Pensando em uma maneira de deixar os alunos mais dispostos para as aulas de anatomia, a startup brasileira Csanmek criou uma tecnologia capaz de substituir a utilização de cadáveres nas aulas de Medicina humana e veterinária. As plataformas criadas pela empresa convertem ressonâncias magnéticas e tomografias em clones virtuais de três dimensões. “A intenção é fazer com que o aluno, ao interagir com a máquina, tenha a mesma carga de conhecimento da interação com um corpo real”, diz o fundador da Csanmek, Cláudio Santana.

A interação entre os alunos e a tecnologia é feita por meio de uma tela que exibe modelos tridimensionais, altamente detalhados, de todos os sistemas do corpo humano, para treinamento de cirurgias e dissecações. Os simuladores 3D criados pela startup têm um sistema de integração entre hospitais e salas de aula, e oferecem aos alunos a possibilidade de estudar casos clínicos e exames de pacientes reais. “Uma das vantagens é que diminui o impacto psicológico dos alunos de Medicina ao interagir com um corpo real durante a aula”, diz Santana.

A plataforma possui um conteúdo armazenado que contém algumas linhas de atlas anatômicos e fisiológicos, com mais de 5 mil estruturas anatômicas, incluindo todos os órgãos e sistemas do corpo masculino e feminino. De acordo com Santana, a Universidade de São Caetano do Sul (USCS), cliente da Csanmek, realizou uma pesquisa com os alunos de Medicina e constatou que, após a adesão às plataformas digitais, o rendimento dos alunos em aula aumentou cerca de 40%.

Segundo Santana, a maior vantagem da plataforma é a multidisciplinaridade, ou seja, ela pode ser usada em cursos de diversos segmentos da Medicina. “A nossa equipe não é formada somente por engenheiros e profissionais da computação, mas também por profissionais da saúde e educadores de anatomia humana e veterinária”, diz.

 

A startup oferece treinamento e capacitação aos professores que utilizarem o equipamento em aula e um aplicativo que os alunos podem baixar no smartphone para acompanhar as informações.

Evolução

A empresa começou em 2015, com Santana e o sócio como os únicos funcionários. Hoje eles têm um escritório próprio em São Paulo, com 20 funcionários.

O primeiro modelo do simulador de dissecação virtual foi lançado em 2015, com um investimento de R$ 500 mil. Santana conta que o faturamento naquele ano foi somente o suficiente para cobrir o investimento. Já no segundo ano o faturamento foi para R$ 2 milhões. Em 2017, com 50 cursos de Medicina usando os equipamentos da empresa, a cifra chegou a R$ 10 milhões, diz.

Para 2018, o empreendedor tem expectativas de faturamento altas. De acordo com ele, até a primeira quinzena de maio a empresa havia faturado R$ 6 milhões e a projeção é chegar aos R$ 20 milhões até dezembro.

Para manter a trajetória crescente, a Csanmek também aposta na internacionalização. Desde 2015, a empresa tem clientes em países como EUA, México, Peru e China. “Estivemos em uma feira tecnológica nos Estados Unidos no começo de janeiro e tivemos propostas de mais 12 países”, afirma.

Novidades

Além das plataformas digitais, a empresa também comercializa o que Santana denominou de recurso tecnológico integralizado. A tecnologia permite que, enquanto metade dos alunos da classe participa de uma simulação de cirurgias, a outra metade assiste a uma transmissão das imagens por meio de uma tela em outra sala. “A intenção é fazer com que os alunos aprendam com os erros e acertos dos colegas”, diz.

Mas a novidade da Csanmek para 2018 vai ser voltada para a Medicina veterinária. Com um investimento de aproximadamente R$ 150 mil, o novo simulador vai trazer a impressão de que os estudantes estão lidando com animais vivos, diz Santana.

A tecnologia vai simular movimentos cardíacos, reação a dores e estímulos, febre e outros comportamentos de um animal. Com o novo simulador será possível montar um cenário com opções de sintomas e características. Esse cenário, inclusive, permitirá que qualquer erro venha a causar o “óbito” do animal virtual.

O primeiro projeto já foi para avaliação em uma universidade do Rio Grande do Sul, conta o empreendedor. Se todas as avaliações forem positivas, a empresa pretende lançar o equipamento em agosto.

 

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