Estamos vivendo um período de grande aceleração do uso da tecnologia. Basta observar o nosso cotidiano para descobrirmos como as ferramentas e recursos tecnológicos estão revolucionando nossa vida. Fazemos compras sem sair de casa, realizamos transações bancárias com poucos cliques, pedimos serviço de táxi ou comida pelo aplicativo, robôs e impressoras 3D já substituem trabalhos manuais, fazemos chamadas de vídeo para pessoas que estão distantes de nós milhares de quilômetros e, até, trabalhamos – o chamado home office.

E não são poucos os especialistas que preconizam que o que viveremos em uma década é muito superior ao que vivemos no último século.

Recentemente, durante uma “palestra” no HR.Rocks! Remote Conference 2018, a Adriana Cambiaghi, diretora executiva da Cia de Talentos, trouxe uma informação que me deixou impactada. Ela disse:

 

 “O total de avanços tecnológicos ocorridos durante todo o ano 2000, ocorreu a cada 1 hora e 6 minutos em 2013 e ocorrerá a cada 30 segundos em 2020”.

 

No mundo corporativo essa realidade não é diferente. Estima-se que:

  • ·         47% dos empregos serão automatizados nos próximos 10 anos (segundo um estudo da Oxford University’s ‘The Future of Employment: How Susceptible Are Jobs to Computerisation?,’ escrito pelo doutor Michael A. Osborne, do Department of Engineering Science and Dr Carl Benedikt Frey)
  • ·         65% das crianças que entram na escola primária hoje acabarão atuando em trabalhos completamente novos (segundo o grupo de estudo “Future for Jobs”, no World Economic Forum, de Davos)
  • ·         40% dos postos de trabalho tal como existem hoje deixarão de existir até metade deste século (segundo dados da ONU)
  • ·         7 milhões de vagas devem ser extintas até 2020 (segundo o relatório Futuro do Trabalho, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial)

Diante de tantas mudanças é preciso criar (ou desenvolver) um novo mindset, o chamado mindset digital, que vai muito além da tecnologia por si só. Segundo Sandra Regina da Silva, num post de 05/06/2017 na HSM Expecience

 

“Tão ou mais importante do que adquirir as tecnologias para a transformação digital é reconfigurar a mentalidade das pessoas.”

 

Eis aqui um grande desafio.

O fato é que os skills que nos trouxeram até aqui não serão suficientes para nos levar adiante.

Diante de tudo isso, é inegável que a transformação digital tem provocado mudanças na vida das pessoas e no ambiente organizacional, inclusive Recursos Humanos. Os profissionais desta área estão experenciando uma atuação pautada em análise de dados (a exemplo do que já acontece em outras áreas de negócios). São muitas as iniciativas, mas aqui gostaria de me ater a (r)evolução tecnológica pela qual está passando a área de Atração de Talentos. É uma nova maneira de se recrutar e selecionar candidatos e neste novo cenário ganhou um papel ainda mais importante. 

 

Segundo Laszlo Bock, ex vice-presidente de Operações de Equipes do Google

 

“Dentro de gestão de pessoas, contratação é um dos itens mais importantes porque a qualidade do processo seletivo pode significar o crescimento ou morte do seu negócio, uma vez que os negócios são feitos de pessoas.”

 

A (r)evolução pela qual passa a área de Recrutamento e Seleção está alicerçada em People Analytics e Inteligência Artificial, termos que ouvimos cada vez com mais frequência.

E este é o foco de empresas como LinkedIn, Gupy, Kenoby e JobCoach, que trazem em suas plataformas tecnologias e soluções inovadoras.

Abaixo, apresento algumas soluções digitais que tem revolucionado os processos seletivos:

 ·         ATS: sigla inglesa para Applicant Tracking System. Nada mais é do que sistemas/plataformas utilizadas pelas organizações para controlar todo o processo de atração e seleção de pessoas. Com ele pode-se publicar vagas, gerenciar candidatos, centralizar análises de indicadores e controlar todas as etapas do processo.

·         Vídeo Entrevista: pode ser em um sistema com perguntas pré-gravadas ou pode ser uma entrevista em vídeo com gestores e/ou RHs em tempo real.

·       Chatboots: automatização do atendimento aos candidatos com o uso de inteligência artificial (atendimento feito por robôs).

·   Reconhecimento facial na vídeo entrevista: identificação das emoções dos candidatos enquanto eles respondem às perguntas preparadas pelo recrutados com o uso de inteligência artificial.

·     Mapeamento de perfil comportamental: softwares que processam e geram informações muito mais precisas sobre cada colaborador, o que ajuda não apenas nos processos de recrutamento e seleção, mas também na gestão da equipe.

  • ·         Avaliação de valores pessoais: avalia congruência entre valores pessoais e organizacionais.
  • ·         Testes online: raciocínio lógico, técnicos (conhecimentos específicos), idioma entre outros.
  • ·         Gamificação: utilização de jogos digitais para avaliar conhecimentos dos candidatos, simular vivências semelhantes à realidade do colaborador etc.
  • ·         Match cultural: avalia fit cultural e melhor adaptação à cultura de determinada empresa.
  • ·         Oportunidade 100% mobile.
  • ·         Visão Computacional: extração de significado de imagens, incluindo pessoas/rostos.

Diante de tantas inovações e num mundo cada vez mais conectado, nós (profissionais de Recursos Humanos, sobretudo de Recrutamento e Seleção) não temos como ignorar esta (r)evolução.

 

Somos impelido a melhorar a experiência do candidato (a exemplo do que aconteceu com o consumidor). E esta experiência passa, a meu ver, necessariamente pelo ‘digital’. People Analytics e Inteligência Artificial, são portanto, nossos aliados, ainda que estejamos aprendendo a usar estas tecnologias à nosso favor.

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