Carros autônomos e híbridos, smartphones que são verdadeiros supercomputadores, casas automatizadas em condomínios autossustentáveis, são apenas alguns poucos exemplos dos avanços tecnológicos que se incorporam, cada vez mais, ao nosso dia a dia e é melhor nos prepararmos, porque a evolução tecnológica não tem freios e o limite de velocidade permitido parece ainda estar longe de ser atingido!

Talvez nem todo mundo consiga fazer uma relação direta entre estes avanços e o seu consequente impacto no ser humano, nos nossos reflexos, atitudes e condutas. Muita gente percebe as mudanças pelas quais a humanidade vem passando, mas não as ligam imediatamente a questão das tecnologias disponíveis no momento em que elas estão ocorrendo. Não vamos nos ater aqui na discussão do dilema de Tostines neste caso e procurar saber se a tecnologia muda porque o homem evolui ou o homem muda porque a tecnologia evolui. Por hora, nos importa é saber que existe uma relação de interdependência e colocar uma pimentinha dizendo que com a inteligência artificial, esta relação direta pode não ser mais tão importante!

Voltando ao lado humano dentro das organizações, uma nova geração de pessoas está, cada vez mais, se tornando presente no mercado de trabalho. Pessoas que não se pautam por questões muito comuns na visão de sucesso pessoal dentro das empresas tradicionais e isto pode gerar uma verdadeira revolução sim!

Atualmente, a grande maioria das pessoas que ocupam cargo de liderança já sofre com os valores da vanguarda deste novo tipo de colaborador, por assim dizer. Tenho grandes amigos que reclamam da falta de objetivos, da não valorização da empresa, de uma suposta falta de motivação e de compromisso desta molecada, repetindo aquele velho mantra, no início de toda e qualquer conversa: “...no meu tempo...”

Sejamos honestos, este choque de gerações não é algo inédito dentro do mundo corporativo, mas de uma maneira geral, ele era mais suave e os embates reais se davam em um intervalo de tempo maior, ou seja, o líder não enfrentava um choque de pensamentos logo ao assumir o cargo e sim, ao longo de um período mais extenso, reforçado mais pelo aspecto da diferença de idade entre líder e liderados do que outros fatores culturais mais importantes.

E para o bem da verdade a maioria das grandes empresas, apesar de possuírem um bom discurso, na prática, nunca se preocuparam muito em ajudar os líderes no enfrentamento destes conflitos, por diversas razões, é claro. Fato é que a resolução ou abrandamento desta situação, sempre foi visto, até por nós mesmos, muito mais como uma habilidade pessoal pra enfrentamento de problemas do que um valor corporativo. Para ser justo, temos uma parcela importante de responsabilidade por esta ausência do suporte das empresas: muitas vezes achamos que reconhecer um problema para a empresa. era um sinal de fraqueza e fraqueza e liderança são coisas inadmissíveis de se conviver em paz. Muito da nossa crença sobre liderança nos levou a idealizar um super-homem, capaz de resolver qualquer problema e atuar em todas as situações.

Por outro lado, sei que muitos que estão lendo este artigo, vão falar que esta não é a situação que presenciam na empresa em que trabalham, que lá se tem um RH com políticas para os gestores e que a liderança vem passando por um processo grande de mudanças nas últimas décadas e que já se fala há tempos sobre a liderança situacional. Meus amigos, sei disto, mas não estou aqui falando sobre o mundo ideal, nem aquele faz de conta das reuniões! Falo do mundo real, de empresas de diferentes tamanhos, nacionalidades e principalmente, do ser humano, suas fraquezas e suas aspirações. Faço um convite, puxe pela sua memória e reflita: Quão preparado você foi ou está sendo, pela sua empresa, a enfrentar e superar os desafios de liderança atuais, principamente os decorrentes dos valores e da visão de mundo que esta nova geração tem? Quão abertamente se discute na reuniões gerenciais na sua empresa, o modelo de negócios que ela implementa x atração e retenção de talentos? Ou estes temas são discutidos em reuniões diferentes? Na prática, quantas vezes você viu o modelo de liderança situacional ser usado na sua empresa? Pelo corpo diretivo e/ou pelo corpo gerencial? Lembrando que liderança situacional é algo bem mais profundo do que delegação de tarefas. Estas reflexões com certeza nos levam ao encontro de fatos e exemplos que se colocam bem diferentes daqueles idealizados ou colocados em PowerPoints para reuniões com VP's.

Para finalizarmos, por enquanto, este assunto, claramente temos a certeza de que o tempo passa mais rápido, não só para a tecnologia, mas também para as pessoas. E é comum termos estes choques de gerações de maneira mais intensa e desgastante para líderes e organizações. Isto nos obriga a pensar sobre liderança e em como tornar as empresas atuais em um lugar interessante e motivador para esta e as futuras gerações que estão por vir? E por quanto tempo conseguiremos isto? Será que as empresas atuais existirão no futuro? Será que teremos estruturas organizacionais parecidas com as atuais?

Boas reflexões! Até nosso próximo artigo.