SÃO PAULO – No dia em que começou a campanha de vacinação fracionada da febre amarela em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, o Ministério da Saúde inaugurou, nesta quinta-feira, uma linha final de produção do insumo, em São Paulo. A meta é dobrar a produção anual, atualmente de de 48 milhões de doses, feitas no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz). Essa linha final inclui preparação, envase, liofilização e embalagem das doses.
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, o Brasil tem hoje capacidade para imunizar toda a população. Ele visitou, nesta quinta-feira, o laboratório da Indústria Farmacêutica Libbs, que passa a ser parceira da Fiocruz. Segundo o ministério da Saúde, entre julho de 2017 até o último dia 23 de janeiro, foram confirmados 130 casos de febre amarela e 53 óbitos.
— Estamos dobrando a capacidade da fabricação da vacina contra a febre amarela. Já é capacidade para atender à toda demanda nacional. Se precisarmos hoje vacinar todos os brasileiros que não se vacinaram, podemos fazer isso em 60 dias — afirmou o ministro.
A expectativa é de liberar a vacina em junho. Questionado sobre a inclusão deste medicamento no calendário de vacinação, Barros frisou que o produto provoca reações adversas e lembrou que neste ano três pessoas morreram após a imunização e há ainda, em São Paulo, mais três óbitos sob investigação. A suspeita é de que as vítimas tenham morrido também em decorrência do insumo.
— Nas áreas onde não há risco, não colocaremos a população em risco por causa da vacinação — explicou o ministro.
Apesar dos números de casos e óbitos da febre amarela, Barros disse que o país está no caminho certo quanto à vigilância epidemiológica e negou que o governo tenha cortado verbas para ações que visam o combate às arboviroses:
— O combate ao aedes aegypti está com resultados positivos. Casos de zika caíram 96% ano passado. A dengue caiu 86% e a chicungunha 32%. Já a febre amarela, o vírus circula lá na mata, não no ambiente urbano. Controlamos a febre amarela imunizando pessoas em contato com a mata. Não temos mecanismo de ir à mata e combater o mosquito.
A febre amarela silvestre é transmitida pelo mosquito Haemagogus e Sabethes, que pica o primata infectado. Para Barros, sua expansão deve-se pela migração do macaco infectado pela mata, além de condições climáticas e "várias outros fatores".
— Estamos absolutamente tranquilos (quanto ao combate). Temos muito menos casos e óbitos este ano. Temos mais pessoas em áreas de risco e menos casos. Isso prova que tivemos um acerto na ação preventiva para este episódio sazonal da febre amarela, que se repetirá em todos os anos — concluiu o ministro.