Equivalentes capilares dos dermocosméticos tratam problemas como queda, afinamento e ressecamento excessivo dos fios.
Com a expansão do mercado de dermocosméticos na última década, os hairceuticals podem ser uma tendência para o mercado brasileiro de beleza e cuidados pessoais no próximo ano. A aposta é do analista global de cuidados com os cabelos da Mintel, Andrew McDougall.
Andrew McDougall, analista global de cuidados com os cabelos da Mintel
O nome hairceuticals vem da fusão das palavras ‘hair’ (cabelo) e ‘pharmaceutical’ (farmacêutico), indicando uma associação entre cosméticos e medicamentos. Com componentes naturais e medicinais, os produtos prometem combinar tecnologia de ponta e resultados de alta performance para combater problemas capilares como queda, afinamento e ressecamento dos fios.
McDougall destaca que embora o conceito dos hairceuticals tenha surgido recentemente, o apelo dos produtos com o público brasileiro se justificaria especialmente pela já existente popularidade das ampolas e os intensificadores de vitaminas para os cabelos. “Nossas pesquisas mostram que os brasileiros consomem várias vitaminas e suplementos, o que indica o potencial de público para estes produtos”, afirma ele. Nos salões de beleza, a presença cada vez mais frequente de tricologistas, profissionais que estudam e diagnosticam problemas nos fios e no couro cabeludo, também demonstra a aproximação do universo dos cosméticos com os cuidados médicos.
No mercado internacional, os hairceuticals já possuem uma fatia relevante do mercado. A Kérastase foi uma das pioneiras nesse segmento com o lançamento do Aminexil Force R na década de 1990, um programa de seis semanas para combater a queda dos cabelos. O tratamento concentrado para os fios e o couro cabeludo Initialiste e a linha Densifique, que promete restabelecer a densidade capilar e acelerar o crescimento de novos fios, são alguns dos lançamentos mais recentes da Kérastase na categoria. Seguindo uma abordagem mais natural, a Aveda apostou no Invati, que promete reduzir a quebra – e consequente queda – dos cabelos em até 33%.
No Brasil, a distribuição pode somar pontos a favor da tendência dos hairceuticals, destaca McDougall. “Inspiradas pelos EUA e pela Europa, cada vez mais farmácias e drogarias passam a vender produtos de beleza e cuidados pessoais, o que indica que a comercialização destes produtos pode aumentar”, ele afirma.
Para o consultor da Mintel, a incerteza econômica no país e as faixas de preço podem ser pontos delicados para a inserção dos produtos no mercado, mas os obstáculos serão superadas caso as marcas consigam convencer o consumidor dos benefícios para a saúde dos cabelos. No mercado de produtos para a pele, a eficácia cientificamente comprovada e a ênfase em ingredientes naturais são apelos valorizados pelos brasileiros, segundo ele. “Cerca de 37% dos brasileiros com renda mais elevada acredita que os dermocosméticos são eficazes”.
Mais conhecidos por aqui, os dermocosméticos também podem facilitar a adesão dos brasileiros aos hairceuticals, argumenta McDougall. “Um total de 59% dos brasileiros que usam a internet buscam ‘proteção solar’ na hora de comprar dermocosméticos, e dado o grande interesse por cabelos – no Brasil, é o segundo maior segmento na categoria beleza –, este segmento pode seguir o mesmo caminho”.
Os cuidados com os fios em relação à poluição também entram como atrativo, já que 37% dos consumidores brasileiros demonstraram preocupação com os efeitos dos poluentes. “Portanto, produtos que prometam tratar esse problema e ofereçam proteção solar e atributos antienvelhecimento podem ter um bom apelo no país”, conclui.
O envelhecimento da população e a consequente preocupação com os sinais da idade têm impulsionado uma série de produtos para os cabelos, segundo o Euromonitor. A consultoria internacional não avalia especificamente o mercado de hairceuticals, mas monitora o segmento de produtos para a queda dos cabelos e xampus medicinais, recomendados para psoríase, seborreia e caspa aguda. Entre 2010 e 2015, o mercado de xampus medicinais avançou 37,9% no valor de varejo no Brasil.