Qual será o futuro das Operadoras de Planos de Saúde?

Certamente, os modelos de operadoras de planos de saúde que conhecemos passarão por significativas mudanças, que devem começar o quanto antes. 

Não há muito tempo que as operadoras terceirizaram as suas áreas de vendas, fortalecendo e até mesmo criando grandes corretoras de seguros. A ideia era que pudessem dar foco na gestão das carteiras de Saúde de seus clientes, o que fazia bastante sentido. Isto funcionou bem por alguns anos, mas muitas coisas aconteceram de lá pra cá, inclusive muitas crises, dentro e fora do segmento, forte regulamentação, inflação médica elevada, perda de beneficiários, tudo o que temos acompanhado e discutido em reuniões, em eventos, nos corredores, na mídia e nas ruas.

Era preciso buscarmos soluções e elas já estão por aí. Assim como Uber, WhatsApp, Waze, Airbnb, só para citar alguns exemplos, tais iniciativas têm vindo de fora, ou seja, não são frutos da reinvenção das próprias empresas do setor. Aliás, a Uber entrou recentemente no segmento da Saúde, como dizem as notícias da última semana. Chinesas como a Alibaba e Tencent atuam há algum tempo em consultas médicas on-line e sistemas de controle de medicamentos. Recentemente passaram a fortalecer as suas soluções com o uso de inteligência artificial.

Preocupadas em domarem e superarem suas crises financeiras, e com a maior competição entre elas, as operadoras abriram brechas para que empresas fossem criadas e para que outras dessem foco na oferta de Serviços de Gestão da Saúde dos colaboradores de grandes e médias corporações. É o caso da Aon, da benCorp, da GST Gesto, da Deloitte e outras, que por meio de estudos epidemiológicos, muita tecnologia da informação, processos, monitoramento de pacientes, especialmente os com casos crônicos, ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, oferecem serviços que antes eram exclusividade de algumas operadoras de planos de saúde. Mas há operadoras que já estão atuando de forma diferente e mais inovadora: Optum e Healthways, que pertencem a grupos de duas das maiores brasileiras, atuam exatamente com esta oferta.

Paralelamente, empresas de Home Care e os Hospitais de Transição e Retaguarda assumiram um papel importante na redução dos custos com saúde. A Desospitalização é, sem dúvida, um dos principais instrumentos para que as empresas possam gerenciar melhor seus custos e os recursos que oferecem aos seus colaboradores. Porém, estes serviços ainda não estão contemplados no Rol da ANS, e portanto cabe a cada operadora decidir se os autorizam ou não, gerando ainda desconexão entre médicos, familiares, hospitais e as instituições que os prestam.

Outro fator importante neste cenário foi o surgimento das chamadas "clínicas populares". Embora algumas pessoas pensem que essas clínicas surgiram há pouco tempo, Adiel Fares criou a Clínica Fares há mais de 30 anos, exatamente no modelo das mais recentes Dr. Consulta, Doutor Agora e MegaMed, por exemplo. Com foco em pacientes particulares das classes C e D, também competem por uma fatia dos clientes das operadoras de planos de saúde. Aliás, ainda não está muito claro para o mercado como será a relação entre tais clinicas e as operadoras, em futuro breve. Serão aliados ou competidores?

Mais recentemente, começaram a aparecer as plataformas digitais que se propõem a competir com os planos tradicionais ou regulamentados. São a modernização de modelos mais antigos de Tabelas de Descontos, que ficaram famosos por meio da empresa Nippomed. E há aqui um enorme ponto a ser observado e monitorado: a regulamentação, ou não, dessas novas ofertas por parte da ANS. A Vida Class alega que não se envolve na definição dos preços cobrados pelos médicos e outros prestadores, mas que os orientam a oferecer preços competitivos em sua plataforma. A Cognizant Healthcare criou uma plataforma que se propõe a atender a chamada estrutura “Triple Aim”, tornando o atendimento mais objetivo e resultando em melhor experiência dos pacientes. Para isso utiliza ferramentas de social, móvel, analytics e nuvem, e promete estimular o engajamento no tratamento e na mudança para hábitos de vida mais saudáveis.

Em comum, todas as iniciativas acima usam a estratégia de atingirem diretamente o cliente final. Principalmente no caso de Pessoas Jurídicas, buscam exatamente os clientes das operadoras de planos de saúde. Nos últimos dias vimos diversas matérias sobre iniciativas da Apple, da união entre Amazon, Buffett e JP Morgan, para criarem "sistemas de saúde próprios" para os seus colaboradores. Este movimento é irreversível e em breve também os Hospitais terão que "buscar os seus pacientes" dentro das Corporações. Aliás, isto já acontece de forma ainda acanhada. Nos últimos dias, tivemos a notícia da entrada da Uber na Saúde, com uma proposta de envolvimento estratégico no transporte de pacientes entre os diversos agentes do segmento.

Com tudo isso, eu peço que você me responda: Qual será o futuro das Operadoras de Planos de Saúde?