Existem quatro tipos de comportamentos expressos na interação humana, principalmente, através da comunicação verbal e não verbal: 

Passivo - é aquela pessoa que diz sim quando quer dizer não. Ou seja, ela nega os seus sentimentos e desejos para evitar conflitos e/ou agradar os outros para ser aceita. 

Agressivo - é aquela pessoa que se impõe, julga e avalia os outros, muitas vezes, até desqualifica e desconsidera. A pessoa que se comporta dessa forma, está sempre tensa e preparada para o ataque ou defesa, gerando tensão e conflito na relação. 

Passivo-Agressivo – é um mix dos dois acima, face a dificuldade, da pessoa lidar com seus sentimentos negativos, sobretudo, a raiva. 

Assertivo - é aquela pessoa que tem e usa o seu direito de dizer o que pensa e sente ao outro, de forma calma, gentil e educada. Ela é assertiva quando permite que o outro a responda, quando ele se coloca em seu lugar (inversão de papéis), que demonstra consideração ao outro. Ela se faz entender e quer entender o outro também. A pessoa diz sim quando quer dizer sim e diz não quando quer dizer não. Contudo, a forma como a comunicação é feita não agride, é feita para ser compreendida. 

Autoavaliação:

Você sente dificuldade de lidar com sua raiva e expressá-la a em suas interações?

Você esconde ou disfarça seu sentimento de raiva?

Você aceita uma situação ou faz algo contrariado, para evitar conflito?

Você aceita uma situação ou faz algo contrariado, por sua dificuldade de dizer NÃO ao outro?

Quando você percebe que se contrariou, fica com raiva de si e a projeta nos outros?

Você sente um certo prazer de irritar os outros?

Se respondeu SIM a quatro ou mais questões, você age como um passivo-agressivo. 

O comportamento passivo-agressivo, advém da combinação entre a passividade e agressividade em um único comportamento conflitivo e ambivalente. Esses comportamentos podem ser expressos pela: vitimização, procrastinação, teimosia e ressentimentos. Alguns desses comportamentos são comumente observados em crianças fazendo “birra ou manha”, mas também, notados em adultos, em muitas situações cotidianas.

Alguns sinais que evidenciam esse comportamento são: sorrisos amarelos, respostas que dificultam a comunicação e uma sensação de que aquela “gentileza”, não foi feita de boa vontade. O principal objetivo do passivo-agressivo é mascarar a raiva por meio de atitudes aparentemente aceitas e pró-sociais. Generalizando, esses comportamentos têm a intenção de irritar a pessoa de quem o indivíduo sente raiva, mas de forma que não pareça o responsável ou culpado pela irritação ao outro. 

A longo prazo, esse comportamento prejudicará as relações interpessoais, sendo mais prejudicial até que uma agressão direta. Esses comportamentos criam confusões, problemas de comunicação e de confiança em um relacionamento afetivo, pessoal ou profissional. 

Comportamentos passivo-agressivos:

• É evasivo e/ou reservado;
• É autocentrado, não percebe o outro, devido à sua baixa empatia;
• Evita expressar seus sentimentos negativos, dizendo que está bem mesmo quando está visivelmente incomodado e nervoso;
• Age com a intenção de irritar a pessoa aos poucos;
• Age de forma manipuladora e controladora;
• Utiliza meios de comunicação como mensagens de texto, e-mails e mídias sociais para evitar o contato direto;
• Reprime ou nega os sentimentos de raiva;
• Projeta os seus sentimentos de raiva (não assumidos), nos outros;
• Se faz de vítima na relação com a pessoa que expressa sua raiva abertamente;
• Faz com que os outros reprimam a própria raiva e, às vezes, que tenham ataques de raiva ou fúria;
• Faz piadas sarcásticas para “alfinetar” o outro. Julga, critica, insulta, desqualifica, ridiculariza e faz brincadeiras em tom irônico;
• Quando sua raiva aflora, o passivo-agressivo fica tão ressentido que tem dificuldade até para manter contato visual com o outro;
• Fica emburrado, e não quer mais falar no assunto;
• Mesmo tentando disfarçar a raiva, fica de mau-humor, contribuindo para um clima pesado e tenso;
• Pega birra, teima e desfaz combinados como forma de retaliação;
• Fica em silêncio intencionalmente, o famoso “dar um gelo” (punição);
• Elabora vinganças mentais, tempo depois do ocorrido que o deixou chateado;
• Faz promessas de cooperação, mas discretamente foge das obrigações;
• Procrastina ou realiza tarefas de forma ineficiente;
• Faz promessas de mudança de comportamento (e não muda);
• Faz com que os outros se sintam vivendo em uma montanha-russa emocional.

Por que algumas pessoas agem de forma passivo-agressiva?

Nascemos com a emoção da raiva em nós por uma razão simples, é um sentimento importante para nossa sobrevivência. Os sentimentos de raiva são apenas mensagens de alerta do seu corpo. Quando você sente raiva, seu corpo está dizendo: “cuidado! Preste atenção! Alguém ou alguma coisa está ameaçando ou machucando você! Você precisa se proteger!”. A raiva é uma emoção que contém energia e que te faz agir para se proteger. 

Algumas crianças crescem em famílias que não sabem lidar, ignoram ou são intolerantes à sua raiva. Ao longo da vida, pais emocionalmente inconscientes negligenciam a raiva de seus filhos, a invalidam como se fosse “bobagem”, e em casos mais graves, esquecem que crianças, mesmo pequenas, já possuem consciência das coisas, do que acontece ao seu redor e de seus sentimentos. Essas são situações típicas de negligência emocional infantil. 

Alguns se comportam dessa maneira, para evitar uma abertura emocional ou conflitos causados pelo sentimento de raiva. Uma pessoa que costuma ter um comportamento passivo-agressivo, acredita que seria pior se ela expressasse seus sentimentos, de forma direta, e a faz indiretamente, projetando sua raiva no outro. Aqueles que se utilizam desse tipo de comportamento, também sentem uma espécie de prazer secundário em irritar ou frustrar outras pessoas, como forma de vingança.

É uma forma dissimulada de expressar sentimentos de raiva, silenciosamente.

É comumente observado em relações com amigos, colegas de trabalho, parentes, filhos e entre casais.  

Geralmente ocorre assim: uma pessoa faz algo que desagrada a outra. Ela, sendo passiva-agressiva, ao invés de falar com a pessoa, de forma direta e transparente sobre o seu sentimento, esconderá sua raiva e entrará num modo de comportamento “fechado” com:  silêncio, mau-humor, sarcasmos, ironias e indiretas, esperando que a pessoa perceba e se culpe por sua atitude.

Como a raiva não processada fere outras pessoas?

A raiva reprimida, alimentada e não processada, tem um jeito de encontrar o caminho para emergir a superfície. É isso que coloca mais em risco, aqueles que cresceram com algum tipo de negligência na infância. 

Acreditar que a sua raiva é irrelevante e que é errado expressá-la, faz com que você tente evitar a raiva quando é um adulto. Evita mostrar sua raiva, evita dizer qualquer coisa e evita a pessoa que a machucou, etc. 

Como sabemos, isso não faz com que sua raiva realmente desapareça. Ela pode vazar pelas bordas de seu SER e sair de forma que você nunca sequer imaginou e de maneira que as pessoas não merecem. E ainda, você pode nem perceber, que isso está acontecendo.  

Lidando com o comportamento passivo-agressivo:

Um dos principais objetivos do comportamento passivo-agressivo, é o de irritar os outros de forma dissimulada, para que o indivíduo não seja percebido como o responsável. Lidar com essa situação pode ser desafiadora e incômoda. 

Especialmente nesse tipo de comportamento, é provável que uma simples “conversa” (geralmente discussão), gere um ciclo difícil de sair sem conflitar ou mesmo, confrontar (em alguns casos - agressão física). Contudo, é importante aprender a identificar esse tipo de comportamento, para não entrar neste ciclo simbiótico (passivo-agressivo). 

A pessoa com esse tipo de comportamento, sofre com sua ambivalência contraditória de seus sentimentos e atitudes. Assim, é preciso favorecer que ele exponha sua raiva de forma franca, educada e cuidadosa, para evitar maiores conflitos no futuro. A raiva é um sentimento legítimo e auto protetor. 

Ações pontuais para deixar de agir como um passivo-agressivo:

Transforme a raiva em algo funcional ao invés de mantê-la disfuncional em sua vida.

Policie-se, preste atenção quando você sentir raiva de algo ou de alguém, avalie em qual situação ocorreu e como reagiu. Por mais que pense que nunca fica bravo ou nervoso, garanto que esse sentimento se apresenta, frequentemente em sua vida. Tudo o que você precisa fazer, é permitir-se sentir a sensação da raiva, para então gradualmente, aceitá-la como algo normal, válido e benéfico, quando assumida.

Seja assertivo:

Significa concatenar seus sentimentos, pensamentos e comportamentos e, expressá-los ao outro de forma congruente e construtiva. Assertividade é um conjunto de habilidades que você pode desenvolver! São essas habilidades que irão ajudá-lo a expressar sua raiva em momentos de estresse, mágoa, aborrecimento ou conflito de forma franca e não agressiva. Quando você fala e expressa a sua raiva racionalmente, ela se torna útil a você e não desgasta a relação.

Desenvolva sua tolerância ao conflito:

Pessoa com comportamento passivo-agressivo, tem baixa tolerância a frustração, pouca resiliência e evita conflito, porque não sabe como lidar com sua raiva se ela surgir na interação com o outro. 

A pessoa que passou sua vida se sentindo despreparada e pressionada por situações conflitivas, segue a tendência de evitar ou ignorar essas situações com medo de sua própria reação frente à raiva ou frustração. À medida que ela acolhe, aceita sua raiva e desenvolve sua assertividade, pode começar a enfrentar o conflito, ao invés de evitá-lo. Reflita para redefinir as situações difíceis e conflitivas, como oportunidade para praticar suas novas habilidades.

Administre as outras habilidades de emoção:

Todas as suas emoções são válidas! Não é só raiva. Seus sentimentos são mensagens que o seu corpo envia e que podem ajudá-lo muito em sua vida.  

Se você cresceu em um ambiente familiar em que algumas pessoas, minimizavam ou ignoravam suas emoções, você passou a reprimir e canalizar a energia de suas emoções, através do comportamento passivo-agressivo.  

No momento em que você mudar a visão de suas emoções, você poderá aproveitar a energia, direção, motivação e a conexão que você sempre quis ter para trazer um novo olhar para a sua saúde mental e emocional.  

A possibilidade de você se tornar menos passivo-agressivo é um processo de cura. Para tanto, requer que olhe para dentro e aceite a sua expressão pessoal de quem você é, e as suas emoções. O processo pode parecer difícil, mas você pode conseguir, depende de sua escolha para aceitar-se e passar a se relacionar melhor com as pessoas.  

Você pode aprender a expressar como se sente, sem agressividade! 

Marcio Caldellas – Psicólogo clínico (Comportamental & Psicodramatista), Career & Executive Coach certificado pela Sociedade Brasileira de Coaching e BCI – Behavioral Coaching Institute – USA. Analista de Perfil Comportamental com sólida carreira desenvolvida em Executive Search como Headhunter, atuando com posições executivas. www.mcdesenvolvehumano.com.br