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Fluconazol combate fungos, mas automedicação pode piorar doenças

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O fluconazol é indicado no combate aos fungos e foi a primeira medicação antifúngica que pôde ser administrada tanto pela via oral como intravenosa.

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Trata-se de um antifúngico da família dos compostos triazois, e um dos agentes mais utilizados para o combate de fungos.

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Devido às suas características, ele deve ser comercializado com a apresentação da receita médica.

Dada a utilização desse fármaco desde a década de 1990, seus efeitos são bastante conhecidos. Contudo, é importante que você faça o uso racional desse remédio, ou seja, utilize-o de forma apropriada, na dose certa e por tempo adequado, conforme orientação médica ou do farmacêutico.

A medicação pode ser indicada para o tratamento e prevenção de infecções fúngicas causadas pelos fungos Cryptococcus neoformans e membros do gênero Candida, relacionados às seguintes condições:

  • Candidíase vaginal
  • Balanite (infecção por Candida na parte superior do pênis)
  • Dermatomicoses (micoses de pele, unha, do corpo etc.)
  • Infecções da meninge, pulmões e pele em imunodeprimidos (pessoas que vivem com HIV, transplantados etc.)
  • Infecções por Candida sistêmicas (no corpo todo), nas mucosas (membranas que recobrem a pele, imunodeprimidos, pacientes em UTI ou em tratamento de câncer)

Recente estudo publicado pela revista médica Clinical Infectious Diseases concluiu que o fluconazol é mais efetivo do que outros medicamentos da sua classe no tratamento de tecidos moles (vasos sanguíneos, músculos, membranas que revestem as articulações etc.), assim como infecções pulmonares, principalmente quando elas decorrem de coccidioidomicose.

O dermatologista Marco Tulio fala que pacientes internados por covid-19 têm risco aumentado para infecções fúngicas. “Isso se dá, principalmente, entre os que passam longo período acamados e estejam usando medicações com efeito imunossupressor, como os corticoides, cujas ações alteram a defesa do corpo (imunidade), deixando-o expostos aos fungos, especialmente os do gênero Candida.”

Ao ser administrado pela via oral, o fluconazol é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal e distribuído por todos os fluídos e a pele. Após ser metabolizado pelo fígado, ele é excretado pela via renal.

Para alcançar seu objetivo, o fármaco inibe a reprodução do fungo. “Os microrganismos, em geral, têm uma membrana que os protegem do meio externo. O fluconazol inibe a síntese dessa membrana biológica, promovendo uma desorganização chamada de lise celular. O resultado é uma literal explosão que faz com que o fungo não consiga se reproduzir”, explica Adriano Cesar de Morais Baroni, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UFMS.

Zoltec® é a marca de referência do fluconazol. Mas você pode encontrar as versões genéricas.

A medicação consta da Rename 2020 (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), por isso ela tem distribuição gratuita em todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Para ter acesso a ela, basta apresentar a receita médica.

Confira algumas apresentações e doses disponíveis:

  • Cápsula – 100/150 mg
  • Suspensão Oral – 10 mg
  • Solução injetável – 2 mg

O esquema de doses é sempre personalizado. Evite aumentá-las, reduzi-las ou mesmo automedicar-se durante uma crise sem orientação do seu médico.

Na maioria das vezes, o uso desse medicamento se dá por breve tempo. Eventualmente ele poderá ter indicação de uso crônico, o que significa que os médicos precisam estar atentos à toxicidade por meio do monitoramento das funções renais e hepáticas de seus pacientes. Caso seja necessário, as doses deverão ser ajustadas.

O farmacêutico e bioquímico Marcos Machado, presidente do CRF-SP, alerta para o uso indiscriminado e a automedicação facilitada pela apresentação de dose única. Ele se refere ao fato de que já preocupa o crescimento da resistência de algumas espécies de Candida (Candida auris, Candida glabrata e Candida parapsilosis) ao fluconazol.

“O cuidado deve ser ainda maior entre pessoas imunocomprometidas, já que existem poucas opções de tratamento para cepas resistentes, o que dificulta o combate de novas gerações de fungos e ainda exige a utilização de fármacos mais potentes”, acrescenta o especialista.

A ginecologista e obstetra Aline Duarte Maranhão, coordenadora da Emergência Obstétrica do Hospital das Clínicas da UFPE, destaca como vantagem do fluconazol o esquema de dose única que facilita a adesão ao tratamento, o que também garante boa eficácia, além de ter impacto positivo na qualidade de vida das mulheres, já que não se trata de uma medicação de uso tópico como cremes ou pomadas.

Como desvantagem, Maranhão aponta o fácil acesso à medicação. “Como nenhum antifúngico é controlado, a automedicação é disseminada. O risco é o uso equivocado nos casos em que não se trate de uma infecção por fungos, ou mesmo por pessoas que tenham alguma doença, cujo quadro poderia ser agravado pelos efeitos desse tipo de fármaco.”

O remédio não pode ser usado por pessoas que sejam alérgicas (ou tenham conhecimento de que alguém da família tenham tido reação semelhante) ao seu princípio ativo ou a qualquer outro componente de sua fórmula.

Fique também atento na presença das seguintes condições, que deverão ser noticiadas ao médico ou farmacêutico antes do início do uso do medicamento:

  • Disfunções renais ou hepáticas
  • Problemas cardíacos
  • HIV
  • Gravidez
  • Amamentação
  • Níveis baixos de sódio, cálcio, magnésio ou potássio no sangue
  • Casos hereditários de intolerância à lactose ou açúcar
  • Menores de 18 anos (dose única)
  • Maiores de 60 anos (dose única)

Sim. No entanto, alguns critérios devem ser adotados. Para menores de 18 anos, o uso da dose única de fluconazol não é recomendada, o mesmo ocorrendo para maiores de 60 anos. A exceção é que essa indicação ocorra sob a estrita supervisão médica.

Entre os idosos, há que se ter ainda o cuidado com a avaliação prévia de algum comprometimento do rim ou do fígado, situações nas quais as doses devem ser ajustadas. Além disso, é preciso ter atenção à polifarmácia, que é o uso de vários medicamentos ao mesmo tempo. A ideia é evitar interações medicamentosas.

Não existem estudos científicos que garantam a segurança do uso desse medicamento na gestação. Assim, o medicamento é contraindicado para gestantes nas primeiras 12 semanas de gravidez, pois há registro de casos de anomalias congênitas para o feto. O risco parece se relacionar a doses altas.

No entanto, é essencial informar seu médico sobre a gestação para que ele possa avaliar os riscos e benefícios do tratamento com o fármaco. O mesmo se aplica à amamentação.

A orientação é que ele seja ingerido inteiro com água, antes ou após a alimentação. O comprimido não deve ser partido.

Não. O importante é que o fluconazol seja administrado na forma indicada pelo seu médico.

Aguarde o horário da próxima dose, e tome o remédio normalmente, conforme orientação médica e do farmacêutico. É desaconselhado tomar doses em dobro de uma vez para compensar a dose que foi esquecida. Se você sempre se esquece de tomar seus remédios, use algum tipo de alarme para lembrar-se.

Este medicamento é considerado bem tolerado, seguro e eficaz quando usado em doses adequadas. Apesar disso, os efeitos colaterais mais comuns são gastrointestinais e podem incluir (e não se limitar) a náusea, dor abdominal, vômito e diarreia -especialmente em crianças.

Algumas pessoas poderão observar algumas das seguintes manifestações:

Reações menos comuns

  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Azia
  • Insônia
  • Alterações de sabor
  • Sonolência
  • Convulsões
  • Flatulência
  • Boca seca

O fluconazol pode causar outros efeitos colaterais. Fale com o médico ou farmacêutico caso observe algum sintoma que não lhe é comum durante o uso desse medicamento.

Algumas medicações não combinam com o fluconazol. E quando isso acontece, elas podem alterar ou reduzir seu efeito. Avise o médico, o farmacêutico ou dentista, caso esteja fazendo uso (ou tenha feito uso recentemente) das substâncias abaixo descritas, que são apenas alguns exemplos dessas possíveis interações. Confira:

  • Antibiótico (eritromicina, rifampicina)
  • Anticoagulante (varfarina)
  • Anti-hipertensivo (losartana)
  • Anticonvulsivante (carbamazepina)
  • Anti-inflamatórios não esteroidais (ibuprofeno)
  • Antiepilético (fenitoína)
  • Redutores do colesterol (estatinas)
  • Bloqueadores do canal de cálcio (amlopidina)
  • Diuréticos (hidroclorotiazida)
  • Sulfonilureias (glipizida)

Até o momento não existem evidências de interações com fitoterápicos, suplementos e vitaminas, exceção feita à vitamina A. Há relatos de interação que resultou em efeitos indesejados no Sistema Nervoso Central, que teria desaparecido após a descontinuação do uso do fluconazol. Assim, é importante informar o médico ou o farmacêutico sobre o eventual uso desse item.

O uso de álcool deve ser evitado, especialmente quando o medicamento tem uso crônico. A preocupação é que ele sobrecarregue ainda mais o fígado, potencializando o risco de toxicidade.

Caso sejam solicitados exames para análise das funções hepáticas como o AST, ALT e a bilirrubina, bem como enzimas (fosfatase alcalina), informe o laboratório sobre o uso do fluconazol para que eles se atentem a possíveis interações.

Em casa, coloque em prática as seguintes dicas:

O Ministério da Saúde mantém uma cartilha (em pdf) para o Uso Racional de Medicamentos, mas você pode complementar a leitura com a Cartilha do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos – Fiocruz) (em pdf) ou do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (também em pdf). Quanto mais você se educa em saúde, menos riscos você corre.

Fontes: Adriano Cesar de Morais Baroni, professor da disciplina de química farmacêutica medicinal da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul); Aline Duarte Maranhão, médica ginecologista e obstetra do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), unidade vinculada à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), e coordenadora da emergência obstétrica da mesma instituição; Amouni Mourad, farmacêutica, professora do curso de farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP) e assessora técnica do CRF-SP; Marco Tulio, dermatologista do HUWC-UFC (Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará), que integra a Rede Ebserh; Marcos Machado, presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia em São Paulo), farmacêutico e bioquímico especialista em análises clínicas. Revisão técnica: Amouni Mourad.

Fonte: Viva Bem

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