A ciência acaba de abrir uma via de esperança rumo ao fim das agulhadas de insulina para portadores de diabetes tipo 1. Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, encontraram um método de substituir as aplicações do hormônio por uma pílula.
Além de tornar a vida dos pacientes mais simples – e menos dolorosa – o método, dizem os cientistas, ainda poderia colaborar para aumentar a aderência dos diabéticos ao tratamento e, assim, diminuir efeitos colaterais da doença.
“Muitas pessoas falham em aderir ao regime de injeções por causa da dor, fobia de agulhas ou da interferência que isso pode ter em atividades do dia a dia”, afirmou o autor principal do estudo, o professor de bioengenharia em Harvard Samir Mitragotri. “As consequências de um controle falho da glicemia pode levar a complicações sérias para a saúde”, emendou.
Até agora, a medicina ainda não tinha sido bem-sucedida em encapsular a insulina porque, ao chegar ao estômago, ela reage com o ambiente ácido e se torna de difícil absorção. A solução do time de Mitragotri foi diluir o hormônio em uma solução iônica de colina e ácido germânico, e então colocá-lo em uma cápsula de polímero resistente aos ácidos estomacais.
A formulação é biocompatível, fácil de ser manufaturada e pode ser armazenada por até dois meses em temperatura ambiente sem se degradar, período superior ao de algumas insulinas injetáveis disponíveis no mercado.
“Nossa abordagem funciona como um canivete suíço, onde uma pílula tem ferramentas para superar cada obstáculo que encontra até permitir que a insulina seja absorvida pelo organismo”, explicou o bioengenheiro à agência da universidade.
Além de um suposto maior conforto no tratamento, os pesquisadores argumentam que a forma oral da insulina se aproximaria mais do funcionamento do pâncreas de um indivíduo saudável do que uma injeção do hormônio.
O próximo passo dos cientistas agora é conduzir mais testes com animais com a formulação, além de avaliações de toxicidade e biodisponibilidade de longo prazo. Como os ingredientes-chave da “receita” – colina e ácido germânico – já são considerados seguros, eles esperam que testes em humanos sejam aprovados nos EUA com rapidez.
Cerca de 13 milhões de pessoas convivem com a diabetes no Brasil. A tipo 1, geralmente descoberta ainda na infância, afeta cerca de 1 milhão de pessoas. A mais comum, tipo 2, responde por 90% dos casos, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.