Com inteligência artificial e genômica, medicina brasileira passa por transformação

Publicado em 19/07/2018
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Esqueça por um instante o bisturi, o estetoscópio, o termômetro e o medidor de pressão. A ferramenta que tem transformado a rotina dos médicos brasileiros é outra.

A inteligência artificial.

Bancos de dados gigantes que cruzam resultados de exames oferecem remédios mais adequados, ajudam a personalizar tratamentos e auxiliam na medicina genômica com o mapeamento de DNA. Um mercado, aliás, que tem potencial para movimentar meio bilhão de reais no Brasil nas contas do grupo Fleury. O laboratório já tem usado a ferramenta IBM Watson para ajudar no diagnóstico do câncer. A tecnologia chegou à América Latina há um ano, trazida pelo Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.
No Fleury, os exames de diagnóstico do câncer que usam a genômica custam de R$ 5 a 8 mil e avaliam alterações em até 366 genes, como explica a cardiologista Jeane Tsutsui, que dirige os negócios do laboratório.

"Você tem um benefício econômico porque você evita um tratamento ou você direciona um tratamento que é mais adequado pra aquele indivíduo, então você evita um tempo de tratamento que o paciente não responderia e existe um benefício também para o indivíduo, de ele ser tratamento precocemente, aumentar as chances dele de ser curado e também evitar efeitos colaterais de, por exemplo, uma quimioterapia não necessária", diz ela.

O radiologista Bernardo Bizzo está na Universidade de Harvard desde 2015, enviado pelo grupo DASA de laboratórios brasileiros. Lá, eles estão criando um algoritmo que vai ajudar pacientes com vários problemas: de câncer de próstata a esclerose múltipla. Para isso, estão colocando, no banco de dados inteligente, 100 mil imagens de ressonâncias magnéticas que, em dois anos, devem ser combinadas com resultados de biópsias e mapas genéticos.

"Há muito desperdício de tempo em tarefas muitas vezes repetitivas que não usam todo o conhecimento médico que foi adquirido durante a formação. Então a ideia é conseguir direcionar exames de alta complexidade para radiologistas especialistas na área que está sendo examinada de forma a reduzir o tempo necessário pra leitura daquele exame, pra ter um resultado, e poder beneficiar o paciente com um exame direcionado para um especialista", diz ele.

Em maio, o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, fechou um acordo com a empresa de tecnologia Siemens. A empresa investe em inteligência artificial desde o início dos anos 1990 e agora prevê que, em até dez anos, os aparelhos com esse sistema representem 30% do faturamento da divisão de saúde da companhia.

Com a inteligência artificial, eles avaliam exames de imagem à procura de nódulos pulmonares com 95% de chances de acertar. O trabalho é acompanhado pelas universidades da Califórnia e de Chicago. O diretor de serviços digitais, Robson Miguel, diz que daqui a dois anos, depois de testada, a tecnologia deve ficar mais acessível e mais barata.

"A proposta realmente é atingir a cadeia de saúde como um todo. Seja o público ou o privado, clínicas de grande porte, hospitais, hospitais universitários... A ideia de a gente estar fazendo um trabalho com um, dois ou três hospitais é muito mais no sentido de validar clinicamente se aquilo realmente tem um efeito prático e isso tendo um efeito prático ele passa a ser um produto de escala e oferecer isso pra toda a população e não apenas para aqueles que têm acesso aos melhores planos de saúde, aos melhores hospitais", diz ele.

Para que os procedimentos de genômica e inteligência artificial sejam cobertos por planos de saúde, eles devem entrar no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Para serem realizados pelo SUS, eles precisam do aval do Ministério da Saúde.

 

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