A velocidade das transformações provocadas, entre outros, pelos avanços das tecnologias de informação e comunicação demandam que as organizações estejam preparadas para apresentarem uma resposta rápida às transformações cada vez mais aceleradas e constantes. É válido ressaltar que as pressões não ficam circunscritas ao ambiente das empresas, mas, também, impactam na vida das pessoas que acabam encontrando dificuldades para realizarem a correta gestão de suas carreiras num ambiente complexo e turbulento. 

“Um dos motivos pelos quais isso acontece é que nesse mundo moderno, cheio de alternativas tecnológicas e de comunicação, fica muito fácil perder o foco, distrair-se com muitas besteiras que não contribuirão em nada com os seus objetivos (SAMPAIO, 2016, p.86).”

A atribuição da responsabilidade pela gestão da carreira ao próprio trabalhador altera o paradigma anterior no qual essa responsabilidade cabia somente às organizações. Em uma das minhas tantas leituras relacionadas ao assunto constatei que a carreira profissional no século XXI será predominantemente proteana, sendo dirigida pelas pessoas e não somente pelas organizações. O termo proteano se refere ao Deus Protheus, que na mitologia grega, tinha a habilidade de mudar de forma de acordo com sua vontade. Ao meu ver o mito de Protheus, mostra os elementos que podem auxiliar na gestão de sua própria carreira.

Nesse contexto, a carreira nada mais é do que um processo em que a própria pessoa o gerencia e não a organização. Consiste de toda a educação, treinamento, experiências, tarefas que a pessoa já realizou na vida. O critério de sucesso na carreira é interno, ou seja, psicológico. Em resumo, a carreira proteana é criada pelo indivíduo a longo prazo. No entanto, não significa que a empresa não contribua com a gestão da carreira do colaborador, mas agora essa é uma responsabilidade compartilhada. À empresa cabe, entre outros, oferecer aos profissionais […] informações sobre os critérios de progressão na empresa, baseados no desempenho e na competência. […] oportunidades de crescimento e possibilidade de desenvolvimento por meio de programas que ajudam o profissional a se conhecer melhor e a montar seu roteiro de carreira, construindo uma visão mais clara de aonde quer chegar, corrigindo a rota de crescimento profissional e traçando ou identificando objetivos novos. Exemplares nesse sentido seriam, respectiva. (HSM MANAGEMENT, 2006, s/p).

A orientação da empresa é importante, porém a inexperiência e o autoconhecimento insuficiente acabam fazendo com que os colaboradores optem por construírem planos de curto prazo. Atualmente, as pessoas procuram oportunidades de crescer profissionalmente, visando o reconhecimento devido às suas carreiras nas organizações, mas nem sempre é isso que acontece.

Em sua essência muitos se sentem desmotivados mediante à falta de opções sobre como lidar com as barreiras existentes no mercado de trabalho, como saber no que realmente é bom e como usar isso ao seu favor, onde encontrar pessoas que deem valor ao seu conhecimento, e como transformar tudo isso em uma estratégia de sucesso para que possam se tornar profissionais eficazes.

Nesse contexto, a autogestão da carreira pelo público jovem se torna um desafio ainda maior, pois se faz necessário dar atenção especial à importância do autoconhecimento nesse processo. “Prova disso é que quase (48%) está em uma profissão que não gosta. Geralmente isso acontece porque opta pelo curso mais fácil, ou mais barato ou que a profissão paga mais e tem mais reconhecimento” (BRAZ, 2016, p.24).

Sabendo que a evolução do conceito de carreira passa pelo entendimento de que as empresas que outrora assumiam a responsabilidade de gerenciar a carreira de seus colaboradores de forma linear, hoje está nas mãos dos profissionais que passam a assumir a responsabilidade sobre seu futuro, envolvendo uma sequência de estágios que refletem suas expectativas e necessidades.

Ao estimular o planejamento da carreira, o gestor pode desenvolver por meio de sua liderança alguns feedbacks, propor e negociar alternativas, ouvir os colaboradores, melhorando assim, o relacionamento entre líder e liderado. E os colaboradores que realizam a autogestão de suas carreiras se tornam um “pacote de recursos” que, quando bem desenvolvidos, faz com os colaboradores alcancem um alto desempenho e produtividade no seu dia com maior facilidade, fazendo o que gosta.

O planejamento deve ser algo bem definido, ou seja, as pessoas devem saber quais são seus interesses, suas qualidades e seus objetivos. Ao dar início a autoavaliação é possível desenvolver os objetivos e criar um plano de ação para poder ingressar no mercado de trabalho.

Para que não se torne uma pessoa infeliz por não conseguir investir um tempo para gerir sua própria carreira,  precisamos entender que cada dia é único e apresenta novas barreiras, novos desafios, novos aprendizados, mudanças e outros acontecimentos que são colocados para provocar nossa determinação e vontade de vencer.

Mediante a tantas dificuldades, complemento que não existe sucesso sem esforço – assim como não existe bom profissional sem dedicação, boa empresa sem bons profissionais. Uma coisa leva à outra. Essa é a regra, a regra do jogo da vida – Principalmente da vida profissional.

Portanto, chego a seguinte conclusão... O desempenho no ringue é apenas o resultado de todo o esforço fora dele.