Será que a grande evidência de que uma pessoa é realmente um líder é o fato de conseguir fazer com que as pessoas o sigam? A importância de se influenciar as pessoas para que se tornem seus seguidores é muito reconhecida, mas será que as pessoas realmente seguem O LÍDER?

A pergunta é provocativa e tem a intenção de chamar para uma reflexão que reforça a capacidade de influência que verdadeiros líderes exercem nas pessoas: as pessoas não seguem o líder, e sim a SUA VISÃO. O real estímulo para seguir um líder não tem a ver somente com a pessoa e com suas habilidades; tem a ver com o fato de compartilhar a mesma visão, o mesmo SONHO. Quando o líder tem comportamentos capazes de influenciar E quando sua visão coincide com a dos seus liderados, aí sim temos o líder de fato. Sua habilidade principal passa a ser a de conseguir fazer com que as pessoas enxerguem e entendam claramente sua visão, para seguirem COM ELE.

 

Procurei alguns exemplos de líderes cuja visão reconhecida e aceita pelas pessoas faz com que possam ser reconhecidos como líderes de fato:

1) Steve Jobs: com trajetória pessoal e profissional bem sucedida, todos reconhecem sua capacidade criativa e de gestão, entre outras. Mas não faltam exemplos de empresários visionários e capacitados que também construíram um legado com suas organizações. O que Steve Jobs possuía e que foi fundamental para se destacar era o sonho de tornar possível para cada cidadão possuir na palma da mão a tecnologia para se conectar com as outras pessoas instantaneamente. Sonho que não era só dele.

2) Margaret Thatcher: tendo iniciado seu mandato com grande impopularidade, somente a partir da vitória na guerra das Malvinas em 1982 conseguiu ganhar apoio e a partir daí manter-se reconhecida como líder. Isso porque ao atuar naquele conflito sua visão passou a ser a mesma de milhões de britânicos: manter a posse sobre o território almejado pelos argentinos, como enfim conseguiram.

3) Papa Francisco: líder da igreja católica assim como tantos outros, papel reconhecido pela posição que ocupa. Mas o que tem feito com que se destaque a ponto de despertar admiração até mesmo por adeptos de outras religiões? Está clara sua intenção de executar mudanças na instituição e uma dedicação forte e explícita por causas como a do combate à fome. Quem não se identifica com isso?

4) Ayrton Senna: não confundamos a imagem de líder com a de ídolo. Creio que ídolos não necessariamente são líderes, mas o que me chama a atenção no caso do Senna foi a capacidade de influenciar pessoas a tal ponto de sempre me questionar: o que teria feito até aqui se estivesse vivo? Ao contrário de outros pilotos famosos pela sua técnica e reconhecidos por suas conquistas, acredito que o Senna teria se transformado em um grande líder. E acredito porque seu grande diferencial, além dos valores, postura e carisma, foi o de compartilhar com milhões de pessoas DENTRO e FORA do Brasil sua visão de conquistar a vitória. A alegria de ver a bandeira do Brasil nas “voltas das vitórias” era a alegria de todos; era como se cada brasileiro estivesse segurando a bandeira mostrando sua conquista; era este o sonho comum.

 

Depois deste exercício comecei a pensar em outras pessoas que até conseguiram influenciar grandes massas e criaram uma imagem de líder, mas que não podemos considerar líderes de fato. Percebi que a diferença quando comparados aos exemplos acima recai sobre o fato de sua visão não ser a mesma ou não ser compartilhada com as pessoas que deveriam seguir com elas. Não vou citá-los para evitar expressar críticas, mas deixo a dica: pense em um empresário, um governante, um líder religioso e um esportista que se destacou mas não conseguiu influenciar as pessoas. E repare se realmente a grande diferença para com os líderes de fato não é a capacidade de estabelecer e comunicar uma visão comum que levem as pessoas a seguirem COM ELE.