O Brasil é a quarta nação com o maior número de diabéticos no mundo, doença que afeta 14 milhões de pessoas no país, de acordo com a International Diabetes Federation (IDF). Entretanto, segundo pesquisa inédita realizada pela Abril Inteligência com o apoio da AstraZeneca, apenas 1 em cada 4 brasileiros reconhece o diabetes como uma doença grave.
O levantamento, apresentado nesta sexta-feira na endoDEBATE 2018 e publicado na revista Saúde, indica que grande parte das pessoas não compreende as consequências de não tratar o diabetes adequadamente. Isso acontece porque há muito desconhecimento sobre a doença – inclusive entre os próprios diabéticos. Quando está comprovado que a doença está associada à principal causa de morte em todo o mundo e à quinta em maior incidência no país – as doenças cardiovasculares – esse quadro de desconhecimento fica ainda mais grave.
Essa falta de informação preocupa ainda mais quando junta-se ao fato de que cerca de 40 milhões de brasileiros estão pré-diabéticos, e desse número, aproximadamente 25% devem ser desenvolver a doença nos próximos cinco anos, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
“É comprovado que o tempo dispendido entre o diagnóstico e o início do tratamento terá relação direta com uma melhor ou pior qualidade de vida do paciente diabético”, afirma Carlos Eduardo Barra Couri, endocrinologista pesquisador da USP e médico responsável pela pesquisa.
Segundo a pesquisa, 37% dos entrevistados com diabetes convivem com a doença há mais de 10 anos; no entanto, 31% deles acreditam que uma vez que doença é diagnosticada não é mais possível consumir açúcar, o que não é verdade. Surpreendentemente, o número foi menor entre os não diabéticos, que representaram 26% dos que acreditam nesse mito.
Outro ponto que o brasileiro não sabe sobre o diabetes é que suas consequências incluem doenças cardiovasculares, condição que pode levar à morte: apenas 47% dos diabéticos acreditam que a doença pode causar problemas no coração e 43% acreditam que pode ser causa de acidente vascular cerebral (AVC); entre os não diabéticos o número cai para 30% e 27%, respectivamente. Dados revelam que a população relaciona o diabetes principalmente a problemas de visão e amputação. Além disso, grande parte dos entrevistados afirmaram que doenças como câncer, AIDS e Alzheimer são mais graves que o diabetes.
Outro desconhecimento está relacionado às causas da doença: entre os entrevistados que têm a doença, 50% acreditam que ela é hereditária – o que não é sempre o caso -, enquanto 35% associa o diabetes ao estresse. Para especialistas, essa falta de conhecimento sobre os riscos da doença pode ser prejudicial para o diagnóstico precoce e tratamento, afetando a qualidade de vida do paciente, além de permitir que complicações futuras possam ocorrer.
De acordo com o levantamento, quase metade (46%) dos diabéticos não realizam check-ups regularmente para acompanhar a doença. A pesquisa também mostrou que existem diabéticos que não realizam o exame da curva glicêmica, teste que mede a tolerância à glicose; entre os entrevistados, 56% afirmaram já ter feito. Já o exame de hemoglobina glicada, responsável por analisar a média glicêmica do paciente, foi realizado com mais frequência entre os participantes (91%).
A alimentação também é uma preocupação: embora a pesquisa tenha revelado que o brasileiro compreende que hábitos saudáveis são fundamentais para o controle da doença, apenas 58% dos diabéticos afirmam manter uma alimentação balanceada; 35% deles ainda dizem que a restrição alimentar é o que mais incomoda no tratamento.
Quando o assunto é atividade física, outro fator importante no monitoramento do diabetes, o número cai pela metade: apenas 23% fazem exercícios de três a quatro vezes por semana.
Entre os hábitos saudáveis mais importantes para a doença, os participantes não diabéticos acreditam que a manutenção de peso adequado (67%), atividade física regular (69%) e boa alimentação (79%) podem ajudar a evitar a doença.
A memória metabólica é causada pelo diagnóstico tardio do diabetes tipo 2, podendo causar problemas cardíacos. Como o tipo 2 é assintomático, muitas vezes quando o indivíduo é diagnosticado, os níveis de açúcar no sangue já estão muito elevados e esse excesso na fase inicial da doença pode marcar a memória das células.
Esse problema afeta especialmente as células relacionadas às agressões crônicas da hiperglicemia, trazendo problemas para os rins, coração e retina. Isso ocorre porque a memória fica comprometida já que as células retêm essa ‘lembrança’ dos altos níveis de açúcar.
Segundo especialistas, quanto mais rápido o controle glicêmico for feito, menores são as chances de complicações. Além disso, se o paciente consegue atingir a meta glicêmica ideal pouco depois do diagnóstico, é possível evitar a memória metabólica e seus riscos.
Diabetes tipo 1
Segundo a SBD, o diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico ataca as células betas, responsáveis pela produção de insulina – hormônio que controla o níveis de glicose -, reduzindo ou impedindo sua liberação para o corpo. Quando isso acontece, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. O Tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas há casos em adultos. Cerca de 5% a 10% das pessoas com diabetes têm o tipo 1.
Essa variedade é tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue.
Diabetes tipo 2
Já o Tipo 2 acontece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz o suficiente para controla a taxa de glicemia. O diabetes tipo 2 se caracteriza principalmente pela resistência à insulina, e está diretamente relacionado com a obesidade, por isso, a manutenção do peso (ou emagrecimento) reduzem o risco de desenvolver a doença.
Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar: cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2. O tratamento varia conforme a gravidade: menos graves podem ser controlados com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina ou outros medicamentos para controlar a glicose.