Mottin Neto, presidente do Grupo Dimed, causou polêmica após comentar renúncia do deputado.
A rede gaúcha de farmácias Panvel se viu em meio a uma polêmica nas redes socais, após uma manifestação do presidente do Grupo Dimed, Julio Mottin Neto, sobre a renúncia do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Em seu perfil pessoal no Twitter, Mottin Neto escreveu que Jean Wyllys "não vai fazer falta".
Na quinta-feira (24), o deputado anunciou que não assumirá o mandato na Câmara dos Deputados e que deixará a vida política após sofrer ameaças de morte.
A publicação repercutiu negativamente na internet. Os usuários criaram a hashtag "#panvelnaovaifazerfalta", em sinalização de boicote à rede de farmácias.
A Panvel, que é uma das marcas do Grupo Dimed, se manifestou na mesma rede social pedindo desculpas pelo caso.
"A Panvel, em nome do presidente do Grupo Dimed, pede desculpas por sua postagem feita ontem à noite em uma rede social. A empresa tem como uma importante premissa o respeito às pessoas e a suas decisões individuais", afirmou a rede de farmácias", postou a rede. Já o executivo desativou sua conta no site.
Além da Panvel, o Grupo Dimed é dono do Laboratório Lifar e tem capital aberto com ações listadas na B3. No site do grupo, um código de ética cita itens que são advertidos a colaboradores e até gestores.
A frase "Consciência é a bússola de um homem", atribuída a Vincent Van Gogh, abre a cartilha. Dentre os tópicos, um deles fala sobre posicionamento nas redes sociais: "ao publicar mensagens em sua página de qualquer rede social, evite conteúdos que contenham algum tipo de difamação, calúnia, injúria, assédio e discriminação. Não fale mal de clientes, concorrentes e colegas de trabalho ou da empresa. Essa atitude lhe expõe e você pode sofrer ações disciplinares".
Outro destaque no site cita ações para pessoas com deficiência. Em 2018, a empresa fez parte de campanha para arrecadar doações a refugiadas da Venezuela, na qual a Panvel apoiou com a campanha #genteajudandogente, indicando política de apoio a direitos humanos e sociais.
Jean Wyllys foi reeleito em 2018 para seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados e era reconhecido por defender bandeiras dos Direitos Humanos e da causa LGBT. Ao anunciar a renúncia, o deputado escreveu no Twitter que "preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores".
Wyllys relatou ser vítima de ameças de morte, que teriam aumentado após a morte da colega de partido e vereadora do Rio Marielle Franco, em março de 2018. Desde o assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes, o parlamentar andava em carros blindados e escoltado por seguranças.