Segundo o conhecido ditado popular, “quem não arrisca, não petisca”, que significa, aqueles que não correm risco, limitam o seu aprendizado, crescimento, oportunidades, suas relações pessoais e profissionais e, muitas vezes, se frustram por não obterem o resultado desejado e se realizarem. 

Profissionalmente, observo comumente, que a maioria das pessoas não está disposta a correr riscos. Refiro-me, aos calculados e não a atitudes impulsivas, impensadas ou sem propósito. Isso se explica pela adoção do modelo de criação clássica e superprotetora, onde os pais protegem excessivamente seus filhos para que não corram o risco de que algo negativo ou ruim aconteça. Esquecem apenas que não é possível controlar o mundo e as adversidades que a vida nos apresenta. 

Correr risco significa ter a disposição para ousar em novas possibilidades, enfrentar desafios e situações, sobre as quais você não possui conhecimento e nem controle. Está intimamente ligado ao aventurar-se, experimentar a insegurança do desconhecido e desprender-se de sua zona de conforto, em busca de novos aprendizados e resultados. 

Tudo se inicia na infância, quando alguns pais não dão espaço e liberdade para a criança, explorar, descobrir e aprender a viver, por si só e no seu tempo. Acreditam que expô-la aos riscos da vida seja um absurdo, pois é frágil e despreparada, mas dessa forma, nunca estará, será frágil, insegura, não amadurecerá e se frustrará no futuro.  

É fundamental que a criança seja encorajada e tenha espaço para experimentar correr riscos calculados, próprios de sua fase de vida. Com isso obterá um aprendizado essencial para a formação de seu caráter e personalidade, tornando-se madura e segura para lidar com sua vida no mundo real e independente emocionalmente dos pais. 

É fundamental ao longo da vida, conhecermos nossos limites atitudinais, novas sensações, o cuidado e perigo ao correr riscos calculados. Neste caso, a curva de aprendizado será maior, mais rápida e concreta sobre as consequências de nossos atos para assim, desenvolvermos inteligência emocional e cautela nas atitudes ainda que “arriscadas”. Essa é uma estratégia importante para desenvolver o autoconhecimento e adquirir autonomia e confiança. 

A superproteção traz consequências:

A superproteção é uma atitude limitante e prejudicial para o bem-estar e o desenvolvimento da criança. Assim, é fundamental que invista em seu próprio autoconhecimento e inteligência emocional, visando passar maior segurança atitudinal ao seu filho.  

Criar filho sob uma redoma de vidro é algo comum e tentador, vez que não se deseja que nada de ruim lhe aconteça. No entanto, a criança que é frequentemente “poupada” dos riscos naturais e comuns a sua fase de vida, fica vulnerável e sujeita a acidente ou episódio emocional desagradável, devido à sua falta de vivência com situação adversa que envolva pequeno risco atitudinal. 

Para um bom desenvolvimento emocional da criança, é fundamental permitir e incentivar que explore a vida em seu tempo, para adquirir conhecimento através de tentativas, ensaios e erros, correndo riscos calculados, mas sempre, supervisionado por um adulto. 

Permita que a criança descubra e construa sua vida por si só. Não queira impor suas experiências e “certezas”, como se fossem as mais adequadas e corretas, pois são apenas para você. Aceite o fato que ela é livre e, não será e nem precisa ser como você. Pode ser diferente, melhor e mais feliz do que você.  

Comece devagar e gradativamente a exposição da criança a pequenos riscos controlados. Conforme ela vai enfrentando e aprendendo a lidar com cada situação, vai adquirindo conhecimento, ganhando segurança, autoconfiança e desmistificando a crença de que tem que controlar “todas” as situações que a vida apresenta. 

Crie um ambiente seguro e confiável para a criança e converse abertamente sobre as possibilidades e os riscos envolvidos em uma determinada atividade. Assim, aprenderá o significado de ação, consequência e responsabilidade, uma tríade essencial para o desenvolvimento humano. 

Lembre-se “o fruto nunca cai longe da árvore”, portanto, fique atento e ocupe-se em ser um bom modelo para seu filho. Ele aprenderá muito, seja o conteúdo bom ou ruim, através da observação das pessoas mais próximas e significativas para ele. A família é a primeira e a maior fonte de referências comportamentais para a criança.

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