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Ministério da Saúde decide respeitar o intervalo de 21 dias entre as duas doses da Pfizer, como recomenda a bula da vacina

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O Ministério da Saúde diminuirá para 21 dias o intervalo entre as doses da vacina da Pfizer, em uma tentativa de conter a disseminação da variante Delta, considerada mais transmissível – atualmente, a espera recomendada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é de 12 semanas, apesar de a bula do imunizante indicar três semanas. A informação foi dada nesta segunda-feira (26) pelo secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz. Detalhes como a data da mudança, o cronograma de abastecimento e a forma como será feita a antecipação ainda estão sendo avaliados em conjunto com a fabricante, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). A decisão final deverá ser anunciada pelo governo federal ainda nesta semana.

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– Precisamos verificar o cenário de abastecimento, porque a Câmara Técnica já sinalizou que é interessante avançar a imunização em primeira dose e, só então, reduziremos o prazo para completar a imunização – afirmou Cruz, que garantiu: – A gente só está estudando para ver qual o melhor ‘timing’ disso, mas que vai diminuir, vai

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Depois, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que é possível diminuir o intervalo por causa do maior abastecimento da Pfizer. As vacinas deste fabricante começaram a ser utilizadas no Brasil há quase três meses, no início de maio.

– O grupo técnico do PNI opinou por fazer um espaço (entre as duas doses) mais alargado (de 12 semanas) naquele primeiro momento porque queríamos avançar na primeira dose. Mas, como as vacinas da Pfizer estão chegando agora num volume maior, é possível mudar essa estratégia. Nós já fizemos várias análises e, com as entregas que temos, é possível voltar para o prazo que está na bula – disse Queiroga

Segundo o ministro, não há planos para a adoção da mesma estratégia com a vacina da AstraZeneca/Oxford, que atualmente também é aplicada com um intervalo de 12 semanas. A bula do imunizante, que no Brasil é produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estipula que ‘a segunda injeção pode ser administrada entre quatro e 12 semanas após a primeira’.

– Reduzir isso aí (o intervalo da AstraZeneca)… Não há uma segurança de evidência científica de que isso trará maior eficácia nesse esquema vacinal. Na medida em que surjam estudos que ratifiquem que ou encurtar ou prolongar pode ser mais efetivo para o nosso Programa Nacional de Imunizações, modificações podem ser feitas – completou o ministro.

No início do mês, o governo do Rio autorizou que os municípios do estado reduzissem o intervalo da AstraZeneca para oito semanas. Na ocasião, a Fiocruz emitiu uma nota técnica contrária à antecipação, alegando que a vacina tem maior eficácia quando o esquema vacinal é feito no prazo de 12 semanas. A maioria das cidades fluminenses não aderiu à mudança e manteve a aplicação da dose de reforço deste imunizante no intervalo utilizado desde o início da campanha.

A proteção contra a cepa Delta, que já tem transmissão comunitária nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, é baixa com uma única dose da Pfizer ou da AstraZeneca: 10%, segundo estudo do Instituto Pasteur, da França. A taxa sobe para 95% quando o esquema vacinal está completo.

Um novo estudo da Universidade de Oxford realizado com 503 profissionais de saúde mostrou que o intervalo ideal entre as duas doses da vacina da Pfizer é de oito semanas. A pesquisa analisou a resposta imunológica ao imunizante variando de um intervalo de dosagem de três, como é recomendado na bula aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, a 10 semanas. Segundo Susanna Dunachie, a principal pesquisadora do estudo, ‘oito semanas é provavelmente o ponto ideal’ para a segunda dose, para conseguir o equilíbrio entre obter o máximo de pessoas totalmente vacinadas o mais rapidamente possível e com os níveis mais elevados de anticorpos. No Reino Unido, era utilizado o intervalo de 12 semanas, mas foi reduzido para oito. A Pfizer, no entanto, afirma não garantir a eficácia em intervalos diferentes do que é indicado por ela na bula.

O médico infectologista e presidente do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, é membro da Câmara Técnica do ministério e afirma que o momento para alterar o intervalo ainda é incerto. Segundo ele, o assunto é retomado a cada reunião semanal, para monitorar dados que indiquem as melhores estratégias a serem adotadas. Nessa matemática, os especialistas avaliam o número de vacinados, o avanço da variante Delta, a quantidade de vacinas que serão entregues e os últimos estudos científicos.

– Até hoje, a opção frente aos dados que temos é manter o intervalo máximo possível. A recomendação continua essa. Se terminamos o esquema vacinal mais rápido, deixamos de começar com alguém. Hoje não tem vacina suficiente para as duas coisas. Além disso, independentemente de termos doses suficientes ou não, temos dados que mostram que intervalos maiores podem ser até melhor para proteção. Ainda precisamos discutir melhor isso – afirma Kfouri.

O infectologista acrescenta que dados de ‘mundo real’ – ou seja, na prática, não em testes clínicos – no Canadá e no Reino Unido têm mostrado boa proteção da primeira dose da Pfizer contra a Delta.

Fonte: Extra online

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