Quando iniciei na área de Recursos Humanos, os processos seletivos eram longos, morosos e “gerenciados” via planilha de Excel para ter algum controle. A divulgação das vagas para o recrutamento, era feita através de anúncios pagos no jornal O Estado de São Paulo, vulgo Estadão, que circulava aos Domingos e seu forte era o caderno de empregos.

Na segunda-feira, começavam a chegar os inúmeros currículos impressos. Eram abertos e desamassados um a um, para dai iniciar a seleção dos candidatos. Os processos eram baseados num único critério de avaliação, o técnico - (conhecimento, formação e tempo de experiência na função).

Após décadas de prática, as empresas perceberam que o modelo de seleção vigente se mostrava ineficiente, embasado pelo principal resultado: aumento de turn-over, que repercutia no mercado, vez que: contratava-se pelo técnico e demitia-se pelo comportamento.

Com a natural evolução do mercado de trabalho, as empresas se estruturaram e cresceram. Tornaram-se profissionais e exigentes, quanto ao perfil dos cargos e candidatos a serem contratados, já com um foco maior no comportamento.

Contratavam Consultoria de RH externa, para buscar profissionais estratégicos para os níveis de gestão e também, os mais qualificados para os níveis técnico e especialista. Surgiram os sites para Job Post, que também criavam banco de dados de candidatos e gerenciavam os processos seletivos, tornando-os mais ágeis. As entrevistas ao longo do processo se baseavam nas competências e foi incluída a análise do perfil comportamental, para torna-lo mais assertivo e reduzir o nível de turn-over, tornando-se um grande diferencial competitivo entre as empresas.

Com a nova transformação do mercado, antes mesmo da pandemia e, com a disputa cada vez mais acirrada, por uma boa oportunidade de trabalho, as exigências aumentaram e o diferencial competitivo atualmente são as Soft Skills - habilidades interpessoais ou competências sociemocionais.

Trata-se das competências comportamentais, relacionais e emocionais, que integram a personalidade da pessoa. Advém da bagagem adquirida ao longo da vida e também influenciada por sua criação, conhecimentos gerais, valores, vivências anteriores e pelos propósitos pessoais e profissionais.

As empresas buscam identificar as Soft Skills nos candidatos aos seus processos seletivos e as desenvolver em seus colaboradores. Vez que inferem diretamente sobre como o profissional percebe e age frente às situações e o como lida com suas emoções e as alheias, sobretudo em momentos de pressão e estresse.

Já observou em sua empresa, quantas vezes ocorreram conflitos pela falta de empatia, baixa inteligência emocional e ruídos na comunicação entre os colaboradores? Isso explica a importância das Soft Skills e sua ávida busca pelos gestores, pois fazem toda a diferença no desempenho e relacionamento com o time.

O LinkedIn realizou pesquisa com 600 milhões de profissionais pelo mundo, e concluíram que as principais competências desejadas pelas empresas para um bom desempenho profissional são:

- Persuasão;

- Empatia;

- Inteligência emocional;

- Comunicação interpessoal;

- Adaptabilidade;

- Colaboração;

- Flexibilidade;

- Criatividade;

- Liderança e Gestão de Pessoas;

-Organização.

Avaliando as Soft Skills:

Ainda é um grande desafio para os RH´s, avalia-las nos candidatos em processos seletivos ou acompanhar seu desenvolvimento nos colaboradores, vez que são competências abstratas e distintas das técnicas, que são objetivas.

Geralmente são avaliadas através de testes de proficiência comportamental, aplicados vitualmente através de questionários.

O Perfil Comportamental continua sendo uma importante forma para avaliar a adequação do perfil do Cargo X Candidato, a um processo seletivo, pois mensura sua previsibilidade comportamental em estado normal ou sob estresse. Fato que garante seu desempenho e realização no cargo - “O homem certo no lugar certo”.

Atualmente as entrevistas têm focado em perguntas específicas visando explorar o comportamento do candidato em vivências anteriores e assim, avalia-se se possui as principais competências que a empresa busca.

Os atuais processos seletivos, aliados as melhores práticas de um RH estratégico, resultam em contratações mais rápidas e acertadas através da combinação adequada entre as habilidades técnicas (Hard Skills), com as competências comportamentais (Soft Skills).

 

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