A indústria de equipamentos e artigos odontológicos estima crescimento de 6,7% em 2018, após passar dificuldades nos últimos dois anos. Para empresas do setor, melhora se deve ao consumo que ficou represado na crise e ao câmbio favorável às exportações.
“O ano de 2018 surpreendeu positivamente, com boa movimentação nos consultórios, que sempre impacta nas vendas. O ano de 2017 foi mais difícil e ocasionou uma busca que estava represada. Saúde bucal não é priorizada da mesma forma que remédios”, conta a gerente global de marketing da SIN Implantes, Thaisa Passos. De acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), o valor da produção industrial de instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e de artigos ópticos deve ter incremento em relação a 2017. “O ano passado foi o pior do setor, algumas empresas até saíram do mercado”, aponta Thaisa.
Ela conta que além da melhora do mercado interno, houve crescimento nas exportações. “O sul da Europa é um mercado forte para as exportações brasileiras: Espanha, Itália e França. Por esses fatores, realizamos investimentos de R$ 20 milhões de reais para aumentar nossa capacidade de produção, que passou de 900 mil para 1,5 milhão implantes por ano.”
A expectativa é de que a empresa tenha crescimento de até 3 dígitos em 2018. “Também esperados um 2019 positivo, mas ainda estamos conservadores. Não sabemos ainda exatamente qual será o cenário”, avalia Thaisa.
O CEO da Implacil De Bortoli, Aluizío Canto, destaca o enorme potencial do mercado de implantes dentários. “O número total estimado de pessoas que precisam de algum tipo de prótese no Brasil é de 50 milhões. Em 2017 esse mercado movimentou 1 milhão de pacientes. Existe demanda.”
De acordo com o executivo, de 2011 até hoje, o faturamento cresceu 3,5 vezes e deverá ultrapassar os R$ 45 milhões em 2018. “Nós temos investidos cerca de R$ 20 milhões nos últimos três anos, na expansão da produção e contratação de profissionais, o que permitiu esse crescimento.”
A previsão é de que 95% do volume produzido seja destinado para o mercado interno e o restante para o exterior. “Especialmente para Itália, Espanha, Colômbia, Uruguai, Chile e Peru”, destaca.
CâmbioO gerente de comércio exterior da Angelus, Sidarta Cypriano, conta que, embora a valorização cambial do dólar atrapalhe o processo de importação de matéria-prima, ajuda na exportação. “Acaba nos mantendo competitivos. Um câmbio baixo demais prejudica a competitividade de produtos brasileiros no mercado global.”
O gerente de marketing da Alliage, Francisco Rehder, avalia que o efeito cambial foi positivo nas receitas em real. “A grande barreira que limita o crescimento do mercado interno continua sendo a falta de disponibilidade de crédito e a alta taxa de juros. ”
O presidente da Abimo, Franco Pallamolla, destaca que os impactos da variação cambial na competitividade da indústria brasileira. “Entre janeiro de 2013 e abril de 2018, a taxa de câmbio variou quase 73%. A moeda americana saiu de algo próximo a R$ 2 por US$ 1, para chegar a cerca de R$ 3,45. Isso altera os custos de produção e a atratividade de produtos importados em relação aos feitos no Brasil.”
O dirigente afirma que o setor observa com otimismo moderado o ano de 2019. “O que se apresenta até o momento é uma expectativa de nova política e estamos aguardando as ações do novo governo. Continuaremos com o trabalho, que sempre se estabeleceu de forma ativa e ética, independentemente do governo instalado”, diz Pallamolla.