprendemos inúmeras coisas conforme nos desenvolvemos, descobrimos nossas afinidades, habilidades e vocação ao longo da vida (tentativas, ensaios e erros), com muita dedicação, trabalho árduo, perdas temporárias, fracassos e persistência para não desistirmos de nossos sonhos.

Fugas repentinas e alternativas ao objetivo inicial. – Alguns dos principais diferenciais observados em pessoas de sucesso são: foco, resiliência e persistência, responsáveis por não desistirem de seus objetivos e mantê-los motivados trabalhando duro até o concretizarem.

Algumas pessoas definem suas metas/ objetivos e ao longo da jornada, deparam-se com obstáculos incômodos que, ao invés se superá-los, optam por “criar” alternativa mais fácil de enfrentar, mas que alterará seu objetivo inicial e resultados esperados. Comumente, tal prática traz frustração. Não busque o fácil, faça o que tiver que fazer e atinja seu objetivo.

Acredite: Não viemos ao mundo a passeio, como afirmam alguns por ai.

Questionar-se: O que farei? – Pense o quanto pode ser relevante questionar-se, O que serei?

Será interessante e funcional você identificar, no momento de sua busca por recolocação ou transição de carreira, qual sua cultura e valores, e assim, orientar sua busca por empresas com as quais se identifica. Somos indivíduos, mas não conseguimos viver isolados por longo tempo, quando inserido em uma organização ou grupo com cultura e valores diferentes dos nossos. Portanto, você tende a sentir-se mais feliz se estiver consonante com o sistema de valores no qual está inserido. Identificar-se com pessoas com intenções e pensamentos semelhantes, é algo que exerce um poderoso efeito transformador.

Marcio Caldellas – Psicólogo clínico, Personal, Career & Executive Coach certificado pela Sociedade Brasileira de Coaching e BCI – Behavioral Coaching Institute – USA. Sólida carreira desenvolvida em Executive Search como Headhunter atuando com posições executivas. www.mccoaching.net