Não surpreende que os doentes sejam chamados de “pacientes”. As pessoas que se beneficiam dos sistemas de saúde dos países desenvolvidos sabem o que as aguarda. Inúmeras consultas médicas, exames intermináveis, jargões incompreensíveis, custos elevados e, acima de tudo, longas esperas. O estoicismo é indispensável, porque o sistema de saúde é complexo. Mas a frustração com a qualidade dos serviços oferecidos está aumentando. Na última semana de janeiro, três das maiores empresas e instituições financeiras americanas – Amazon, Berkshire Hathaway e JPMorgan Chase – anunciaram a criação de um serviço de saúde melhor e mais barato para atender seus funcionários.
A internet permite que os pacientes façam consultas online a qualquer momento. É fácil fazer hemogramas e testes de sequenciamento de DNA. Com aplicativos de smartphones as pessoas monitoram sua saúde. O controle da saúde e dos tratamentos aumenta quando se tem acesso aos prontuários médicos e é possível compartilhar informações.
O sistema de coleta, organização e acesso aos registros médicos não irá provocar uma revolução tecnológica. Mas o fluxo de informações ajudará os médicos a fazerem diagnósticos mais precisos. Entre as muitas novidades na área de saúde, um relógio que monitora os batimentos cardíacos permite detectar arritmias. Os aplicativos ajudam a diagnosticar as mais diferentes doenças, de câncer de pele a doença de Parkinson. Pesquisadores estudam se será possível analisar o suor com biomarcadores moleculares, sem a necessidade de um exame de sangue invasivo. Segundo alguns estudos, as mudanças na rapidez com que uma pessoa mexe nos ícones do celular indica o início de problemas cognitivos.
Os aplicativos para diabetes e controle da glicemia podem mudar a forma como os pacientes enfrentam a doença, monitorando a taxa de glicose no sangue e a ingestão de alimentos, reduzindo os efeitos de longo prazo da doença, como cegueira e gangrena. A startup Akili Interactive pretende obter a aprovação de agências regulatórias para lançar um videogame no mercado, que estimula uma área do cérebro responsável pelo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
A inteligência artificial (IA) já está sendo treinada por uma unidade da Alphabet para identificar tecidos cancerosos e danos na retina. O fluxo de informações dos pacientes aperfeiçoará o treinamento da IA. No futuro, a IA conseguirá fazer diagnósticos médicos a partir da descrição dos sintomas de doenças, a identificar características comportamentais que sugerem uma depressão, ou detectar o risco de uma doença cardíaca.
Os benefícios das novas tecnologias em geral favorecem as pessoas com maior poder aquisitivo. Porém, uma política consciente de empregadores, governos e operadoras de planos de saúde pode minimizar a dificuldade de acesso às tecnologias modernas. A startup Cityblock Health, criada há pouco tempo pela Alphabet, oferece um serviço de saúde personalizado sem custo adicional a comunidades de baixa renda atendidas pelos seguros de saúde Medicaid ou Medicare voltados para a população com poucos recursos.
Muitos países adotaram medidas que permitem a consulta a registros médicos, mas poucos se igualam à Suécia. O governo sueco pretende dar a todos os seus cidadãos acesso eletrônico aos registros médicos até 2020. Estudos mostraram que os pacientes com acesso aos seus dados, por compreenderem melhor suas doenças e ficarem mais confiantes, têm mais chances de sucesso em seus tratamentos. Afinal, ninguém se preocupa mais com sua saúde do que a própria pessoa.
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/vida/saude/novas-tecnologias-prometem-mudar-a-medicina-tradicional/