O veganismo, movimento que preza pelo não-consumo de carne e de produtos derivados de animais, foi além da nutrição alimentar e fincou os pés na indústria da beleza. Os chamados cosméticos veganos são aqueles que, além de não carregarem em sua composição ingredientes de origem animal, também não testam os seus produtos em animais.
Ao lado da cosmética vegana, há também uma outra faceta sendo descoberta aos poucos, que é a dos produtos “cruelty-free” (em português “livre de crueldade”). Tais produtos não testam em animais, mas podem conter ativos de origem animal em suas fórmulas. Embora sejam diferentes, tanto os cosméticos veganos quanto os cosméticos “cruelty-free” têm ganhado espaço, devido à preocupação de seus usuários em não consumir produtos que causem impacto à vida animal.
Atualmente, algumas marcas de beleza estão fazendo a transição total de seus produtos com fórmulas de origem animal para as fórmulas de origem vegetal. Outras marcas, por sua vez, estão lançando linhas voltadas para fórmulas de origem vegetal, mas continuam mantendo algunsprodutos com ativos de origem animal. As marcas voltadas para a beleza capilar são as mais impactadas pelo pensamento vegano.
Ativos substituíveis
De acordo com a médica tricologista Roberta Moretti, ativos como a queratina, alantoína, aminoácidos e aminoácidos da seda, esqualeno e tutano de boi são extraídos de animais. “A queratina é extraída da pele, pena, juba e chifres de diferentes animais. A alantoína é o acido úrico de bovinos e outros animais. Aminoácidos são extraídos de qualquer tecido proteico animal, inclusive o próprio animal, como é o caso da seda”, coloca a médica. A tricologia é o ramo da medicina que trata os pêlos e cabelos.
O esqualeno é obtido por meio do óleo de fígado de tubarão e é muito usado em hidratantes e tintas de cabelo. Outro ativo animal muito popular é o tutano de boi, conhecido pelo poder de nutrição. Segundo a médica, cada um desses ativos animais tem os substitutos vegetais. “Queratina vegetal pode ser substituída por proteína de soja ou óleo de amla (uma fruta groselha indiana). A alantoína, pelo extrato de confrei. Os aminoácidos, pelas proteínas vegetais. O esqualeno, pelo azeite de oliva, e o tutano de boi, pelo óleo de coco”, declara Roberta.
De acordo com a tricologista, os ativos de origem vegetal possuem tantos benefícios quanto os de origem animal. “A questão é mais sobre a crueldade com os animais e todo o resíduo lançado no ambiente”, destaca ela. Alguns ativos de origem vegetal podem, porém, ser irritativos para a pele e o couro cabeludo. “Os extratos vegetais também podem causar irritações. Para minimizar o risco, deve-se usar extratos puros e de boa qualidade e procedência, para uma menor chance de causar alergias”, pondera.
Algumas marcas e linhas veganas
Grande parte dos produtos da Surya são veganos. Um deles é a máscara de laranja e andiroba.
A linha “So Pure”, da Keune, é feita com extratos vegetais elaborados por meio de fitoterapia e aromaterapia.
A Lola Cosmetics adaptou toda as suas fórmulas e hoje é considerada 100% vegana.
A Haskell não é uma marca vegana, mas elabora alguns shampoos e condicionadores de suas linhas sem ativos de origem animal, como os das linhas "Jaborandi" e "Mandioca".