Pessoal. Após um período turbulento e um afastamento temporário do Linkedin, estou de volta para abordar um tema de grande relevância para os profissionais atualmente: a “Juniorização” dos cargos e do mercado e quais os possíveis efeitos no Turnover em Médio Prazo.

Antes de iniciar, devo citar que, mesmo com toda evolução tecnológica, Inteligência Artificial, Internet das coisas e qualquer avanço que tenha ocorrido e que está por vir, não há como questionar uma das leis básicas do Mercado: a Lei da oferta e da procura.

Todos, com certeza, já estudaram ou ao menos ouviram falar dessa lei, que nada mais é do que, em períodos em que a oferta de um bem ou serviço excede a procura, seu preço tende a cair. Em contrapartida, nos períodos nos quais a demanda passa a superar a oferta, a tendência é o aumento do preço.

Esta lei se aplica a praticamente todas as situações de mercado, o que inclui o mercado de trabalho, porque aquela força de trabalho que você vende também é uma mercadoria (Contribuição de José Luis Neves).

Quando o país tinha 6 MM de desempregados, tínhamos uma oferta de empregos muito maior do que a procura, fazendo com que as empresas revisassem seus salários e benefícios, oferecendo um pacote melhor para conseguir atrair profissionais.

No entanto, na atual conjuntura, com um número batendo 13 MM de desempregados (muitos desses oriundos de fechamento de postos de trabalho, ou seja, vagas que não serão repostas), a oferta de empregos é menor do que a procura (o que tem feito com que as empresas se perdessem nesse processo) ou, sendo mais realista, algumas, se aproveitassem do momento para baixar os salários ou as “cadeiras” e posições. Em outras palavras, onde tínhamos um Gerente, contrata-se um Coordenador e onde tínhamos um Analista Sênior, a cadeira encolhe para JR.

Há empresas mais “aventureiras” que mantém o mesmo cargo, mas que oferecem salários medíocres, para não dizer ofensivos. Não é raro ver algumas empresas postarem vagas de nível Gerencial com salários de 3k. Procurarem profissionais da área de TI por 1,5 k. Quase todos os dias, vejo desabafos genuínos de profissionais sérios, se indignando com essa prática, que infelizmente tem se tornado frequente no In.

O pior é que não podemos criticar um profissional Sênior que aceita uma vaga para o qual sua experiência está muito, mas muito acima da cadeira, pois sabemos das necessidades que todos têm e que as pessoas precisam trabalhar.

Mas qual o impacto disso em médio prazo?

Sabemos que o mercado irá melhorar. Alguns economistas apostam no 3º Quarterdesse ano, enquanto outros, no primeiro quarter de 2018. Na verdade já estamos vendo sinais de recuperação econômica, modesta, mas constante.

Isso dito, vejo apenas um impacto para empresas que pagam abaixo da mediana ou muito fora do salário praticado pelo mercado: um Turnover voluntário absurdo.

Com o mercado aquecido, vagas, que antes estavam fechadas, poderão reabrir. E todas aquelas cadeiras Sêniores ocupadas por pessoas mais Juniores, estarão à disposição, pois com certeza os resultados obtidos por um entry level” (Contribuição de José Luis Neves) não se compara aos resultados de um profissional Sênior.

Aí, as empresas que se utilizaram dessa prática, pagarão caro, duas vezes: pelo custo da rescisão, de integração e de treinamento e pelo alto custo de uma nova contratação (dessa vez, com cargo e salário correto) para ocupar a posição “Juniorizada” há dois anos.

Haverá, nas empresas que utilizam essa prática, uma debandada de profissionais, que aproveitarão a retomada do mercado para se sentarem nas cadeiras coerentes com sua expertise, e que lhes foi tirada por uma crise sem precedentes no Brasil.

Teremos muitos trabalhos de “Hunting”, buscando profissionais “prontos” para suprir as demandas crescentes não atendidas por profissionais mal contratados. Será uma loucura!!!!

Portanto, as empresas, embora em crise, não devem fugir nunca de um pacote de remuneração justo, calibrado com o mercado, assim como benefícios competitivos.

Não se esqueçam de que, a “economia” do agora poderá se tornar um gasto três vezes maior no futuro. Além disso, quando oferecemos um salário muito abaixo do que o mercado paga, estamos expondo a empresa, que pode ser vista como exploradora e desrespeitando a história profissional das pessoas que estão em busca de recolocação.

 

Pensem nisso!!!!