Seguimos por essa idéia de proximidade da pesquisa ao nosso dia a dia. Sabe aquele “santo remédio” pra enxaqueca? Ou então aquele remédio para cólicas que “parece que tira a dor com a mão”? Pois é, eles precisaram passar por pesquisas clínicas para poder confirmar esses efeitos/resultados que atualmente são tão comuns na nossa realidade.
De acordo com a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (órgão que tem por finalidade promover a proteção da saúde da população brasileira), pesquisa clínica é definida como “estudos realizados com humanos para medir os parâmetros de segurança e eficácia de novos medicamentos, sendo essencial para a chegada de novas alternativas terapêuticas no mercado. Estes ensaios são divididos em fases I, II, III e IV, de acordo com a quantidade de participantes e os objetivos específicos da cada etapa”. Ou seja, a pesquisa clínica está presente desde os primórdios da medicina para comprovar que o medicamento é eficaz para a doença no qual ele propõe combater e é seguro para uso em seres humanos.
Vale ressaltar ainda que antes destas fases, existem as fases pré-clínicas, onde os novos medicamentos são testados primeiramente em laboratório e nessa fase cerca de 90% das propostas não vingam, por diversos fatores.
Fases da pesquisa clínica:
A primeira fase de estudos costuma ter um tempo e uma população bem menor que as demais, ela tem o intuito de avaliar primeiramente a toxicidade do medicamento ao ser oferecido a seres humanos e avaliar quanto a dose a ser utilizada. Nesta fase são recrutados voluntários sadios, ou seja, pessoas que não tem a doença esperada, salvo nos casos de pesquisas para tratamento de câncer e HIV.
A segunda fase já recruta voluntários com a doença no qual está previsto o medicamento. O número de pacientes costuma aumentar para em torno de 200 a 300 e avalia principalmente a dose a ser administrada. A idéia é avaliar a menor dose com o melhor efeito que o medicamento pode alcançar. Os efeitos colaterais são acompanhados, avaliados a relação com o medicamento e computados para futuramente formar a nossa conhecida bula.
— Foto: Pexels
Já na terceira fase costuma-se dizer que é a fase pré-aprovação do medicamento. Nesta fase o número de voluntários é bem maior as anteriores, podendo chegar em 1000 ou mais e é avaliado o medicamento em comparação ao tratamento padrão que está atualmente no mercado. Pesquisas nesta fase ainda podem avaliar vias e doses diferentes do medicamento, porém com uma maior segurança em relação a sua tolerância em seres humanos, além de continuar sempre avaliando os possíveis efeitos colaterais relacionados. A maioria dos estudos nesta fase são internacionais e em mais de um centro de cada país participante, para poder alcançar a população estimada e comprovar estatisticamente o benefício do mesmo, para posterior aprovação dos órgãos públicos, como no caso do Brasil, a ANVISA.
A fase IV, última fase de pesquisa, é realizada já com o medicamento comercializado onde o tratamento será oferecido para ampla população e continuará avaliando principalmente efeitos colaterais a longo prazo, que não foram observados nos estudos anteriores.
— Foto: Pexels
Todas estas fases de pesquisas podem durar até décadas para alcançar os resultados desejados com total segurança do uso do medicamento. Cada fase de pesquisa é avaliada pelos órgãos governamentais de cada país onde o estudo é oferecido, além destes, comitês de ética em pesquisa em seres humanos de cada cidade também emitem um parecer aprovando (ou não) o início do recrutamento dos voluntários e acompanham com notificações no mínimo semestrais, afim de garantir se o benefício no tratamento e a segurança do voluntário está sendo mantido como objetivo principal.
Cada voluntário que se oferece a participar de pesquisa está colaborando com estas informações essenciais para a finalização de uma pesquisa, com a segurança de todo um acompanhamento de médicos, equipe multidisciplinar e amparado por órgãos governamentais. O voluntário também tem a possibilidade de poder utilizar um tratamento que só vai estar disponível no mercado anos depois. Em doenças como o câncer, como no caso é o foco principal do Centro de Pesquisas Clínica Reichow*, não há como esperar esse tempo.
Outro benefício da pesquisa é que todo o tratamento é oferecido de forma gratuita, em contrapartida a voluntariedade do paciente, que deve primeiramente ser informado de todo o andamento do estudo e concordar formalmente a participar. Ao entrar em um protocolo de pesquisa ele dispõe de consultas médicas regulares, exames de rotina para a doença e medicamentos sem custo.
Atualmente a pesquisa clínica vem aparecendo cada vez mais como uma oportunidade extra para tratamento principalmente no caso de doenças avançadas, como o câncer, muitos pacientes também já optam e procuram pelas pesquisas para se voluntariar e isso incentiva cada vez mais a nossa busca pelos tratamentos com respostas melhores, mais duradouras e com redução de efeitos colaterais.
Coord. de Estudos Karyn Albrecht Siqueira De Maman, Enfermeira Oncológica, COREN/SC 178226
*Clínica de Oncologia Reichow
Diretor Técnico Responsável Dr Sandro Laércio Reichow, Oncologista - CRM 6382 - RQE 2224