Noite quente, céu estrelado, sem nuvens. Observo o vai e vem dos aviões e, entre um e outro gole de vinho tinto, reflexões e lembranças! Viajando no tempo, me vejo de volta a sala de aula escutando um excelente professor que dizia: “Nem tudo é o que parece ser!”

Pra ser bem sincero, na época eu não dava muita bola pra estes dizeres. Com a ignorância comum aos jovens, que acreditam saber tudo, eu achava aquilo apenas uma figura de retórica de um professor pra impressionar seus alunos, mas os anos passam, a experiência vem e hoje o interessante é que estas palavras ecoam na minha cabeça me fazendo pensar bastante sobre o futuro!

No futuro, como serão as empresas? E o universo, já que estou olhando para o céu? É fato que no mundo corporativo, nem tudo é o que parece ser! Assim o é, assim o foi. E esta máxima se aplica ao universo também. Um dos ensinamentos básicos de astronomia diz que: pela distância da Terra, algumas das estrelas que enxergarmos e achamos lindas, já não existem mais. Isto também acontece em relação as empresas, só que de forma mais intensa, a maioria das que hoje brilham já sumiram! Só não tomaram consciência disto, ainda.

- Para meu! Que viagem!

Não tem viagem nenhuma. Deixa eu te explicar melhor: ou estas empresas mudam radicalmente a maneira de se estruturar e fazer negócios, apenas mantendo seu nome; ou, simplesmente desaparecerão!

- Como assim?

A revolução tecnológica aliada aos valores das novas gerações caminham em uma direção diametralmente oposta aquela seguida pelas corporações! Esta combinação (tecnologia + valores) tem um poder criativo gigante que, para se concretizar, vai exigir uma desconstrução total do que hoje conhecemos como modelos estruturais das organizações.

Ou seja, para existir no futuro sua empresa (a empresa que você trabalha) terá que se desconstruir e se reinventar. Certamente, você já ouviu e/ou já passou na sua carreira pelo movimento de redução dos níveis hierárquicos, que segundo os especialistas serviria para aproximar as decisões e os sentimentos da base ao topo da pirâmide. É verdade que em muitos casos, só serviu mesmo para a redução de custos e o pagamento de bônus de grandes executivos. Pois bem, mas esqueça isto, já faz parte do passado, não é este o tipo de movimento que as empresas serão obrigadas a fazer para continuar existindo, o futuro exigirá um pensamento criacionista, capaz de construir algo novo a partir do nada, por assim dizer.

E é por isto que eu quero falar, especialmente, com quem está terminando os estudos agora, com quem está no momento inicial da carreira e com quem assumiu um cargo de liderança recentemente: Em breve, teremos em muitos setores, líderes ocasionais que estarão à frente de um projeto, por seu conjunto de competências, sem que isto signifique qualquer alteração na posição deles dentro da empresa. Este vai e vem nas posições de liderança, será muito comum pela nova organização social que se desenha, muito mais colaborativa, aplicando os conceitos de rede, popularizados pela internet ( e você pensando que de lá não se tiraria nada que presta, hein?!?) e por uma mudança nos valores individuais das novas gerações que, cada vez menos, pensam em carreiras como as conhecemos e as valorizamos hoje.

Isto parece bobagem ou coisa simples de se adaptar, mas pode não ser tão assim. Conheço vários líderes que dizem que “estão” líderes e que não veriam problemas em deixar de sê-los! Mas na grande maioria dos casos, isto não passa de um discurso vazio ou apenas uma tentativa de gerar empatia com seus colaboradores. Quase que a totalidade dos casos onde isto acontece, o motivo é simples: a recolocação. Ou seja, a pessoa foi demitida e não conseguiu voltar ao mercado na mesma posição, então aceitou um “downgrade” mas continua com o objetivo de voltar ao ponto onde estava. E para deixar claro, não tem nada de errado nisto, eu mesmo já fiz esse caminho. Mas não é disto que estou falando aqui, falo de uma decisão voluntária e estratégica, coisa muito diferente.

Conexões, momentos, mudanças de direção e experimentação são alguns dos valores em alta trazidos a luz pela “geração internet” e as empresas estão e terão que se ajustar a isto, rapidamente. Autogestão, resiliência, independência, pensamento crítico e empreendedorismo são algumas das competências que as companhias estão começando a buscar em seus novos colaboradores. Portanto, analise os cenários, alinhe os seus objetivos aos seus valores e pense bem no caminho a seguir, qual seguimento, porque as coisas vão mudar muito e mais rapidamente em uns setores do que em outros e, se você não está preparado para tais mudanças, talvez a melhor opção seja se redirecionar e procurar um setor menos inovador enquanto se ajusta.

Pra finalizar, um outro grande e importante paradigma começa a ruir: Concorrentes! Já está começando a se tornar realidade em alguns setores, também em decorrência desta nova sociedade em redes, (ainda muito virtual, é verdade.) a aliança estratégica com concorrentes. Não se trata de ajudar a desenvolver um fornecedor, mas sim, um concorrente e não é só a parceria eventual. É a visão de que para o sucesso em um determinado mercado, o melhor caminho é ter concorrentes fortes para, entre outras coisas, manter distantes os aventureiros, elevando o custo de oportunidade ou entrada naquele mercado.

Pense nisto, boas reflexões!

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